Eu só estou cansada

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Marcela puxa Gizelly pela cintura a fim de que seus corpos fiquem mais próximos. Gizelly não demonstra nenhum sinal de reprovação, somente aceita e se aproxima da garota. Marcela novamente encosta seus lábios nos de Gizelly, suavemente e com cautela. Ela toca com a língua os lábios semiabertos de Gizelly, que não hesita em fazer o mesmo. Gizelly, que tinha suas mãos depositadas nos braços de Marcela, agora as subia delicadamente. Com uma, a morena segurava o pescoço da loira e com a outra acariciava vagarosamente seu rosto. Marcela então decide tocar Gizelly mais profundamente. Ela desce uma das mãos que estava na cintura da morena, até sua bunda, e aperta delicadamente mas com firmeza.

O corpo das duas, que outrora estava frio e trêmulo por conta da água gelada, agora estava quente. O arrepio de frio, que Marcela sentia antes, agora era um arrepio de desejo misturado com tesão. O coração das duas estava acelerado e batiam juntos em sincronia. A respiração estava ofegante por causa do beijo, precisavam se separar, mas nenhuma delas queria quebrar o contato.

Marcela estava confusa. O efeito da bebida ainda estava sob seu corpo, ainda não entendia o porquê de ter feito aquilo, mas agora que começou não queria parar. Talvez porque Gizelly estivesse perto demais, ou porque o clima tenso proporcionou aquilo. Ou talvez, porque ela realmente queria. 

Marcela começa a aprofundar ainda mais seus toques sobre o corpo de Gizelly. A loira agora foi virando Gizelly aos poucos, encostando o corpo da morena contra a parede gelada do banheiro. Ela entrelaça seus dedos nos dedos das mãos da garota e as segura com um pouco mais de firmeza. Seus beijos agora, migravam vagarosamente para o pescoço de Gizelly deixando pequenas marcas.

- Má...- Gizelly disse como que em um gemido. 

Os olhos de Gizelly estavam fechados e sua respiração ofegante. Marcela entendeu aquilo como um passe livre para ela continuar o que tinha começado. Ela não parou. Continuou pressionando o corpo de Gizelly contra a parede e cada vez mais, apertava suas mãos.

- Marcela! - a garota diz em um tom um pouco mais alto.

Marcela ignora. Gizelly já estava desconfortável demais com aquilo. A loira, sem saber, estava a repetir os mesmos passos que Dante havia dado e aquilo assustava a morena. 

- Marcela... Para... - a voz de Gizelly agora estava trêmula.

Marcela não entende o que aconteceu. Gizelly atravessa o box. Suas mãos tremiam e ela sentia um enjoo incontrolável. Ela pega uma toalha, enrola em seu corpo e sai do banheiro batendo a porta com tudo. Marcela continua imóvel. Estava se perguntando o que tinha feito de errado. Ela termina o banho, com uma enorme preocupação e fica mais alguns minutos no banheiro. Quando ela sai, já vestida, percebe que Gizelly está deitada em sua cama, de costas para ela. Ela se aproxima, cautelosamente.

- Gi... - ela fala em um tom baixo - Me perdoa?

Gizelly a olha e Marcela percebe que a morena estava com os olhos avermelhados. Com certeza ela estava chorando, mas por que?

- Tá tudo bem. - Gizelly responde carinhosamente.

- Você quer conversar sobre isso? - a loira diz em um tom amigável.

- Marcela, eu só... - ela respira fundo - Eu só estou cansada... Vamos dormir?

- Claro!

As duas iriam dormir na cama de casal de Gizelly. Era uma cama realmente muito grande com espaço de sobra para as duas, a morena se deita de um lado, virando-se de costas para Marcela. A loira logo entende o recado e também se deita de costas. As duas demoram um pouco pra pegar no sono, já que seus pensamentos não as deixavam em paz.

Gizelly ainda estava muito frágil. Depois do que houve com Dante ela tinha medo do rapaz tentar novamente alguma coisa, ou até mesmo forçá-la. A morena gostou do beijo. Mas ela achava que não tinha sido recíproco. Marcela ainda estava bêbada, magoada, triste. Ela somente aproveitou a deixa. Gizelly cuidando dela, as duas se atrapalham, um clima aparece e logo depois o beijo. Bem clichê. Bem filme romântico mesmo. Mas a vida não era assim. Gizelly sabia disso. Ela também sabia (ou ao menos achava) que quando acordassem, Marcela nem se lembraria do que houve na noite passada depois de ter bebido todas. Bicalho estava cansada. Da festa, da vida, do relacionamento, da mentira, da obrigação de esconder quem ela realmente era de sua família, da igreja, de Dante, daquele beijo... De tudo! Ela sempre sentiu uma exaustão muito grande por conta de tudo o que sentia. Ela sabia o que ela era. Sabia o que queria. Mas tinha medo, porque se ela se atrevesse a contar para alguém, algo realmente muito ruim iria acontecer. 

Já Marcela se sentia um pouco mais leve. Ela finalmente disse a verdade para a amiga e sentiu como se um peso de meia tonelada tivesse sido tirado de seus ombros. Mas aquele beijo não saia de sua mente. Ela ainda não sabia o porquê de ter feito aquilo. Era como se a boca de Gizelly fosse um metal, e a de Marcela um grande e poderoso imã. Tudo estava muito intenso. Marcela nunca tinha tocado uma mulher daquela maneira. Na verdade, ela nunca havia tocado ninguém daquela maneira. Depois de toda aquela intensidade, Marcela sente que precisava de mais. Ela bem que gostaria de agarrar Gizelly naquela cama naquele mesmo instante e fazer sabe-se lá Deus o que, mas algo dizia que tinha alguma coisa errada com sua amiga. Será que ela não havia gostado do beijo? Ou será que o toque foi intenso demais? O que ela fez de tão errado que deixou a morena tão triste e chateada? Marcela decidiu ignorar todas as perguntas que somente Gizelly poderia responder e aquele sentimento de "quero mais" que estava batendo forte em seu peito, e acabou dormindo. 

As duas garotas só queriam que aquele dia acabasse logo pra que elas pudessem seguir a vida normalmente. As duas decidiram que iriam passar uma borracha no acontecido e continuar com a vida normal, o que não seria tão difícil assim... Ou seria?


Atração Fatal - GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora