Meu nome é...

136 31 60
                                    

Gizelly se levanta da cama calmamente. Marcela permanece na mesma posição, imóvel.

- Pai... C-Calma!

- Calma? CALMA? VOCÊ ESTÁ BEIJANDO UMA GAROTA NA MINHA CASA E ME PEDE PRA TER CALMA?

Naquele exato momento Márcia chega em casa e ouve o marido gritando. Ela joga a bolsa e as sacolas que segurava no chão e sobe as escadas correndo. Assim que chega no quarto da filha vê a cena: Osmir parado a alguns passos de Gizelly, suas mãos estavam trêmulas e mesmo que ele estivesse de costas, ela sabia muito bem qual era sua expressão. Marcela estava sentada na cama imóvel e Gizelly, estava parada ao lado da cama, também imóvel.

- O que ta acontecendo aqui? - Ela pergunta, tensa.

- Márcia sai do quarto e me espera lá embaixo, depois eu falo contigo! - Ele responde ainda de costas.

- Eu quero saber o que tá acontecendo aqui primei...

- SAI DAQUI! 

Ela olha para a filha que faz um sinal mínimo com a cabeça concordando. Márcia sai do quarto, porém continua ali no corredor ouvindo atrás da porta. Dentro do quarto, Gizelly tenta se explicar.

- Pai... Eu, Marcela... Nós...

- Não queria se explicar sua vagabunda! Eu já sei de tudo! Desse seu rolinho com essa imunda, dessa nojeira que vocês fazem, de tudo! 

Ele olha para Marcela.

- E você sua ordinária? Está feliz de ter levado minha filha pro mal caminho?

- O senhor veja bem como fala comigo! - Marcela não sabia de onde tirou coragem para dizer aquilo. Assim que termina de falar, ela percebe que está no chão. Ela sente seu rosto doer e logo entende o porquê, Osmir deu um murro no rosto da garota.

- Pai não! - Gizelly grita e entra na frente dela - Ela não me levou pra caminho nenhum! 

- Então foi com suas próprias pernas pro inferno? É isso?

- Pai, por favor...

Ele segura o pescoço da garota com força.

- Você não me chama mais de pai! A partir de hoje você não é mais minha filha! 

- Solta ela! - Marcela dá um tapa no braço do homem e antes que ela possa fazer mais alguma coisa ele a pega pelo braço e a joga para fora do quarto. 

Osmir tranca a porta e vai para cima de Gizelly.

- Você acha que isso é certo? - ele tira o cinto da calça e começa a bater em Gizelly por todo o seu corpo - Primeiro mente pra mim! Depois fica beijando outra garota na minha casa! ACHA QUE EU CRIEI FILHA PRA SER PUTA? - ele agora dá um tapa no rosto da garota - VOCÊ ACHA QUE O ESTÁ FAZENDO É CERTO? ENGANANDO TODA A SUA FAMÍLIA E ENVERGONHANDO AQUELE QUE TE DEU TUDO NA VIDA? 

Do lado de fora Márcia tentava de todos os jeitos abrir a porta, em vão. Manu chega e logo ouve os gritos do pai. Ela nem pergunta nada, somente dá um chute com toda a força que tinha na porta e consegue abri-la. Márcia vai pra cima do marido e o afasta da filha do jeito que pode. Tapas, arranhões e empurrões são diferidos, ele até faz menção de ir para cima dela mas desiste da ideia quando Pablo chega no quarto. Osmir puxa Marcela mais uma vez pelo braço. Ele desce as escadas rapidamente ainda segurando-a. O homem aproveita que a porta da sala está aberta e sai com Marcela da casa. Ele a joga na rua.

- NUNCA MAIS COLOQUE OS PÉS NESSA CASA NOVAMENTE! OU VOCÊ VERÁ DO QUE SOU CAPAZ! 

- EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ!

Do outro lado da rua Ricardo e Josiane veem tudo. Os dois se aproximam

- EI, O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?

- Pergunte a ela! 

Ele entra em casa novamente batendo a porta com tanta força que as janelas tremem. Osmir sobe as escadas novamente e entra no quarto.

- Você! - ele aponta para Márcia - Arrume as malas dessa imunda! 

- Pai! - Manu o chama - PAI! 

- O QUE É?

- Pra onde o senhor vai levá-la? 

- Não é da sua conta! 

O homem entra no escritório e fica lá durante horas. Márcia obedece o marido mesmo com medo do que poderia acontecer à filha. Manu cuida dos machucados da irmã e depois vai à casa de Marcela falar com ela. Pablo fica no quarto dele e age como se nada tivesse acontecido. Quando o relógio marcava 19:00, Osmir sai do escritório e vai ao banheiro a fim de tomar banho. Ele sai do quarto e vai ao de Gizelly. A garota estava dormindo, havia hematomas por todo o corpo dela. Ele entra e a acorda bruscamente.

- Levanta! Tá na hora!

Ela acorda com um susto e logo se levanta. Ele pega a mala da garota e vai com ela até a garagem. Ele abre o porta-malas do carro e a coloca lá. Ao voltar para a sala, Manu tenta conversar com ele.

- Pai, por favor não faça nada que o senhor vá se arrepender depois! 

- Você acha que está falando com quem? Com um garoto de 10 anos? JÁ NÃO BASTA O QUE PASSEI COM VOCÊ E SUA GRACINHAS AGORA TENHO QUE AGUENTAR UMA PUTA FAZENDO ESSAS COISAS NA MINHA CASA E ME CALAR?

- ELA É SUA FILHA! 

- NÃO LEVANTA A VOZ PRA MIM!  - Ele difere um tapa no rosto da garota.

Márcia ouve os gritos e sai do quarto. Pablo faz o mesmo.

- Acha que eu tenho medo de você? - Manu continua sem nem se importar com o ardor - Eu não tô nem aí que você pode ou não me bater! Mas na minha irmã você não toca mais!

- VOCÊ NÃO TEM QUE SE METER NOS MEUS ASSUNTOS!.

- ASSUNTOS? É ASSIM QUE TRATA A MENINA QUE ATÉ ENTÃO ERA SUA PRINCESA?

- Era! Disse a palavra certa!

Manu balança a cabeça como se não acreditasse no estava ouvindo.

- Como pode ser tão desprezível?

- Rapaz. você me respeite! Eu ainda continuo sendo seu pai! 

- Grande merda! Nunca agiu como um pra mim! Só agiu como um capataz! Só sabia me bater, me desprezar! Vai fazer isso com ela agora? Vai desprezá-la? Pois saiba que o senhor vai perder mais que uma filha! 

- Miguel, meta-se com as suas coisas, e me deixe resolver as minhas! 

Osmir passa pela garota. Manu respira fundo e diz em alto e bom som para que todos ouçam.

- Meu nome não é Miguel! 

Osmir para. Ele se vira para a garota. Sua expressão era de quem sabia exatamente o que estava acontecendo, mas ele queria ouvir com todas as palavras.

- Como é?

- O meu nome não é Miguel... O meu nome é Manuela! 


Atração Fatal - GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora