P&M

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Alguns dias depois

- É amanhã que a Má viaja, né? 

- Sim...

- E como a Gi tá?

- Ah Paulo, você sabe como ela é... Por fora ela ta super bem, aceitando numa boa, mas eu conheço minha irmã, sei que o coraçãozinho dela tá apertado!

- Imagino... Eu não iria aguentar ficar dez dias longe de você! - Paulo puxa Manu pela cintura e a beija.

- Sei - ela diz se separando do garoto - Agora você não aguentaria né?

- Ih, como assim agora? 

- Ah Paulinho, todo mundo sabe que você era o maior galinha daqui do bairro!

- Era mesmo, mas mudei! 

- Hum...

- Mudei por você! 

Manu tenta mas não consegue segurar o riso. Paulo a puxa para mais um beijo e a garota aceita. Algumas pessoas que passavam pelo casal estranharam, outras os achavam corajosos, e houve quem elogiasse. 

O casal estava em uma praça perto da casa de Paulo. Diferente de Gizelly, Manu não se importava se alguém a visse com o namorado em público, ela não tinha medo do pai.

Paulo e Manu já estavam juntos oficialmente a alguns meses, porém eles já ficavam a anos.

 Quando Paulo a conheceu, ela estava no último ano do ensino fundamental e ele ainda estava na sexta série. Na época Paulo já era assumido, mas ficou triste quando levou um não da garota quando ela soube da idade dele. Paulo era um menino, tinha apenas doze anos de idade, Manu estava com 15, por isso quando o garoto tentou ficar com ela na primeira vez, levou um 'não' sem dó. Se fosse a alguns anos atrás, ele ficaria completamente arrasado, mas depois que Marcela o ajudou, aquilo simplesmente se tornou um desafio para o garoto.

Paulo era um menino recluso, tímido. Ele ficou assim, logo depois que sua mãe morreu de câncer no pulmão. No começo era apenas uma tuberculose fácil de tratar, mas ela tinha pavor de médicos, então foi deixando para depois, até que descobriu o câncer, porém já era tarde, estava em estágio avançado e não tinha mais cura. Quando sua mãe morreu, Paulo tinha três anos de idade. Seu pai era corretor de imóveis na época. Ele deixou o trabalho durante o ano todo para cuidar especialmente de Paulo, porém quando precisou voltar a trabalhar, começou a deixar o garoto com a vizinha Vanessa. Paulo e Vanessa com o tempo foram virando amigos, e o pai do garoto gostou de ver aquilo. Quando Paulo completou sete anos de idade, seu pai se casou com ela. Como a garota era cinco anos mais nova, ela ainda não queria ter filhos, e o homem também não via necessidade em dar um irmão a Paulo. Um ano depois Vanessa descobriu que era estéril, e não poderia ter filhos nem que quisesse. Ele não viu problemas e continuou ao lado da mulher. Paulo também nunca se incomodou pelo fato de não ter irmãos. Depois que voltou a estudar em sua antiga escola, um ano depois da morte da mãe, ele era conhecido como "o garoto órfão", ele não se importava com aquilo, mas as coisas só pioraram quando os colegas de turma começaram a implicar com o jeito do garoto. Paulo era mais alto que os colegas, mais magro e o cabelo mantinha sempre o mesmo corte, estilo 'tigelinha'. Por conta dos vários apelidos e das agressões verbais e físicas que o garoto começou a sofrer pelo jeito de se comportar, seu pai decidiu mudar de bairro. Eles mudaram de casa e Paulo foi matriculado em uma nova escola. Logo no primeiro dia de aula do garoto, ele fez duas amigas: Gizelly e Marcela.

Paulo nunca soube ao certo sobre sua sexualidade. Ele via os outros garotos paquerando algumas meninas, vendo fotos sensuais de mulheres de biquíni, mas nunca sentiu nada vendo aquilo, ela achava que era porque ele ainda não tinha idade para aquilo, mas, quando ele conheceu o professor de português, tudo mudou. Paulo se apaixonou em questão de dias pelo moço alto de cabelos longos e olhos verdes. Ele tinha apenas nove anos de idade, e tinha medo do que aquilo poderia lhe proporcionar. Sem saber o que fazer, ele decide contar para a única pessoa que confiava até então, Marcela.

Atração Fatal - GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora