Capítulo 9- Convencimento

392 47 4
                                    

As crianças e as não tão crianças da casa atenderam o segundo chamado para comerem, para o alívio de Team que conseguia respirar sem ser sufocado por toda aquela atenção. Não é que não gostasse deles, na verdade ele os amava, mas ele não gostava de ser o foco da atenção dos outros.

As mães felizes no batente da porta viam seus filhos devorarem avidamente toda a comida que prepararam. Ficavam felizes quando aceitavam de bom grado seus mimos. Depois de devorarem a comida os jovens sentaram na sala de estar  para bater  papo, tendo em vista que o humor do quarteto ainda permanecia ruim pelo ocorrido na piscina.

- Qual o mal de vocês aceitarem um convite para jantar? – Can se  jogando em uma das poltronas de frente para o grande sofá, foi o primeiro a abordar o assunto, recebeu um olhar severo dos quatro irmãos emburrados sentados no sofá.

- Que jantar? – Don ficou curioso. – Me contem. - pediu sentando no pé  do sofá enquanto Boss e Ae se acomodavam nas outras poltronas.

-Lembra quando você foi com a gente na festa da gangue do Zee? – Intoch disse para Don que acenou positivo. -Encontramos uma daquelas meninas que estavam sendo drogadas...

- E ela quer oferecer um jantar de agradecimento pela ajuda. – Ae enterrompeu.

- Que ótima Ideia, vocês amam comer. – Phoom falou entrando na conversa dos mais velhos. -Eu espero um dia também  poder fazer algo para agradece-los.- Ele suspirou parado no batente da porta.

- Porque isso é tão importante?- Manaow perguntou. – Um simples obrigado e a pessoa seguir feliz já é o bastante para nós.

Eles olharam os quatro com assombro.

-Vocês não tem noção do que fizeram por todos nós?- Boss questionou incrédulo.

-Temos sim! -Team sorriu.-A questão é que não fizemos nada em troca de agradecimentos e, sim porque sabemos o que é se sentir sozinho precisando de ajuda.

- Já que vocês entendem esse sentimento, vocês também entendem o valor dado quando se consegue essa ajuda?- Phoom comentou num sussurro. – Qualquer um de nós é eternamente grato e isso é forte, nós estamos felizes por estarmos com vocês e fazer parte dessa grande família... Então, por favor deixe a menina agradecer do jeito dela, isso  lhe trará uma grande felicidade.

*** Flashback de Phoom ***

Eu tinha uma vida feliz, apesar de meu pai ter falecido quando eu era criança, minha mãe sempre se preocupou em me fazer viver a vida sem levar tristezas no peito

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu tinha uma vida feliz, apesar de meu pai ter falecido quando eu era criança, minha mãe sempre se preocupou em me fazer viver a vida sem levar tristezas no peito. Anos depois Minha mãe refez a vida dela com  um cara que a amava e fazia de tudo por ela,  até aturar um filho que não era seu. A relação entre nós não era caótica, nos respeitávamos em um acordo mudo de não  atrapalhar a vida um do outro e fazer minha mãe feliz.

Por anos fizemos nosso papel na família feliz, até que minha mãe adoeceu gravemente e veio a falecer. Ficamos sem chão e sem um elo que nos unisse, vivíamos vidas separadas sob o mesmo teto e, depois de alguns meses ele veio conversar comigo... disse que conseguiu um emprego melhor e teria que se mudar urgente para assumir seu novo posto, então eu teria que arrumar um outro lugar para ficar.

O que eu poderia dizer? Ele não era meu pai, nem parente e muito menos tinha amor por mim, sem minha mãe eu era apenas um estorvo em sua vida. Eu acenei positivo e fui para o meu quarto chorar, me senti tão perdido naquele momento, tão pequeno e sozinho. Depois de chorar bastante peguei o telefone e liguei para meus amigos para tentar conseguir um abrigo temporário. Na verdade acabei descobrindo que eu não tinha nenhum amigo de verdade, ou seja, eu servia para ajudar nas tarefas da escola, ensinar a matéria da prova, pagar  lanches, servir de boy e cupido, nada além disso.

Uma semana depois do comunicado me vi na rua com meus pertences, na verdade somente algumas  roupas e fotos dos meus pais, tudo que tinha que podia ser vendido eu vendi para levantar uma grana e poder aguentar até conseguir resolver a situação.

Já tinha se passado dois meses meu dinheiro tinha acabado assim como minha esperança. Eu estava vasculhando a lixeira de uma lanchonete e ouvi quando alguém se aproximou de mim, olhei para o cara e reconheci que era um sênior da escola que eu frequentava, era P'Ae, meus “ditos amigos” falavam para não me aproximar dele porque ele e o irmão faziam parte de uma gangue, na época eu segui o conselho mesmo duvidando que caras como eles que pareciam fofos pertencessem a uma gangue.

- Ei... você está com fome?- P'Ae se aproximou de mim e me ofereceu o pacote que estava em sua mão era o lanche que acabara de comprar reconheci a embalagem com a logo da lanchonete. – Você era da minha escola certo? – Eu acenei aceitando o pacote, agradeci com os olhos cheios d’água, tinha dias que eu comia apenas sobras, quando eu encontrava alguma. – As coisas andam difícil para você...- Ele afugentou minhas lágrimas e depois de pensar um pouco me falou. – Você pode me encontrar aqui amanhã no mesmo horário?

Eu acenei com a cabeça porque minha boca estava cheia de comida, ele  riu tristonho, tirou um dinheiro da carteira e me deu falando que era para garantir meu jantar e meu café da manhã, eu fiquei muito grato e o vi se afastando.

Veja como são as coisas... acabo de ser ajudado por alguém que não me conhece, o qual  aqueles que me viraram as costas disseram não ser boa companhia... As situações ruins provam quem são as pessoas de verdade. Fiquei ansioso para chegar o outro dia. Eu dormi naquela noite na praça próxima aquela lanchonete, comprei meu café da manhã ali, algumas pessoas me olhavam de cara feia por eu estar sujo, não é fácil viver nas ruas, isso é oque a maioria não consegue entender, mas não me importava com os olhares eu só queria matar minha fome e graças ao P'Ae eu tinha dinheiro.

Quando deu o horário marcado fiquei nos arredores aguardando  sentado na calçada, P'Ae não veio sozinho, me vi rodeado por seis jovens, P'Ae me apresentou seus irmãos e sua irmã. Fiquei assustado com aquele monte de gente, já pensei que eram realmente uma gangue e que eu ia tomar  uma surra, mas o menor que se chamava Pharm se aproximou de mim e me estendeu uma vasilha,  como eu fiquei com receio de pegar ele retirou a tampa e me mostrou que se tratava de comida, então eu aceitei e comecei a devora.  O tal de Team se sentou ao meu lado e bagunçou meu cabelo e me disse que tudo ficaria bem e que eu não estava mais sozinho, aquelas palavras me aqueceram o coração.

Vi uma mulher se aproximar de nós e P'Pharm a saudou e nos apresentou. Ouvi a senhora agradecer por eles terem ajudado de alguma forma o filho dela. Eles a trataram amavelmente e disseram que cuidariam do seu filho. Olhei para todos eles e percebi que não devia temer, eram criaturas de bom coração. A senhora se despediu e eles olharam para mim com sorrisos sinceros e me levaram para morar na casa deles.

Voltei para escola, ignorei aqueles que só me usavam e passei a dar valor a quem de fato merecia. Como eu passava muito tempo do meu intervalo com meus novos irmãos, aqueles falsos amigos começaram a espalhar que eu era parte da gangue e eu sorria feliz com isso, sim eu me tornei parte de uma gangue do bem.

*** Fim do flashback ***

-Jura que vocês pensam assim?- Intoch perguntou e Ae, Can, Don, Phoom e Boss afirmaram.

- Se isso é realmente importante para vocês... – Pharm olhou para Manaow, Intoch e Team. – Podemos fazer isso? – Os três afirmaram. – Ok, vou avisar P’Tul nossa decisão, mas vocês cinco e Mali vão conosco! – E os cinco gritaram felizes.

Anjos da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora