Capítulo 90- A Quarta Flecha de Eros

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Ponto de Vista de Team

Minha caixa de Pandora foi aberta sem nenhum aviso prévio e, meus demônios da infância retornaram com força para me assombrar. Eu vi meu mundo se desmoronar, em fração de segundos diante dos meus olhos, sem ter forças para fazer nada, era como se eu voltasse a ser aquela criança indefesa, que sofria calada... Eu não conseguia respirar, minhas feridas reabriram em meu peito, me causando uma dor absurda... Era como se eu estivesse me afogando no meio da escuridão e não conseguisse enxergar a superfície. Quando de repente um raio de luz surgiu e me puxou de lá... Era Win, assim como ele prometeu que seria... um raio de luz para me guiar em meio a escuridão da minha alma. Então eu me agarrei a ele como se fosse uma tábua de salvação.

- Hia... Por favor... Me leva daqui... - Eu implorei sem forças e, me deixei ser carregado para longe de meus algozes.

Win me amparou e, me ajudou a voltar a sanidade, destruindo minhas barreiras em relação a ele. Sempre tentei afastar as pessoas da minha obscuridade, principalmente ele, mas Hia permaneceu firme, como um objeto irremovível, uma fonte de luz inesgotável, se fazendo presente em minha vida, ignorando todos os problemas relacionados a mim e, sendo meu conforto diante do caos que me empurrava de volta ao fundo do poço de minhas memórias. Mas isso não era justo... Ele não merecia ser arrastado dessa forma para a lama de meus conflitos internos... Isso acabaria apagando seu brilho, o fazendo tão lamentável quanto eu... Então aquele seria o início e o fim... início do reconhecimento de sua importância em minha vida e o fim da possibilidade de um futuro ao seu lado... Eu o livraria de mim.

Quando chegamos em casa minha dor aumentou, mas eu segurei ela, bravamente, dentro do meu peito. Aquele era o lar que construímos, eu e minha família, mas agora parecia não me pertencer, aquele espaço me fazia sentir o tamanho do vazio que eu carregava em meu coração. Eu não enxergava mais o meu lar e, sim uma construção fria que servia de compensação de um menino que se sentia culpado, para aquele que estava quebrado. Ao entrar eu já sabia que não conseguiria mais permanecer ali, então, eu seguiria minha jornada sozinho, sem prejudicar ninguém, pois por mais que eu quisesse e, soubesse que meus irmãos me seguiriam aonde quer que eu fosse, era ali que eles estavam seguros e vivendo com dignidade. Eles já estavam reconstruindo suas vidas, conquistando a merecida felicidade deles e, eu não podia estragar isso.

Eu precisava sair dali, mesmo com meu coração em pedaços. Olhei para Hia que se feria com a minha dispensa de seus cuidados, seu rosto triste doeu mais que tudo... mas eu queria que ele soubesse de sua importância em minha vida, para que não pensasse que foi tudo em vão. Em um impulso incontrolável eu o puxei e o beijei. Tenho a certeza vou guardar esse momento para sempre em meu coração, será meu refúgio mental quando as lembranças do meu passado me atormentassem. Assim, que eu subi peguei minhas coisas, dei a volta por trás da casa, corri até a outra rua e peguei um táxi até a rodoviária. Embarquei no primeiro ônibus que estava saindo da cidade, afinal não importava para onde eu ia, qualquer lugar serviria... mas a medida que eu observava o caminho que seguiamos, eu reconheci o lugar e, lembrei da gruta que visitei com Hia e outro garoto do clube e, não pensei duas vezes.

Quando eu desci em meu destino improvisado, o céu já estava carregado de nuvens escuras, então a primeira coisa que fiz foi encher meu cantil de água, além de recolher galhos e folhas para fazer uma boa fogueira para me manter bem aquecido durante a noite fria. Depois de me instalar e preparar o fogo, me sentei em um canto, só conseguia ouvir o barulho da chuva caindo lá fora. Nem a fogueira que brilhava a minha frente foi capaz de espantar o frio de minha alma, então, eu me enrolei segurando minhas pernas em busca de mais calor. A única coisa que eu pensava era no quanto queria o abraço de Hia, pois só ele tinha o poder de derreter o gelo dentro de mim... Foi exatamente quando uma sensação de ser observado me deixou alerta e, ao levantar a cabeça vi Win parado na entrada da gruta, levei alguns segundos para crer que era real e, corri para seus braços.

- Eu estou aqui... Eu vou cuidar de você!- Win sussurrou em meu ouvido e, eu aceitei de coração aberto sua promessa.

Ponto de Vista da Terceira Pessoa

Os dois jovens se abraçaram como se não existisse mais vida, além daquele instante. Aquele era um dos momento mais duro e, também, um dos mais sentimentais de suas vidas, com toda a carga emocional que estava envolvida naquele forte abraço. Win agradecia o insight de sua mente que o levou até ali, podendo encontrar seu menino em segurança. Team acabava de crer que algo sempre o puxaria até Win e vice-versa, pois por mais que o custasse a acreditar nisso, parecia obra do destino. Na cabeça do pequeno, surgiu uma possível teoria, o Destino, resolveu compensa-lo depois de ter ferrado completamente sua infância, isso seria uma explicação aceitável, que ele poderia conviver com ela.

- Pao, não deveria ter fugido assim de nós... Estávamos todos desesperados. - Passado o momento da euforia Win se afastou um pouco para olhar nos olhos do Nong, mas mantinha uma voz suave sem o peso de uma bronca, era mais um "eu entendo porque fez, mas você não deveria ter feito". - Nós reviramos toda a cidade de Bangkok atrás de te encontrar, até os homens do meu pai estão a sua procura. - O rapaz comentou acariciando a cintura que ainda permanecia entre as suas mãos.

- Hia... porque não me deixaram simplesmente ir? - Team sussurrou em uma queixa triste, não queria causar confusão, ele apenas não aguentava ficar e, pensou que sua ausência logo seria preenchida.

- Por quê todos nós te amamos muito e, não podemos viver sem você! - Win foi sincero e, Team pode ver isso pelo brilho em seus olhos.- O Dean me contou a verdade por trás do sumiço de P'Tul... - O loiro relatou os fatos sem julgamentos, eles apenas queria que o pequeno soubesse o que ocorreu. - Pao, não precisa passar por toda essa dor sozinho, todos estamos aqui para ajudar... eu estou aqui e, ficarei sempre ao seu lado se me permitir. - Ele disse ao ver a sombra da tristeza dominar os olhos de Team e, beijou a bochecha do Nong com carinho.

- Hia... Eu não consigo voltar para aquela casa.. aquilo não vai compensar minha dor... - Team ofegou a beira do choro.

- O Nong não precisa voltar para lá! - Win subiu suas mãos para o rosto de Team e secou as lágrimas que já caiam. - Você pode ficar comigo ou em qualquer outro lugar seguro, mas que seja próximo de nós... - O jovem propôs e, de repente algo lhe veio a mente, fazendo o brilho de seus olhos mudarem. - Posso te perguntar uma coisa? - Ele questionou encostando suas testas e, Team sinalizou que sim. - Na verdade... Qual foi o verdadeiro motivo que fez você me beijar mais cedo? - Ele sustentou o olhar surpreso do Nong que imaginava qualquer pergunta menos aquela.

- Hum... foi porque ... eu descobri ... algo... - Team falou timidamente mordendo seu lábio inferior.

- Pao, pode me contar sobre essa descoberta? - Win incentivou num sussurro, contendo a expectativa que crescia em seu peito e, com os olhos assustados Team o encarou.

- Eu descobri que amo Hia... - Team falou em um fio de voz, mas foi o suficiente para que Win ouvisse e, explodisse de felicidade.

O sorriso de Win não podia ser mais brilhante do que naquele instante em que seu maior sonho se realizava e, num impulso ele puxou Team pela nuca o beijando ardentemente e, para a alegria do jovem o Nong respondeu com a mesma paixão.

O sorriso de Win não podia ser mais brilhante do que naquele instante em que seu maior sonho se realizava e, num impulso ele puxou Team pela nuca o beijando ardentemente e, para a alegria do jovem o Nong respondeu com a mesma paixão

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