Manoaw segue pelo corredor, tão segura como se estivesse andando em sua própria casa, seus olhos brilhavam tanto de empolgação por saber que o pequeno Sun depois de uma luta árdua contra o câncer, finalmente iria para casa. A menina estava tão feliz que tinha esquecido da presença de Pruk que a seguia de perto. O sênior estava mais uma vez irritado consigo mesmo por nunca ter pensado em se voluntariar para alguma das atividades realizadas pelo hospital, sempre se esquivando quando sua mãe comentava da necessidade, ele estava muito ocupado com o treino, os estudos, os passeios, as festas ou qualquer coisa do gênero.
- Eu sempre achei o hospital um ambiente tão triste... - Pruk murmurou como uma desculpa para si mesmo, mas a menina a sua frente acabou ouvindo.
- E, ele é Phi!- Manaow parou para encara-lo. - Por isso que é necessário ter pessoas que façam com que a estadia aqui se torne mais leve, mais tolerável... - Ela explicou. - Aqui é onde as pessoas estão vulneráveis,
precisando de apoio... Então o que custa doar um pouco do seu tempo? - A menina questionou dando de ombros e voltando a seguir o corredor até a ala da enfermaria infantil, deixando Pruk com um nó na garganta.Assim que Manaow entrou no quarto o pequeno paciente abriu o maior sorriso que foi correspondido com a mesma doçura. A menina, sem cerimônia ou qualquer aversão pelo estado debilitado do garoto, cruzou o quarto e sentou na beira da maca para abraçar delicadamente a criança. Pruk ficou olhando da porta, aquela imagem linda e cheia de significado, a cada dia sua curiosidade crescia junto com sua angústia e sua necessidade por mudança interior.
- Já fiquei sabendo que você irá sair hoje! - Manoaw abriu um largo sorriso ao soltar do abraço.
- Sim Phi! Mamãe está vendo agora qual o horário vou poder ir. - O menino demonstra a mesma felicidade. - Eu ia deixar isso para vocês. - O pequeno estendeu um envelope de carta
e um boné, que estavam na cabeceira, para ela.- Eu vou levar a carta, o boné é seu. - Ela disse carinhosamente.
- Mas é o boné da coragem do P'Team! - O menino exclamou surpreso.
- Sim, mas ele já absorveu bastante coragem, por isso ele te deu. - Manaow explicou a criança. - E, tenho certeza que P'Team ficaria mais feliz se você o entregasse a outra criança que também precise de coragem. - Ela piscou para o garoto que ficou empolgado com a tarefa de passar coragem para outra criança.
Manoaw se despediu e saiu do quarto com um olhar questionador para Pruk que a aguardava, ele ficou aflito com a intensidade daquele olhar, era como se ela pudesse ler sua alma naquele exato instante. O sênior pigarreou e seguiu ao lado da menina até que se sentiu confortável para quebrar o silêncio.
- Boné da coragem? - Pruk perguntou casualmente.
- Sim! - Manaow riu. - N'Sun tinha uma operação para fazer e estava com medo então P'Team deu a ele seu boné favorito dizendo que lhe traria coragem.
-Não podia ser qualquer boné?- Pruk franziu a testa pensando que bastaria comprar um objeto novo e não sacrificar algo que gostava.
- Não seria a mesma coisa P'Pruk. - Manaow o encarou novamente. - O que transmitiu a coragem de verdade, foi a carga emocional de você doar algo que você gosta muito para alguém... É nisso que a criança se apega. - Ela explicou ao rapaz ao seu lado. - E, porque o Phi não entrou no quarto? - A garota questionou.
- Eu realmente não sabia o que fazer. - Pruk confessou.
- Basta sorrir e conversar com eles, é só demonstrar que se importa. - Manaow aconselhou e Pruk acenou afirmativo.
Quando chegaram de volta na enfermaria de Lawan, a mãe de Pruk tinha acabado de anunciar os resultados positivos dos exames e que a junta médica acreditava que logo ela iria acordar, deixando todos muito felizes. Assim que se apontavam para ir embora os pequenos anunciaram que iriam voltar com P'Tull que já tinha terminado seu plantão de residente, eles se despediram e foram se encontrar com seu tutor.
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Anjos da Noite
FanfictionTeam integra um grupo de órfãos que lutam por sobrevivência e, para defender outras crianças para que não sofram as mesmas perdas e agressões que eles sofreram um dia. Foram tantas decepções que eles não acreditam em mais ninguém além deles mesmos. ...