Capítulo 12 - Irmãs

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Quando o quarteto chegou em casa ainda faltava cerca de três horas para o combinado para saída, mas os outros estavam enlouquecidos escolhendo roupas pedindo dicas as mães de como se portar na mesa adequadamente. Eles viam aquilo com muita graça, seus irmãos estavam mesmo animados com o jantar.

- P'Manaow! – Mali se pendurou em seus ombros. – Eu quero um  penteado de princesa, você me ajuda?-suplicou ela já arrastando a mais velha para seu quarto.

- Ok, Ok! Vamos ver o que podemos fazer. – Manaow sorriu para a animação da menina.

Mali sentou na cadeira em seu quarto e relaxou deixando seus cabelos ao cuidado de sua amada irmã. Ela era tão feliz por ter encontrado aquela família.

****Flashback Mali****

Fiquei órfã de mãe aos dez anos de idade, meu pai eu nunca soube quem era, também não queria saber, pois ele apenas engravidou minha mãe e se mandou

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Fiquei órfã de mãe aos dez anos de idade, meu pai eu nunca soube quem era, também não queria saber, pois ele apenas engravidou minha mãe e se mandou. Então quando minha mãe morreu eu fui entregue a sua única irmã, que já tinha dois filhos um menino 4 anos mais velho que eu e uma menina da mesma idade. Minha tia disse a assistente social que cuidaria de mim como se fosse sua filha, ela na verdade quis dizer empregada, pois foi isso que me tornei e, eu que achava que a história da Cinderela era só conto de fadas... Se bem que na realidade era pior porque não teria nenhum príncipe para me salvar.

Aprendi rapidamente, da pior maneira, que naquela casa era eu contra todos. Eu era simplesmente a culpada por tudo e a única a ser punida severamente. Fui crescendo e me desenvolvendo, aprendi  a me calar para me proteger melhor. Assim foram os meus quatro anos vivendo com a “família” que  me restava na vida.

Eu via que meu primo tinha mudado o olhar dele para mim, isso me causava nojo. A cada tentativa de aproximação dele eu me afastava com muito asco. Estava difícil me manter por mais tempo naquela casa era meu tio que não se importava, minha tia que me fazia de escrava, minha prima que me batia e meu primo que me assediava. Encurralada eu decidi fugir assim que tivesse uma oportunidade, mantive uma mochila com algumas coisas necessárias  e aguardei.

Uma noite em que todos dormiam meu primo entrou em meu quarto e disse que ia me levar para passear, ele estava meio alto devia ter bebido com os amigos, eu pensei em gritar mas eu sabia que de alguma forma meus tios me culpariam pela má conduta de seu filho. Resolvi usar a oportunidade ao meu favor, peguei minha mochila e o segui.

Meu primo me levou a estação ferroviária, parou o carro em um acesso que dava para a linha desativada, ali ficavam os vagões quebrados que muitos amantes usavam em seus encontros noturnos. Ele me puxava pelo braço e eu o seguia calada, em meu silêncio eu tentava pensar uma forma de fugir e nunca mais voltar para aquela prisão.

Paramos próximo a um dos vagões e ele tentou abrir mais a porta, mas essa estava emperrada, então ele me largou e para forçar a porta com as duas mãos. Me vendo livre olhei ao redor e vi uma madeira jogada, agarrei ela e bati com toda força em meu primo que tombou no chão. Verifiquei que ele não estava morto e olhei em seus bolsos para pegar algum dinheiro e corri o mais rápido que pude para longe dali.

Eu me aproximei da plataforma e vendo que um  trem estava parado eu me esgueirei por trás e entrei no vagão de bagagem. Me escondi ali entre as malas, o trem viajou a noite inteira, acabei dormindo ali encolhida, quando acordei já era dia e o trem parava em uma grande estação, vi a placa que informava que chegamos a Bangkok, levantei e me preparei para sair e me misturar a multidão.

Andei o dia inteiro, aquela cidade grande me assustava e eu não sabia bem o que fazer. O dinheiro que tirei do meu primo era muito pouco, eu tomei café e pulei o almoço  para conseguir comer a noite. Tinha que pensar em uma solução para minha nova condição.

Já era noite quando fui a uma loja de conveniência no posto de gasolina para comprar algo para comer. Passei por um caminhoneiro que falou algumas gracinhas para mim e eu ignorei e segui para a loja. Entrei e fui procurar algo para comer, vi dois garotos  e uma garota implicando com outro jovem por estar comprando um monte de pacotes de Lay, mas o rapaz não ligava para a zoação ele só riu e deu as costas para pegar mais.

Peguei as coisas e caminhei até o caixa passei minhas coisas, quando o atendente falou o preço eu contei meu dinheiro e vi que não tinha o suficiente, sem graça eu pedi para tirar dois itens das minhas coisas.

- Pode deixar que eu pago o dela, não precisa tirar nada. – Olhei para a voz atrás de mim   e vi o rapaz das Lay, eu queria recusar mais não estava em condições então  eu sorri agradecendo. – Você precisa de algo mais? – Ele me perguntou gentil e antes que eu negasse seus amigos vieram com água, refrigerante e mais alguns salgados para mim, eu quase chorei por encontrar pessoas boas em meu caminho.

Fiz uma reverência em agradecimento peguei a sacola e sai da loja, ainda tinha que achar algum lugar para passar a noite. Como aquele caminhoneiro ainda estava lá e me olhava com o mesmo olhar nojento do meu primo eu segui para o outro lado.

Eu contornava a loja quando senti ser puxada e jogada contra a parede, olhei chocada para a figura que me prendia era o caminhoneiro que me seguiu. Ele me prendia com o antebraço enquanto sua mão tampava minha boca para eu não gritar, mão livre dele começou a passear pelo meu corpo. Eu queria vomitar, eu me debatia tentando me soltar mas ele era muito mais forte, a única coisa que consegui fazer foi derrubar a lixeira ao lado e torcer para alguém ouvir o barulho.

Minhas lágrimas  começaram a cair, ele descrevia tudo que queria fazer comigo, e eu ficando cada vez mais desesperada, fechei meus olhos e comecei a rezar. Ele abriu o zíper da minha calça e já ia colocar a mão nojenta quando ele foi arrancado de mim. Fiquei ali trêmula na parede me assustei quando uma mão segurou meu ombro e disse que estava tudo bem, abri meus olhos e vi a garota que estava na loja de conveniência, institivamente eu a abracei chorando, ela me conduziu ao banheiro para me recompor. Vi os três rapazes baterem no caminhoneiro, ouvi o garoto da Lay dizer que ele nunca mais pensaria em abusar de alguém novamente.

No banheiro eu lavei meu rosto  e tentei colocar o pensamento em ordem e me acalmar, a moça só olhava para mim calmamente esperando o meu tempo. Quando me acalmei ela me olhou e sorriu.

- Fica tranquila, você pode vir conosco se não tem para onde ir. – ela riu da minha expressão de “como você sabe?” – Nós nos reconhecemos, já estivemos nesse lugar. – Senti a sinceridade dela e me deixei ser levada por eles.

E,  não é que existiam príncipes de verdade... príncipes e princesas que me salvaram, me levaram em seu carro branco para a mansão deles e me devolveram a liberdade de viver.

***** Fim do flashback *****

- Pronto terminei. – Manaow exclamou e Mali correu para o espelho.

- Ohhh... ficou lindo! Obrigada! – Mali estava encantada. -P'Manaow você promete que será sempre minha irmã.

- Para todo sempre!- Manaow respondeu abraçando a pequena pelos ombros e as duas ficaram admirando seus reflexos no espelho.

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