Capítulo 46- Conversas

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- Nossa como deve ser difícil tratar com tantas crianças, eu confesso que quase enlouqueço, as vezes, com os meus. – A mãe de Dean comentou enquanto conversava com os responsáveis pelos jovens. – Vocês fizeram um ótimo trabalho, eles são maravilhosos. – Ela elogiou.

- Não é mérito nosso... foi a vida que os educou. – Sida falou com um suspiro triste. – Eu trabalhei no orfanato de onde quatro deles vieram... – Ela trouxe de volta as memórias. – Então os conheci desde pequeninos, eram as crianças mais sofridas que tínhamos por lá, isso me atraiu para elas, achava que eram frágeis, mas ao longo do tempo pude presenciar sua força, eles sempre foram lutadores, sobreviventes de uma vida devastada por maus tratos, abandono e solidão. – Ela trocou olhares tristes com os demais que acenaram concordando. – E, eles acabaram se tornando um ímã que atrai todos os que precisam de apoio.

- Por sorte a essência dessas crianças é boa, porque do contrário eles não estariam em bom caminho, depois de tudo que passaram na vida. – Soya sorriu docemente. – Eles nos ensinaram muito até hoje, não irão encontrar jovens mais sérios, responsáveis e prestativos como esses. – Ela assegurou.

- Tenho certeza!- O pai de Dean achava o mesmo. – Espero que sejam muito felizes em retribuição por tudo que fizeram pelos outros.- Ele desejou.

- Nós, também, desejamos isso!- Tul falou de coração apertado, sempre o entristecia ao falar sobre o passado dos seus pequeno ele queria ter o poder de apagar tudo e rescrever a história fazendo seus pequenos terem lembranças diferentes.

- Bem... Vamos falar de coisas boas...- Max propôs mudarem de assunto, aquilo também o mexia profundamente. – Vamos ter fé de que o destino se encarregará de trazer sempre boas circunstâncias para podermos ver nossos pequenos felizes. – Ele levantou sua taça para um brinde. – Vejam o inesperado encontro de duas irmãs que iniciam seus laços de família...- Sua voz embargou e seu companheiro o abraçou gentilmente o compreendendo e compartilhando da mesma emoção.

- Que cada um encontre o caminho da felicidade. – O pai de Dean brindou a isso e os demais levantaram suas taças encerrando o assunto doloroso e conversando sobre coisas mais leve.

Na área da piscina o grupo mais jovem era bastante barulhento, Manaow estava dando um banho nos meninos que jogavam com ela, o que a fazia sorrir deixando Pruk cada vez mais encantado com sua beleza. Pruk observava o jeito que ela sorria com carinho para seus irmãos, a forma que colocava as mechas de cabelo atrás da orelha, o leve biquinho e a testa franzida enquanto se concentrava na nova jogada, a voz suave e brincalhona, tudo a fazia mais linda o fazendo se apaixonar mais a cada instante. Infelizmente seus olhares não passou despercebido por uma dupla de arteiros.

-P’Pruk, você quer um babador?- Can riu do mais velho. – Assim você irá secar minha irmã. – Ele implicou com o mais velho o fazendo corar e Manaow olhou para eles confusa.

- P’Manaow, acho que você ganhou um admirador. – Ae sorriu para sua irmã, mas a menina não sorriu de volta, ela olhou para o jovem a sua frente por alguns segundos e voltou sua atenção novamente para o jogo sem dizer uma palavra, ela se retraiu deixando os três companheiros de jogo culpados por provocarem a mudança dela.

Perto da mesa onde jogavam se ouvia o riso de Kanda que se misturava ao de Phoom e Kao que corriam pelo gramado tentando pegar a menina travessa, Intoch observava a alegria dos três, enquanto lembrava da sua própria infância naquela casa vazia. O jovem ficava feliz que  Kanda pudesse crescer rodeada de carinho, para que se um dia a pequena lembrasse de seu passado e, este fosse tão ruim quanto o dele, ela teria aqueles momentos compensatórios que diminuiriam sua dor e, teria para sempre todos esses irmãos e irmãs por ela, para que nunca se sentisse sozinha. Por um momento seu olhar se prendeu em Kao que se divertia feito criança, tão diferente daquele personagem paquerador de quando se conheceram e, Intoch não sabia se isso era bom ou ruim, por um lado se o sênior se mantivesse naquela postura, eles teriam acabado por se divertir juntos e depois cada um para seu lado, como todos os outros que passaram por suas mãos, por outro lado essa versão sem barreiras deixava o mais velho muito mais interessante do  que antes, mas agora Kao já fazia parte da vida dos seus pequenos o que tornaria tudo mais complicado.

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