Caminhando para sala de cinema Kanda estava muito feliz com os vários presentes que recebeu , que estavam guardados na mochila de Intoch e, com os novos amigos que acabou de conhecer. A princesinha da casa era muito alegre, sempre rodeada por seus Phis e cuidada com todo zelo, todas as suas perdas estavam sendo preenchidas com muito amor. A menina vinha saltitante de mãos dadas com Intoch quando reparou que seu novo Phi caminhava ao lado olhando com uma cara boba estranha, na cabecinha dela o motivo era que ele queria brincar junto, então ela pegou a mão livre de Kao com um sorriso.
(KANDA)
Kao levou um susto quando sentiu uma pequena mãozinha segurar a sua, olhou para baixo e viu a Kanda sorrindo para ele. Aquele sorriso lhe encheu de um sentimento tão inesperado, era como se tudo estivesse perfeito e em seu devido lugar. O sênior ficou feliz de estar ali naquele momento construindo laços com seu pequeno Nong e todos que lhe eram queridos, especialmente aquele raio de sol. Ele começou a conversar com a menina animadamente sobre as coisas que ela gostava de fazer o que ela respondia com muito gosto e, Kao ainda podia ver Intoch prestando atenção na conversa deles.
Intoch viu kanda pegar a mão de Kao com tanta naturalidade que o fez imaginar como seria ter uma família assim. Seus rápidos flertes nunca levaram a nada, porque no final ele nunca conseguiu dar um passo a frente, confiar em alguém daquela forma estava longe de sua capacidade. Ver o sênior conversar tão animado com sua princesinha o faz crer que um dia ele seria um bom pai, capaz de amar seus filhos acima de qualquer coisa. Esse pensamento lhe inquieta a alma trazendo lembranças dolorosas que estavam soterradas em seu coração, o pequeno olha para Kao e se pergunta: "Porque ele o atinge dessa maneira?; Porque não consegue apenas flertar com o mais velho e partir para outra conquista?; Porque o sênior fica rondando e não chega logo como os outros?; E, porque P'Kao é tão diferente?" Apesar de todas essas perguntas Intoch não sabia se realmente gostaria da resposta.
Os três chegaram na sala de cinema, os jovens se sentaram com Kanda na poltrona entre eles. O mais jovem pegou seu celular e começou a mexer para passar o tempo, mas em determinado momento ele percebeu que seu sênior e a pequena estavam realmente se divertindo, eles riam das cenas engraçadas, dividiam a pipoca, pareciam estar em um mundo fofo só deles, então ele guardou seu telefone para compartilhar daquele momento. Intoch passou a prestar atenção no filme e se integrar na conversa de seus acompanhantes, que ficaram muito felizes com isso.
Como todo bom filme de animação infantil, aquele tinha lindas canções em sua trilha sonora e seus personagens bailavam na grande tela encantando cada vez mais as crianças que o assistiam. Kanda empolgada se levantou de sua poltrona e começou a dançar e cantar no corredor entre as fileiras de cadeiras (**). Kao aproveitou a oportunidade e pulou do seu acento para o que Kanda desocupou, se aproximando de Intoch para conversar.
- É triste perder a memoria assim, se esquecer da sua família e de sua história... - Kao refletia ao olhar kanda dançar a sua frente. - Ela tem sorte de ter encontrado vocês. - O maior sorriu se recostando na poltrona.
- Eu discordo... - Intoch falou em uma voz embargada fazendo o maior virar a cabeça para olhar o jovem sentado ao seu lado. - As vezes é melhor esquecer que você não foi desejado por seus pais e que sua mãe que teoricamente deveria te amar te abandonou no lixo. - Comentou ele quase parra si mesmo.
O Nong deixou escapar suas lágrimas silenciosas, vendo a tristeza do jovem, Kao ajeitou o corpo e estendeu a mão para pegar a do seu pequeno e apertou forte.
- Se quiser falar sobre isso estou aqui. - Kao incentivou.
- Não vale a pena. - Intoch murmurou secando suas lágrimas.
- Tudo que machuca não vale a pena deixar guardado... - Ponderou Kao. - Falar as vezes alivia.
- Eu não fui uma criança planejada, desde que eu me entendo por gente, minha mãe fazia questão de me dizer que eu fui um erro e que meu pai nem quis saber. - Intoch falou após pensar um pouco. - Eu vivia trancado em casa sozinho com um pouco de água e comida fria ou pão, ela não se dava o trabalho de cuidar de mim depois dos três anos de idade, mais tarde quando completei cinco ela arrumou um namorado que não gostava de criança então eu fui descartado. - Ele deu de ombros.
- Como assim descartado? - Kao sentiu um frio na espinha, completamente chocado com o que ouvia de seu Nong, ele desenhou círculos com aos dedos na mão do menor sem saber direito como confortar daquela dor absurda.
- Fácil assim... - Intoch baixou os olhos. - Um dia ela me arrumou e disse que íamos passear, eu claro fiquei muito animado, lembro de pegarmos um ônibus, depois uma longa viagem de trem, então descemos em uma grande estação, andamos pela cidade e de repente paramos em um beco... - Ele respirou tentando conter as lágrimas. - Ela me disse para esperar que ia comprar sorvete, eu nunca havia tomado um sorvete... eu esperei... fiquei ali aguardando mas ela não voltou. Uns funcionários de uma fábrica perto de onde eu estava me encontraram e me levaram para a policia. - Kao conteve suas próprias lágrimas que queriam rolar . - Da delegacia eu fui levado para o orfanato, cheguei lá tão assustado chorando eu só queria ir embora, foi quando me vi rodeado por outras três crianças que diferente das outras do orfanato não riam de mim, apenas ficaram lá me observando em um apoio silencioso, como se entendesse a dor que eu estava sentindo e, de fato entendiam. - Ele inclinou a cabeça de lado.
- Eram N'Team, N'Pharm e N'Manaow? - Kao queria confirmar.
- Sim. - Confirmou Intoch. - Quando minhas lágrimas cessaram P'Team sorriu para mim dizendo que ali eu estaria bem e que seríamos uma família e, depois de eu contar tudo para eles pediram a Mãe Sida, que trabalhava lá na época, para comprar um pouco de sorvete para mim. - Ele sorriu com a lembrança. - Imagina minha felicidade não somente por provar finalmente o sorvete, mas ter alguém que se importava de verdade comigo.
- Eu imagino e sou grato por você ter sido acolhido por eles... - Kao estava realmente feliz por eles terem se encontrado e se mantido firmes até ali, ele levou uma mão para o rosto de Intoch para secar suas lágrimas . - Eu também me importo mesmo com você e sempre estarei aqui para o que precisar! - Ele prometeu e beijou a bochecha do júnior deixando-o surpreso.
A canção acabou e Kanda se virou para encarar seus Phis, ela riu ao reparar as mãos entrelaçadas no braço da poltrona, e para que não afastar os dois ela se sentou no colo do Intoch, e dali ficou assistindo o restante do filme. Como a sessão deles foi a primeira a encerrar eles caminharam para a pizzaria, pediram o garçom para juntar algumas mesas e já fizeram alguns pedidos para aguardar os demais.
♡♡♡♡♡♡♡(**) Gente isso é uma memória afetiva 😍🤗 a primeira vez que levei minha sobrinha no cinema ela fez isso achei tão fofo que guardo na lembrança.
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Anjos da Noite
FanfictionTeam integra um grupo de órfãos que lutam por sobrevivência e, para defender outras crianças para que não sofram as mesmas perdas e agressões que eles sofreram um dia. Foram tantas decepções que eles não acreditam em mais ninguém além deles mesmos. ...