Como dos quatro amigos apenas Kao foi com o próprio carro aquele dia, ele ficou responsável por levar os outros três em casa.
- Estou me sentindo como se estivesse andado em uma montanha russa várias vezes seguidas. – Kao comentou pegando a estrada. – Eles são intensos e escorregadios... e, que história de peça é essa? – Ele bateu no volante frustrado. - Só as crianças e as meninas acreditaram certo?
-Na verdade não foi uma peça que foram pregar... eles foram ajudar alguém.- Win declarou pensativo.
- N'Team te disse isso?- Dean questionou.
-Não, N’Team não me disse nada e eu também não perguntei, mas eu vi no olhar dele... era o mesmo tipo de olhar do meu pai.. sabe?! Meu pai tem esse olhar quando trabalha em casos muito duros é como se algo dentro dele fosse quebrado. - Win explicou.
-Acho que você tem razão Win, teve um momento que N'Ae quase chorou, foi algo pesado que eles passaram na rua. -Pruk comentou lembrando do que viu. – Eles inventam esses artifícios para seus menores não se preocuparem, no final eles só querem proteger os menores da maldade do mundo .
- Se assim for, quem os protegem? – Dos quatro Dean era o que mais tinha dificuldades para compreender as atividades dos Nongs. – Eles são apenas crianças. - Ele exasperou.
- Crianças que já sofreram muito na vida e que decidiram fazer tudo ao seu alcance para que ninguém passe pelo que passaram. – Kao refletiu e o resto da viagem seguiu em total silêncio, cada um pensando em seus momentos com seus Nongs preferidos e em seus próprios conflitos internos.
*** Na casa de Pruk ...
Assim que entrou em casa o rapaz olhou para luz acesa do escritório e se encaminhou para cozinha, no lado oposto. Ele preparou duas xícaras de chá e um sanduíche com tudo que achou na cozinha, colocou na bandeja e seguiu de volta ao escritório. Quando abriu a porta viu seu pai levantar a vista surpreso, mas mesmo assim o senhor abriu um sorriso comovido com o ato gentil de seu filho, então abriu espaço na mesa juntando as fotos que estavam espalhadas para que o jovem pudesse colocar a bandeja que trazia na mão. Pruk colocou as coisas na mesa e puxou uma cadeira para sentar mais próximo de seu pai.
- Coma o sanduíche pai, eu comi pizza com meus amigos. – Pruk falou ao ver o pai incerto de pegar o sanduíche.
- Humm está muito gostoso, obrigado! – O pai agradeceu, ele na verdade não tinha fome mas não ia recusar algo feito com carinho pelo seu filho único. – E, como foi com os amigos, você se divertiu?- Ele faria o seu melhor para ter uma boa conversa com o filho, sua depressão os tem afastado um pouco.
- Foi bom... – Pruk hesitou um pouco. – Nós jogamos, assistimos um filme e comemos pizza. – Comentou ele.
- E nos intervalos? - Seu pai incentivava a estabelecer um diálogo de verdade. – Pruk... Eu sei que não tenho sido um bom pai ultimamente, mas estou aqui para você, então você pode me contar qualquer coisa que eu darei o meu melhor. – Ele colocou a mão no ombro do filho.
- Os intervalos são complicados. – Confessou o jovem esticando seus braços sobre a mesa e repousando a cabeça sobre eles, seu pai paciente levou as mãos até os cabelos de Pruk lhe fazendo um cafuné que tanto lhe fazia falta nesses tempos.
- E, porque você não descomplica? Vamos me conte o que está amargando em seu coração. – Pruk virou o rosto para encarar seu pai que lhe sorriu com aquele riso característico dele que transmite ternura e confiança.
O coração de Pruk se encheu de amor e saudade, por mais que tenha tentado se enganar ele sentia falta desse pai carinhoso e atencioso, sentia falta das boas conversas e risadas. E, de repente ele percebeu que esse pai sempre esteve ali por baixo da camada desesperadora da doença e que ele próprio se afastara deixando sua mãe lidar sozinha com a depressão dele, ao invés de lutar junto para manter a pessoa que tanto amava ao seu lado. O jovem pensou que teria que mudar sua atitude a partir daquele momento e voltar a se aproximar do seu pai, então ele começou a narrar desde o primeiro dia que se encontrou com o quarteto de anjos.
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Anjos da Noite
FanfictionTeam integra um grupo de órfãos que lutam por sobrevivência e, para defender outras crianças para que não sofram as mesmas perdas e agressões que eles sofreram um dia. Foram tantas decepções que eles não acreditam em mais ninguém além deles mesmos. ...