Capítulo 27 - O Retorno

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Como dos quatro amigos apenas Kao foi com o próprio carro aquele dia,  ele ficou responsável por levar os outros três em casa.

- Estou me sentindo como se estivesse andado em uma montanha russa várias vezes seguidas. – Kao comentou pegando a estrada.  – Eles são intensos e escorregadios... e,  que história de peça é essa? – Ele bateu no volante frustrado. - Só as crianças e as meninas acreditaram certo?

-Na  verdade não foi uma peça que foram pregar... eles foram ajudar alguém.- Win declarou  pensativo.

- N'Team   te disse isso?-  Dean questionou.

-Não, N’Team não me disse nada e eu também não perguntei, mas eu vi no olhar dele... era o mesmo tipo de olhar do meu pai.. sabe?!  Meu pai tem esse olhar quando trabalha em casos muito duros é como se algo dentro dele fosse quebrado. -  Win explicou.

-Acho que você  tem razão Win, teve um  momento que N'Ae   quase chorou, foi algo pesado que eles passaram na rua. -Pruk comentou lembrando do que viu.   – Eles inventam esses artifícios para seus menores não se preocuparem, no final eles só querem proteger os menores da maldade do mundo .

- Se assim for, quem os protegem? – Dos quatro Dean era o que mais tinha dificuldades para compreender as atividades dos Nongs. – Eles são apenas crianças. -  Ele exasperou.

- Crianças que já sofreram muito na vida e que decidiram fazer tudo ao seu alcance para que ninguém passe pelo que passaram. – Kao refletiu e o resto da viagem seguiu em total silêncio, cada um pensando em seus momentos com seus Nongs preferidos e em seus próprios conflitos internos.

***  Na casa de Pruk ...

Assim que entrou em casa o rapaz olhou para luz acesa do escritório e se encaminhou para cozinha, no lado oposto. Ele preparou duas xícaras de chá e um sanduíche com tudo que achou na cozinha, colocou na bandeja e seguiu de volta ao escritório. Quando abriu a porta viu seu pai levantar a vista surpreso, mas mesmo assim o senhor abriu um sorriso comovido com o ato gentil de seu filho, então abriu espaço na mesa juntando as fotos que estavam espalhadas para que o jovem pudesse colocar a bandeja que trazia na mão. Pruk colocou as coisas na mesa e puxou uma cadeira para sentar mais próximo de seu pai.

- Coma o sanduíche pai, eu comi pizza com meus amigos. – Pruk falou ao ver o pai incerto de pegar o sanduíche.

- Humm   está muito gostoso, obrigado! – O pai agradeceu, ele na verdade não tinha fome mas não ia recusar algo feito com carinho pelo seu filho único. – E, como foi com os amigos, você se divertiu?- Ele faria o seu melhor para ter uma boa conversa com o filho, sua depressão os tem afastado um pouco.

- Foi bom... – Pruk hesitou um pouco. – Nós jogamos, assistimos um filme e comemos pizza. – Comentou ele.

- E nos intervalos? -  Seu pai incentivava a estabelecer um diálogo de verdade. – Pruk... Eu sei que não tenho sido um bom pai ultimamente, mas estou aqui para você, então você pode me contar qualquer coisa que eu darei o meu melhor.   – Ele colocou a mão no ombro do filho.

- Os intervalos são complicados. – Confessou o jovem esticando seus braços sobre a mesa e repousando a cabeça sobre eles, seu pai paciente levou as mãos até os cabelos de Pruk lhe fazendo um cafuné que tanto lhe fazia falta nesses tempos.

- E, porque você não descomplica?  Vamos me conte o que está amargando em seu coração. – Pruk virou o rosto para encarar seu pai que lhe sorriu com aquele riso característico dele que transmite ternura e confiança.

O coração de Pruk se encheu de amor e saudade,  por mais que tenha tentado se enganar ele sentia falta desse pai carinhoso e atencioso, sentia falta das boas conversas e risadas. E, de repente ele percebeu que esse pai sempre esteve ali por baixo da camada desesperadora da doença e que ele próprio se afastara deixando sua mãe lidar sozinha com a depressão dele, ao invés de lutar junto para manter a pessoa que tanto amava ao seu lado.  O jovem pensou que teria que mudar sua atitude a partir daquele momento e voltar a se aproximar do seu pai, então ele começou a narrar desde o primeiro dia que se encontrou com o quarteto de anjos.

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