Capítulo 74 - Reviravoltas

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Como prometido, Team desceu para confraternizar com a família, mesmo com a cabeça latejando. Ele se sentou no canto da sala, longe da claridade da janela, recostando a cabeça na poltrona e, como bons filhos que recebem um pai, aos poucos as crianças estavam a sua volta verificando se ele precisava de algo, para o que o menino apenas negava e sorria em agradecimento. Tul olhou para o semblante apático de seu Nong e, angustiado caminhou até ele, o mais velho estava muito preocupado com as reações que as emoções contidas de Team pudessem provocar ao seu corpo físico. Ao se aproximar seus olhos se cruzaram e, Tul sentiu mais tristezas ao se deparar com o olhar vazio do menino, seu pequeno estava se quebrando novamente. Suspirando o sênior tirou um frasco de comprimidos do bolso e, estendeu na direção de Team.

- O Nong esqueceu de retirar esse mês, tomei a liberdade de trazer comigo. - Tul olhou sua criança pegar os comprimidos e resmungar um agradecimento. - As dores de cabeça estão voltando? Você está conseguindo dormir o suficiente? - Ele questionou preocupado.

- Não precisa se preocupar comigo. - Team foi bem seco e, se levantou indo para fora, deixando Tul com os olhos marejados.

Team foi para a piscina esfriar a cabeça e a tensão muscular, logo ele foi seguido por Manaow e Intoch, que ficaram silenciosamente observando o irmão nadar duramente. Depois de cerca de vinte minutos, Team saiu da água, exausto e ofegante, para se sentar ao lado dos irmãos. Os três mantinham a quietude em volta para acalmar seus espíritos bravos. Pharm seguiu o rastro dos irmãos e veio junto com Max e Tul, o que não agradou muito os irmãos, mas o pequeno estava disposto a resolver aquela situação chata, então, ele sentou próximo aos irmãos e, indicou para os sêniores, também, se sentarem em frente a eles, a tensão era quase palpável.

- Humm... Eu sei que agi muito errado com vocês... - Max foi o primeiro a quebrar o silêncio. - Mas eu quero me redimir, não queremos ficar longe das crianças e,...- Ele queria tentar arrumar as coisas.

- A casa é de vocês, quem os está impedindo de entrar? - Intoch o interrompeu levantando as sobrancelhas.

- Essa casa é o lar de vocês, por tanto, pertence a vocês, nós respeitamos isso! - Tul corrigiu o menor.

- Nós só queremos voltar a ser parte da família, mas não vamos impor nossa presença a vocês... - Max tomou a palavra.

- Pharm já aceitou você... Os demais também, acho que já é o suficiente. - Manaow argumentou encarando Max.

- Não para nós... principalmente quando devo a vida do meu irmão a vocês, que o acolheram, o protegeram e o amaram quando eu não estava presente. - Max foi sincero.

- Não precisamos de sua gratidão... - Team cortou afiado. - Vocês podem ver as crianças quando quiserem, não vamos nos importar e, se estivermos incomodando saímos...- Ele ponderou.

- Não! De jeito nenhum... - Tul se alterou. - Sei que tudo isso é uma merda, que fugiu do controle... mas vocês precisam entender que estávamos com medo disso acontecer de os perdemos, todos vocês são importantes para nós, não é justo... - Ele rompeu em lágrimas.

- Nós somos injustos agora? - Intoch bufou com uma risada debochada. - Engraçado... A vida nunca nos foi justa... Sempre traiçoeira, trazendo pessoas mentirosas , enganadoras para nos machucar... E, temos simplesmente que aceitar e, nos conformar... - Ele os olhou com dor quando suas lágrimas começaram a cair.

- Não é isso... - Tul sussurrou incapaz de contrapor as duras palavras do menino.

- Pode parecer birra ou uma coisa sem importância, mas para nós confiança vem acima de tudo e, não temos mais em relação a vocês. - Manaow revelou deixando os mais velhos sentidos.

- Eu... eu sinto ser o causador da abertura das feridas de vocês... - Pharm se pronunciou triste. - Eu sei o que vocês estão sentindo e, desculpe por ser egoísta em não querer abrir mão de nenhum dos lados. - Ele também começou a chorar em meio ao impasse do seu coração.

- Você não tem culpa... Nenhum de vocês têm culpa. - Max acariciou com carinho a cabeça do irmão. - Eu errei em não contar antes, mas nosso amor por vocês sempre foi sincero. - Ele argumentou .

- Nós precisamos encontrar um meio termo para conseguirmos voltar a conviver pacificamente com vocês. - Team olhou para os sêniores. - Não será um caminho fácil... Mas Pharm merece nossa tentativa. - Ele não aguentava ver nenhum dos seus irmãos sofrendo.

- Hum... Já é um começo... - Max sorriu acanhado. - Farei o meu melhor para reconquistar a confiança de vocês. - Prometeu apertando a mão de Tul , aliviado.

- Obrigado P'Team! - Pharm abraçou o irmão. - Obrigado a todos vocês! - Ele olhou com carinho para seus outros irmãos que lhe sorriram amorosos.

Esclarecido as coisas e, com a provável reconciliação os dois sêniores se despediram dos Nongs, eles tinham muito o que pensar para não deixarem as coisas desandarem novamente, aquela era uma segunda chance valiosa. Os menores ainda ficaram um bom tempo na área da piscina em silêncio, depois de recompostos eles voltaram para junto dos outros que ainda estavam animados comendo e brincando. Em uma atmosfera mais pitoresca, eles se dividiram em dois grupos, um para planejar o passeio em casais e, outro para organizar algo para os solteiros e as crianças, que ficariam a cargo deles.

No dia seguinte Mãe Sida saiu com Phoom para comprar alguns itens que faltavam na dispensa, ela gostava como suas crianças sempre gostavam de acompanhá-las nessas pequenas tarefas, eles todos eram bom filhos para ela e Soya. Animado o jovem menino pegou a lista de itens e saiu pelos corredores enquanto a mãe escolhia as frutas e legumes. Distraidamente Sida olhou para um setor a frente onde tinham muitos pães e sanduíches apetitosos que Mali e Can gostavam de devorar, pensando em levar alguns ela se encaminhou para lá. Foi quando ela reparou na figura de um homem com um terno surrado e olhos famintos, olhando indeciso para os lanches a mostra.

- Ei... Tome aqui. - Sida tirou um dinheiro da bolsa e, pegou dois sanduíches, entregando ao homem. - Não sinta vergonha em aceitar ajuda, eu já estive nesse lugar. - Ela sussurrou para o homem que a olhava em dúvida.

- Obrigado! - O homem disse com os olhos cheios de lágrimas. - Eu perdi meu emprego e, acabei tendo que voltar para Bangkok, na tentativa de refazer a vida, mas não está sendo fácil. - Ele confessou. - Os amigos de antes até fingem não me conhecerem... - O homem secou as lágrimas que caíram.

- Somente os verdadeiros permanecem ao nosso lado. - Sida falou compreensiva. - Mas se você é bom, sempre terá alguém ao seu lado para lhe estender a mão. - Ela sorriu, mas seu ouvinte chorou ainda mais.

- E, quando não se é bom? - Ele questionou triste. - Eu fiz uma grande maldade uma vez... agindo de forma egoísta. - O homem parecia desolado.

- Mãe!? - A voz de Phoom ansioso chamou a atenção de Sida e do homem que conversava com ela. - Você!? - O menino olhou surpreso para o cara.

- Oh... Por Buda!!! - O homem se jogou aos pés do menino, se curvando enquanto as lágrimas jorravam de seus olhos. - Perdão ... Eu fui um monstro... O que eu fiz me assombra até hoje. - O homem implorava enquanto o menino estava chocado e Sida surpresa.

- O que está acontecendo? - Sida questionou puxando Phoom para si de forma protetora.

- Esse era o meu padrasto... - Phoom sussurrou assustado e, Sida compreendeu tudo.

Anjos da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora