Capítulo 36- De Coração Aberto

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Os rapazes mais velho seguiram juntos, todos iriam dormir na casa de Win, porque era a residência mais próxima a universidade o que facilitaria que chegassem bem cedo para organizar as coisas para a viagem . Os quatro seniores eram os responsáveis pela organização e realização do retiro de boas vindas proporcionada pelo clube, que serviria para avaliar e treinar a resistência dos novatos com exercícios e competições, individuais e coletivas, aproveitando para entrosar o grupo de nadadores com os recém chegados. Win, notoriamente era o mais ansioso, pois era o único que teria seu Nong vindo com eles e, tendo a vantagem do resort ser da família da mãe dele, então ele conhecia cada cantinho e, poderia usar isso ao seu favor. Eles seguiram para o carro do Win em silêncio, na expectativa de que Pruk contasse o que ocorreu.

- Fala logo o que houve. – Dean perguntou assim  que entraram no carro, ele estava irritado com a falta de socialização do amigo e tenso tentando entender o que aconteceu.

- Calma, ele está tentando processar as coisas. – Kao advertiu Dean, era só olhar para Pruk que conseguiria entender o que estava acontecendo em sua mente.

- Dean essa sua atitude não ajuda. – Win balançou a cabeça em lamentação.

- E, ninguém além de mim quer saber? – Dean bufou e afundou no banco do passageiro ao lado de Win.

- Sim queremos, mas não desesperadamente. – Win olhou para o amigo. – Eu já tenho uma vaga ideia do que possa ter acontecido e, tive a certeza de minhas suspeitas porque o N’Team respondeu em concordância quando eu disse que era bom ter todos em segurança. – Ele acrescentou.

- Se você o abordou, porque não questionou logo sobre o que estava acontecendo?- Dean estava incrédulo com a tranquilidade que todos estavam tratando aquela situação dos Nongs.

- Entenda... – Win suspirou.- Eu quero que o Nong saiba que estou aqui para apoia-lo e dividir qualquer peso que ele carregue, quando ele sentir confiança em mim ele se abrirá. – O rapaz refletiu. – Não preciso e nem tenho o direito de força-lo a se abrir se ele não está pronto para isso.

- Isso prova que estamos amadurecendo e que estamos prontos para ter uma relação seria. – Kao pensou alto. – Demostrar confiança neles nos ajuda a se aproximar mais. – O sênior abriu um sorriso tímido. – Isso é amor? – Questionou e todos se entre-olharam e sorriram mais ainda.

-  Eu estou tão confuso. .. – Dean confessou.

- É natural, todos estamos andando por terreno desconhecido... – Pruk entrou na conversa. – Eu levei muito tempo refletindo sobre o que me incomodava mais em relação aos pequenos, acha que era o fato de ferirem meu ego nos rejeitando, mas na verdade o problema era que eles me forçavam a olhar para dentro de mim e, isso doeu, porque percebi o quão mesquinho eu estava sendo, o quanto eu não valorizava tudo que tenho. – O rapaz estava com os olhos marejados.

- Eu quebrei com as palavras de Pharm no dia do cinema. – Win confessou com o mesmo tom de lamento do amigo. – E, quando vi o olhar devastado do N’Team no banheiro eu percebi que eu não era nada... E, a única coisa que eu queria fazer era tentar compensar toda a dor que ele sentia e servir de apoio para ele, depois teve o lance de ajudar uma família desconhecida... SHIA!! – Ele se exaltou. – Eu sou o mais velho e paralisei pensando se ajudava ou não uma criança que estava sendo intimidada e o Nong nem piscou... Eu tive orgulho e admiração por ele e, quero que um dia ele possa sentir isso por mim. – Win afirmou com um sorriso doce.

- O mesmo me aconteceu, eu tenho negligenciado minha família por uma birra infantil e tenho sido chacoalhado a todo instante pelas atitudes e postura deles.- Kao também resolveu abrir o coração. – Nossa! ... Eu me vejo como uma criança diante da maturidade deles, mas eles são tão generosos conosco que supera essa inquietação...

- Como generosos? – Dean arregalou os olhos. – Só vejo eles nos rejeitando quando achamos que estamos chegando perto. – Ele ainda não compreendia onde estava a generosidade.

- Está  em apesar de sermos como somos: arrogantes, mimados e egoístas, eles não se afastaram. – Kao respondeu incrédulo. – Eles poderiam simplesmente nos ignorarem, mas optaram por não fazer isso, o que talvez, possa significar que temos alguma chance de melhorar como pessoas. – Ele argumentou.

- Dean se você não conseguir enxergar que precisa reavaliar sua postura, infelizmente jamais conseguirá alcançar o N’Pharm. – Win foi direto, fazendo o amigo o encarar feio. – Estou falando sério, de nós quatro você é o único que ainda está com vontade de molda-los a “nossa maneira”, nós já acolhemos que eles são diferentes e que podemos crescer mais com eles.

-Win está certo! – Pruk suspirou. – Isso não é fácil, mas precisa admitir que eles estão muito distante de nós em termos de vivência e, hoje eu presenciei o quanto eles levam a sério a questão de proteger a família e, quanto eles são temidos nas ruas, principalmente o N’Team... – Pruk relatou o que ele conseguiu ver e a sensação de impotência que sentiu.- Eles realmente tem outra vida, mas ao invés de eu ficar desconfiado ou irritado por isso... – Ele olhou para Dean que o encaravam pelo retrovisor. – Eu fico encantado com a força que eles possuem e, quero ser digno de fazer parte um dia.

- Vocês agora vão todos me crucificar? – Dean se revoltou.

- Não estamos te crucificando ou te repreendendo, apenas estamos te alertando. – Kao foi gentil. – Eles cresceram órfãs, com histórias tristes que marcaram suas vidas,  viveram muito tempo nas ruas, mas fizeram disso sua força, construíram uma família unida que se valoriza ao extremo, porque pessoas como eles dariam bola para pessoas como nós? – Ele fez Dean pensar. – Então se não mostrarmos que não somos superficiais e, ficarmos questionando qualquer coisa só vamos afasta-los e, não é isso que queremos. – Os outros concordaram e Dean ainda ficou remoendo tentando assimilar tudo antes de responder.

- Acho que compreendi... – Dean resmungou tímido, odiava admitir seus erros, mas o que os amigos diziam fazia todo sentido, até para ele. – Eu vou tentar... – Ele suspirou.

-Isso já é um começo! – Win sorriu para o amigo. – Vamos que ainda temos muita coisa a arrumar para amanhã. – Ele disse estacionando o carro em sua casa .

Os três rapazes seguiram Win até seu quarto e começaram a se ocupar dos afazeres para o evento que iniciava no dia seguinte. Dean estava repassando mentalmente a conversa que teve com os amigos e todos os momentos que estiveram com os Nongs e, pode compreender em quais momentos parecia que eles queriam distância deles, era quando agiam de forma autoritária ou com o rei na barriga, impondo uma coisa que não lhes dizia respeito. Com tristeza mas humildade ele admitiu que vinha errando muito e, considerava o fato de ter realmente uma família perfeita, sem qualquer problema, que o fez demorar a perceber tudo aquilo, não que isso fosse ruim, mas seus amigos tiveram uma percepção mais rápida por se verem errando diante dos problemas de suas famílias. O sênior lembrou da conversa que teve com a irmã, que agora fazia muito mais sentido. Todos terminaram seus afazeres e foram dormir, pois o fim de semana seria longo e, a estrada a ser percorrida por Dean seria muito mais.

Anjos da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora