O pediatra e o psicólogo que acompanham Kanda, fizeram uma visita a Lawan, junto com o residente Tul, os três tranquilizaram a mãe da menina quanto a sua saúde e discutiram sobre a melhor forma de a introduzir novamente na vida da pequena, para que nada agrave a situação da mente dela. A primeira coisa que definiram que era melhor Lawan se recuperar para que a encontre, o que foi um baque no coração dela, pois desejava ver sua filha imediatamente, mas se isso era importante para resguardá-la ela aguentaria. O psicólogo pegou detalhes da vida das duas para ir introduzindo em suas sessões com Kanda para prepara-la para o reencontro e Tul propôs que ao invés de levá-la, Lawan fosse morar na mansão para facilitar o processo de adaptação.
- Oh... Eu não posso fazer isso, eles já fizeram muito salvando minha menina, não posso incomodá-los dessa maneira. – Lawan estava envergonhada de precisar tanto dos “estranhos”.
- Não será nenhum incomodo... na verdade essa ideia veio deles e, eu conversei com os meus colegas aqui para ver se está forma ajudaria o processo de recuperação de Kanda... Ah Sanoh.. Desculpe é o hábito. – Tul explicou.
- A escolha final é sua, como mãe da criança, mas de fato o que Tul propôs é uma alternativa melhor para não causar estresse a menina com uma mudança repentina, que pode retroceder nossos avanços. – O médico colocou seu parecer.
- Lawan deixa eu lhe falar como uma pessoa que convive com esses jovens. – Tul fez uma nova abordagem vendo a mulher em uma dúvida crucial. – Na verdade sou um dos tutores deles e, posso falar por todos da casa nesse assunto, nós amamos sua filha e queremos o melhor para ela. – Ele sorriu vendo o brilho de alegria nos olhos da paciente. – Aquela casa é o lar de qualquer pessoa que precisa de ajuda e, você é mais que bem vinda. – Tul segurou mão com carinho e os demais médicos acenaram confirmando. - Não precisa responder agora só pense na proposta e, realmente não se preocupe em incomodar.- Ele se levantou e saiu junto com seus colegas para deixar a moça descansar .
Mãe Soya e Mãe Sida, também, fizeram uma visita a moça acamada, que ficou encantada com as duas senhoras e agradecida por toda a atenção e delicadeza com ela e sua filha. As duas mulheres relataram todas as coisas que Kanda fazia e como ela se relacionava com o restante da família, detalharam todas as histórias atrás de cada integrante, incluindo elas próprias, para que a jovem entendesse que aquele era um lugar seguro e de reconstrução de vidas, aproveitando para reiterar o convite dela ir residir na casa até a melhora da menina. E, tudo aquilo emocionou demais a jovem, por entender a tamanha sorte que ela teve de sua filha ir parar naquele lar. As mães já estavam mais relaxadas e mostrando fotos de Kanda e seus outros pequenos, quando a tia de Lawan entrou no quarto e logo foi inteirada sobre todas as novidades.
- Nossa... Quando Kao me contou eu quase não acreditei... Eu tenho tanto a agradecer a vocês e suas crianças. – A mãe de Kao se dirigiu as mulheres. – Não só por cuidar da Sanoh... Mas esses jovens sempre estavam aqui me animando enquanto Lawan estava em coma ... E, todas as mudanças que tenho visto no meu filho depois que ele tem andado mais com suas crianças... – Ela estava com os olhos marejados.
- Nossas crianças são uma verdadeira benção! – Exclamou Sida orgulhosa e as demais concordaram.
As três mulheres saíram em uma conversa animada trocando histórias, quando esbarraram na mãe de Pruk que ia tirar seu intervalo no café em frente ao hospital e, acabou arrastando as outras para lhe fazer companhia. A mãe de Pruk, também, adorou as Mães das crianças de Tul, como todos do hospital os chamavam, ela já tinha ouvido muitos elogios sobre essas duas mulheres guerreiras que enfrentaram muitas dificuldades e, conseguiram superar tudo e se transformarem em uma grande base de apoio para seus filhos do coração. As mães dos seniores nutriam muita admiração e gratidão por aquela família e, de todo coração desejavam muita felicidade para todos eles.
******
Passado as turbulências que abalaram a todos, aquela noite serviria para os relaxar, ou ao menos, era o que esperava um jovem nadador ansioso. Pruk estava eufórico por ter chegado, finalmente, o grande dia da noite de jogos em sua casa. Antes era uma coisa boba que fazia entre ele e os três melhores amigos quando estavam entediados e sem vontade de sair, mas naquela noite ele receberia os novos amigos, o que lhe causava borboletas no estômago, porque tudo tinha que estar perfeito para receber Manaow e sua família. E, ele tinha algo remexendo em seu coração dizendo que aquela noite ajudaria muito seu pai, o rapaz apostava que após conhecer aquelas pessoas que se reconstruíram depois de tanto sofrimento, seu pai teria mais força para lutar contra a depressão, parando de deixar que a tristeza pela morte de sua irmã destrua sua vida.
O rapaz já tivera que mudar a data definida anteriormente, pois quando conversou com os pais que iria trazer “as crianças do Tul”, sua mãe pediu para alterar para o dia de sua folga para que eles poderem recepcionar seus convidados como mereciam, já que eles se doavam tanto no hospital, ela também queria estender o convite a Sida, Soya e a mãe de Kao já que as quatro se deram tão bem. E, como sua mãe estava tão animada o jovem não teve como negar seu pedido. Até o pai de Pruk se contagiou com a empolgação da esposa e do filho, o senhor já estava muito curioso para conhecer os responsáveis pelas belas mudanças no comportamento de seu filho, assim, a pequena atividade acabou virando praticamente um evento.
******
Team tinha acabado de se arrumar para ir a casa de Pruk, aguardando que todos estivessem prontos para sair e, no momento o Nong estava parado em frente a janela pensando nas últimas descobertas que provocaram o encontro de duas irmãs e de uma mãe com sua filha. O jovem sorriu doce, feliz por que eles puderam de alguma forma contribuir para esses acontecimentos. Ajudar aos outros não era uma coisa tão altruísta para ele, na verdade Team usava isso para manter sua caixa de Pandora lacrada. “Ninguém com um coração tão grande pode ser a caixa de Pandora .... Você é muito maior do que qualquer sofrimento que tenha passado”, Team lembrou do que Win lhe disse um dia no café, mas ele duvidava disso e, não tinha certeza se conseguiria manter seu coração longe das trevas para sempre, a escuridão o corroía, era uma luta constante e, as vezes se sentia muito cansado. “Se você está na escuridão, deixe eu me tornar digno de ser seu raio de luz”, outra fala de seu sênior veio a memória e, Team por um minuto pensou se aquilo seria possível algum dia... O jovem foi arrancado de seus pensamentos quando a porta do quarto se abriu.
- Como estamos? – Team perguntou a Manaow que entrou em seu quarto com uma cara angustiada.
- Só faltam Pay e N’Mali terminarem de se arrumar. – Manaow respondeu se sentando na cama.
- Estou perguntando de você, N’Manaow!- Team falou indo se sentar ao lado da irmã. – Eu te conheço. – Ele acariciou o rosto da menina.
- Humm... Não sei... – Manaow coçou a cabeça em dúvida. – É que tudo é tão confuso Phi... – Ela admitiu. – E, me sinto tão estranha. – A menina olhou para o irmão com os olhos triste.
- N’Manaow está apenas com medo de seguir seu coração. – Team sorriu para ela. – Não sou um bom professor nessa área, mas posso ver que você tem medo de ser rejeitada novamente. – Ela desviou o olhar dele e Team passou seu braço em seu ombro para trazê-la mais para perto. – Não precisa temer, daqueles quatro P'Pruk, talvez seja o que tem o coração mais meigo e sincero. – Ele a animou. – E, veja o N’Intoch como está mais feliz depois de se abrir para os sentimentos do P’Kao... Pode seguir em frente que eu serei sua rede de proteção. – Team prometeu e Manaow o abraçou sorrindo e agradecendo por tudo que ele fez e ainda faz por ela, deixando o coração do irmão um pouco mais iluminado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anjos da Noite
FanfictionTeam integra um grupo de órfãos que lutam por sobrevivência e, para defender outras crianças para que não sofram as mesmas perdas e agressões que eles sofreram um dia. Foram tantas decepções que eles não acreditam em mais ninguém além deles mesmos. ...