Capítulo 49

655 61 26
                                    

Dulce Maria


Não posso negar que saber que Christopher me escondia algo, não me deixou ficar em paz, mas depois do que ele havia me dito, tinha ficado um pouco mais tranquila, sei que ele não vai fazer nada para prejudicar nosso casamento, tenho que acreditar nisso. Estar ali, naquele mirante, encostada no peito do homem que eu amo e olhando a lua e as estrelas, me trazia muitas boas energias, e era disso que eu precisava ultimamente para poder enfrentar tudo que tínhamos pela frente.

– Senti a cabeça de Christopher pesar na minha, virei meu rosto lentamente e pude ver aquele homem lindo cochilando, sentado mesmo. Ri levemente da cena e acariciei seu rosto, sei que ele não estava em um sono profundo mas era muito fofo vê-lo assim.

– Chris, vamos voltar, amor? Você já está dormindo em pé. – tentei sair de seu abraço para acordá-lo melhor, mas Christopher me abraçou mais forte ainda, me fazendo sorrir com o gesto.

– Não, amor. Você quer olhar o céu, eu estou bem, acordei já.

– Vamos, já está tarde, também estou cansada e está ficando cada vez mais frio.

– Tem certeza? Sabe que não precisamos ir por minha causa, né?

– Sei meu bem, mas vamos mesmo assim, além do que, amanhã teremos um dia cheio – ouvi Christopher suspirar e me abraçar forte, sabia que ele estava inseguro, mas quanto a isso, não há nada que eu possa fazer.

Levantamos, guardamos a coberta no local indicado e saímos em direção ao nosso cantinho. Durante todo o caminho, fomos em um silêncio totalmente confortável mas sempre de mãos dadas, comecei a pensar em tudo que poderia ter acontecido para Christopher ter me escondido algo assim. Será que era sobre o trabalho? Ou sobre a Maite? Ou havia algo de errado com nosso casamento?

Saí dos meus pensamentos quando chegamos, acho que pude ouvir Christopher dizer algumas coisas mas realmente não prestei atenção alguma. Entramos e fui em direção ao banheiro para tomar um banho, talvez assim, eu conseguisse pensar com mais clareza, afinal ele mesmo me garantiu que não era nada demais, eu confiava em meu marido, sei que ele não mentiria para mim.

Aproximadamente 20 minutos depois, saí do banheiro e fui para o quarto, encontrando Christopher apenas de cueca boxer, cochilando encostado na cabeceira da cama, senti meu coração palpitar por um momento, precisava me tranquilizar em relação a tudo. Peguei uma camiseta dele e uma calcinha, me vesti e deitei na cama, fazendo-o deitar também, me apoiei em seu peito e entrelaçamos nossas pernas, senti um beijo em minha testa e retribui beijando seu pescoço, assim adormecemos tranquilamente.

No dia seguinte, acordamos por volta das nove da manhã, tomamos nosso café e partimos para nossa casa. Aquele final de semana com certeza me traria saudade, e confesso que tenho medo de se tornar apenas uma lembrança, afinal, talvez minha conversa com Christopher mude todo o rumo da nossa situação. Logo chegamos em a tensão foi tomando conta de mim, meu marido parecia ter notado os nós que se formava em minhas mãos quando entramos na garagem, então ele segurou em uma das minhas mãos e a acariciou levemente, me fazendo suspirar. Adentramos e fomos direto pra sala, sem ao menos pegar as malas do carro, Christopher sabia que eu não aguentava mais adiar essa conversa, e agradeci mentalmente por isso.

– Dul, acima de tudo, saiba que tudo que eu fiz e faço é por amor. – ele começou a dizer enquanto sentávamos no sofá, sem separar nossas mãos. Apenas assenti e lágrimas começaram a acumular no canto dos meus olhos.

– Christopher, eu sei disso tudo, me fala logo, a cada segundo que se passa eu fico mais tensa e nervosa.

– Então – ele suspirou fundo e olhou em meus olhos – eu passei por cima da sua decisão e dei dinheiro a Maite.

– Você fez o que? – eu levantei bruscamente e senti uma tontura, então me sentei logo em seguida de volta.

– Eu não estava aguentando te ver naquela agonia, pequena. Sei que não agi bem e...

– Você não agiu nada bem, Christopher. – eu o interrompi esbravejando – Você sabe que estávamos perto de entregá-la, meu jornal ia voltar a ter reconhecimento com a matéria da Belinda, e agora ela provavelmente fugiu e tudo foi em vão.

– Dulce, você mal dormindo estava, sua ansiedade estava alta, isso está fazendo mal para a sua saúde, por esse motivo eu fiz o que fiz. E não pensaria duas vezes antes de fazer de novo, você acha que não me doeu te ver assim? Ou você acha que eu não senti quando a tia Blanca, a minha segunda mãe, estava praticamente nas mãos daquela mulher?

– Você não deveria ter passado por cima das minhas decisões, Uckermann. Ainda mais que esse problema era meu.

– Mas o princípio desse casamento era justamente eu te ajudar com isso, ou vai negar isso também. – ele esbravejou e senti lágrimas começarem a descer em meu rosto.

– Tem razão, esse foi o princípio desse casamento, não importa o que aconteça, sempre vai ser por isso e...

– Eu não quis dizer isso, Dulce, você sabe que tudo mudou. – agora foi a vez dele me interromper.

– Mas disse, não dá pra voltar atrás, e eu também não sei de mais nada. – me levantei e peguei as chaves do carro. – Preciso ficar sozinha.

– Dulce, pelo menos me diz onde você vai.

– Me poupe, Christopher.

Bati a porta de entrada com toda força do mundo, entrei no carro e o tirei da garagem, parei na primeira esquina e me permiti chorar. Eu entendia porque Christopher fez aquilo, mas suas palavras entraram em mim como um punhal, acreditava que nosso casamento já tinha passado desse ponto, me decepcionei muito e não sabia se conseguiria perdoa-lo. De repente senti um forte enjoo, então abri a porta do carro e coloquei tudo que havia comigo para fora, eu estava muito nervosa e precisava sair daquele bairro pelo menos, então sai sem rumo algum, apenas dirigindo pelas ruas de Nova York.

_____________________________________________

não me matem, amanhã eu volto 💚

Te Daría TodoOnde histórias criam vida. Descubra agora