Te Daría Todo

Capítulo 57

Dulce Maria

Christopher e eu fomos para casa em um silêncio constrangedor. Eu não queria que ele me julgasse pelo meu pequeno surto no hospital, mas eu não me sentia preparada para a maternidade, não agora.

Assim que chegamos, eu desci do carro sem conseguir encará-lo e fui correndo para quarto, eu precisava de um bom banho para tentar relaxar. Resolvi colocar a banheira para encher e logo senti mãos me abraçando por trás, respirei fundo e apenas fechei os olhos.

— Posso tomar banho com você?

— Pode. — respondi friamente, mesmo não querendo, foi inevitável.

— O que foi, Dul?

— Nada, Chris.

— Fala, Dulce, eu te conheço, tem alguma coisa te incomodando. — respirei fundo, me virei de frente para ele e tomei coragem para falar, lágrimas já estavam se acumulando em meus olhos, mesmo eu não querendo ceder.

— Eu estou com medo, Christopher, assustada, em pânico e eu não quero que você me julgue por isso.

— Eu jamais te julgaria, pequena, eu amo você, estou com você para tudo. — ele segurou meu rosto e me olhou no fundo dos olhos — Vocês dois são as pessoas mais importantes para mim, eu vou fazer de tudo por vocês, eu sei que você está surtando agora mas que você já ama esse bebê. — sorri fraco com as palavras de Christopher, era impressionante o quanto ele me conhecia.

— Você não está totalmente errado, acho que é só insegurança, medo, mais um monte de sentimentos misturados.

— Eu sei, meu bem. E eu estarei aqui com você durante todos os momentos, não há com o que se preocupar.

— Eu te amo, Chris. Nos tornamos clichês que toda hora se declaram a cada cinco minutos?

— Aparentemente sim, mas eu não me importo, você é o amor da minha vida, pequena.

— E você da minha, mi Chris. — Christopher me puxou para um beijo lento e sensual, me esquentando por completo.

Apartamos o beijo quando nos faltou fôlego e ficamos em um abraço completamente confortável. Eu o amava tanto que tinha medo de qualquer reação negativa vindo dele, mesmo que isso seja inevitável em alguns momentos.

Esperamos a banheira terminar de encher e entramos nela, Christopher se sentou e eu sentei entre suas pernas, e ali relaxamos um pouco, como se nada estivesse em nossa volta, estávamos no nosso mundinho. Ele acariciava meus braços enquanto eu estava deitada em seu peito, minha cabeça não parava, por mais que eu tentasse.

Um tempo depois, o celular de Christopher começou a tocar, e como estava ali em nosso alcance, ele rapidamente o pegou para atender. Vimos no visor que era Belinda ligando e na mesma hora meu corpo inteiro tensionou, ele atendeu e colocou a chamada no viva voz para que eu escutasse também.

telefone on

Christopher:
— Alô?

Belinda:
— Oi, Christopher, é a Belinda! Liguei no celular da Dulce mas ela não me atendeu, por isso te liguei.

Dulce:
— Oi, Bel! Estou aqui com ele, meu celular acabou ficando na sala.

Christopher:
— Alguma novidade, Bel?

Belinda:
— Sim — pude ouvir ela suspirar e eu fiquei tensa na mesma hora — Christopher, você vai precisar depor

Christopher:
— Sem problemas, assim que Dulce melhorar eu...

Belinda:
— Não, você precisa depor hoje! Ou então eles vão te intimar e as coisas podem ficar feias. — senti os músculos de Christopher se enrijecerem também.

Dulce:
— Ele vai, Bel, fique tranquila. Mais alguma novidade?

Belinda:
— Sim, acharam a Maite.

Christopher:
— Onde ela estava?

Belinda:
— Do outro lado do país, pegaram ela num aeroporto, ela estava fugindo para o Brasil.

Dulce:
— Meu Deus! Bel, ela está presa?

Belinda:
— Ela foi detida, por isso Christopher precisa depor hoje, para que possam abrir a investigação logo para ela ser julgada.

Christopher:
— Eu irei hoje mesmo na delegacia.

Dulce:
— Bel, assim que Christopher sair da delegacia, ele te passa os detalhes e você publica a matéria em nosso portal, amanhã ela precisa sair no jornal impresso. Vou mandar uma mensagem para Angel te auxiliar e você fecha a edição para mim, vou precisar ficar um tempo afastada.

Belinda:
— Está tudo bem?

Dulce:
— Não, mas vai ficar, ainda mais agora que é uma preocupação a menos. Vou deixar você no meu lugar, ok? Não posso trabalhar nem de casa como eu fazia antes, mas estarei sempre em alerta para o que você precisar.

Belinda:
— Fique tranquila, Dul. Você se cuida, ruivinha! Quando eu terminar de resolver tudo, vou te visitar e você me conta tudo.

Dulce:
— Por favor, você sempre será bem vinda. Agora precisamos desligar para Christopher sair, amiga. Até mais, obrigada por tudo.

Christopher:
— Logo te aviso de tudo, Bel.

Belinda:
— Tranquilo, até mais.

telefone off

Assim que desligamos o telefone, Christopher e eu suspiramos praticamente juntos, era um alívio essa mulher estar presa, para nós dois. Finalmente eu teria paz para viver minha vida e retomaria a reputação que tinha ontem na imprensa, assim como a do meu jornal.

Saímos da banheira pouco tempo depois, coloquei um roupão e Christopher se enrolou na toalha, já que teria que se arrumar para sair. Sentei na cama e pensei em tudo que havia passado, com certeza o último ano não tinha sido fácil, mas eu tinha esperanças que a partir de agora, tudo melhoraria.

— Estou indo, Dul! Você está bem?

— Sim, amor, estou bem mais relaxada e calma, não se preocupe. — ele se aproximou e se sentou próximo onde eu estava e alisou meu rosto.

— Isso tudo vai acabar, eu prometo.

— Confesso que fiquei levemente aliviada com a ligação de Belinda, não vejo a hora disso acabar.

— Nem eu, pequena. — ele me puxou para seu colo e me abraçou forte. — já tomou suas vitaminas?

— Vou tomar já. Chris, eu sei que eu surtei um pouquinho, mas eu amo nosso bebê, vou fazer de tudo para ele ficar bem, eu te prometo. — Christopher sorriu largamente e pousou a mão em meu ventre.

— Fico feliz em ouvir isso de você, Dul. Vamos ser muito felizes daqui para frente, você vai ver. — eu apenas sorri e dei um selinho em sua boca. — Agora, eu vou na delegacia, amor. Suas vitaminas estão na mesinha com um copo de água, fique deitada e descanse, Dulce Maria.

— Só se você me prometer que vai me ligar assim que sair da delegacia.

— Claro que sim, amor, fique tranquila. — Ele me deu mais um beijo e saiu.

Fui até a sala pegar meu celular e aproveitei para pegar uma fruta na cozinha, eu precisava reeducar minha alimentação pelo meu filho, e eu faria de tudo por ele. Logo após, voltei para o quarto e coloquei um filme para assistir enquanto Christopher não me ligava, tomei minhas vitaminas e algumas horas depois, meu telefone tocou, era um número desconhecido, achei estranho mas atendi mesmo assim.