Capitulo 50

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Dulce Maria


Dirigi por volta de meia hora, fui parar no Brooklin, totalmente afastado do Upper East Side, onde eu morava com Christopher. Falando nele, havia dezenas de ligações perdidas dele em meu celular, sei que ele estava preocupado comigo mas nesse momento eu precisava estar sozinha.

Avistei uma pracinha com algumas crianças brincando e resolvi me sentar ali para tomar um ar e pensar um pouco na vida. Quando eu era mais nova, meus pais sempre passavam um tempo assim comigo, exatamente como posso observar aqui, só queria saber se algum dia eu poderia vivenciar algo assim com o homem que eu amo.

— Dulce? — uma voz familiar me tirou dos meus pensamentos.

— Rodrigo? O que faz aqui?

— Vi uma cabeleira ruiva de longe e imaginei ser você. — ele disse se sentando no banco em que eu estava.

— O que você quer?

— Eu queria procurar você e Christopher a um tempo já para te pedir perdão.

— Por que? — eu estava chocada com sua atitude, não esperava isso dele nesse momento.

— Porque eu sei que você é uma mulher incrível, eu ajudei Maite por ciúmes, eu te queria de volta e agi sem pensar direito, achei que conseguiria separar você e Christopher e te teria de volta, mas eu percebi o quanto vocês são cúmplices, o quanto se amam e o quanto vocês dois nasceram um para o outro.

— Obrigada por dizer isso, quanto ao resto eu não sei mais.

— Como assim, Dulce?

— Christopher me disse umas coisas horríveis, brigamos mais uma vez por causa da Maite, ele passou por cima das minhas decisões, enfim, não sei o que pensar.

— Sei que tudo que ele disse provavelmente foi da boca para fora, e se ele fez algo sem te consultar, tenho certeza que foi pensando no seu bem. Não jogue fora o que vocês têm, Dulce. O amor de vocês é muito bonito, me arrependo muito de ter tentado fazer mal à vocês.

— Uau, Rodrigo! Eu não esperava isso de você, o que te fez mudar assim?

— Me apaixonei, Dulce, perdidamente. Faria de tudo por ela e sei que ela faria de tudo por mim, é o tipo de amor que só se encontra uma vez na vida.

— É, eu sei como é. Fico feliz por você, estou orgulhosa.

— E você, não deixe seu orgulho falar mais alto. Você ama o Christopher desde a adolescência e finalmente vocês se juntaram, não deixa nada ficar no caminho de vocês. — Arregalei os olhos um tanto quanto surpresa, não fazia a menor ideia que Rodrigo sabia que eu era apaixonada pelo Uckermann desde aquela época.

— Como você sabia disso?

— Eu não sou bobo, Dulce. Além de ver como vocês se olhavam, mesmo quando nós dois namorávamos, eu ouvi você comentando para Anahí uma vez, quando você e Christopher brigaram por causa da Natália.

— Era inevitável, né? Eu gostava de você mas sempre senti algo muito forte por ele. — nesse momento, algumas lágrimas começaram a se acumular em meus olhos.

— Eu sempre tive ciúmes disso, mas não expressava por medo de te perder. Aliás, quero te pedir desculpas por ter batido na Triana também, aquele dia eu estava mal, tinha visto você conversando com ele mais cedo e acabei me exaltando, sabia que uma hora ou outra te perderia, mas agora eu sei que nunca nos amamos e que uma hora ou outra isso ia acontecer.

— Obrigada, Rodrigo. De coração.

— Imagina, Dulce. Conversa com ele, vocês se amam, acredite. — ele disse se levantando. — eu tenho que ir agora, tenho um compromisso. Se cuida ruiva.

— Pode deixar, até mais. — sorri para ele sem mostrar os dentes e o observei se afastar.

Continuei ali sentada pensando em tudo que Rodrigo tinha me dito, realmente tinha sido muita coisa, eu precisava repensar em tudo que havia acontecido com cuidado, apesar de tudo eu amava Christopher, mas não tinha mais a certeza se era recíproco.

O sol queimava em minha pele e estava sentindo um calor que me deu um leve mal estar, além disso, tinha comido muito pouco naquele dia e provavelmente já tinha passado do horário do almoço. Levantei do banco em que estava e fui caminhando até uma barraca de cachorro quente que tinha ali, comprei um é fui comer dentro do carro, onde teria um ar condicionado. Assim que acabei, resolvi que precisava conversar com a minha mãe, nem mesmo Anahí poderia me ajudar naquele momento.

Mandei uma mensagem para ela, avisando que passaria por lá e assim, comecei a dirigir em direção à casa dela. Sentia falta da minha família justamente por minha rotina ser tão corrida e eu estar focada em meus problemas, mas eu os amava mais do que tudo e sempre que podia, ia visita-los. Cheguei na casa deles que não ficava muito longe dali e pude avistar os dois no portão, sorri com esse gesto, eles faziam tudo por mim e eu era muito grata por isso.

— Oi, mamãe! Oi, papai. — abracei os dois assim que saí do carro.

— Oi, filha! Estávamos com tanta saudade!

— Eu também estava, mamãe!

— Não suma assim, docinho, sentimos sua falta.

— Eu também, papai, mas estou trabalhando muito, prometo vir mais aqui.

— A gente entende, meu amor. Fica tranquila. Vamos entrar, sua mãe fez seu bolo favorito. — Abri um sorriso e sei que meus olhos brilharam. Minha mãe fazia um bolo que não tinha nenhum igual e eu amava.

Entramos em casa e fomos direto para cozinha. Enquanto minha mãe passava o café, eu e meu pai colocavamos a mesa para comermos, era bom ter esses momentos com ele, sentia cada vez mais falta. Assim que o café ficou pronto, sentamos na mesa e começamos a conversar sobre assuntos da rotina, mas sei que isso não ia durar muito.

— Filhinha, eu amei que você veio aqui, mas o que realmente você não está nos contando? Te conheço bem o suficiente para saber que alguma coisa aconteceu. — minha mãe conseguia me ler sem eu ao menos falar nada, nós tínhamos uma conexão sem igual.

— Christopher e eu brigamos feio, não queria ir para casa de Anahí por que ela está grávida, não precisa dos meus problemas.

— Oh minha filha, eu conheço o Christopher, sei que ele jamais te magoaria de propósito, o que aconteceu?

— Problemas, mamãe. Ele passou por cima de uma decisão minha sem nem me consultar, fora que algumas coisas horríveis foram ditas.

— E a sua primeira solução é fugir? Dulce Maria não foi assim que nós criamos você, ainda mais quando o assunto é o Christopher.

— Eu não iria conseguir ficar lá, mamãe. Ele me magoou.

— As pessoas se machucam o tempo todo, minha filha, somos seres humanos, passíveis ao erro, Christopher ama você, e independente do que ele tenha dito, sei que foi da boca para fora. Engula esse seu orgulho e converse com seu marido, que acima de tudo é seu melhor amigo, vocês sempre se entenderam, não vai ser agora que isso vai ser diferente.

— Eu vou,  mamãe. Só precisava espairecer um pouco.

— Muito bem, meu amor. Eu e seu pai estaremos sempre aqui para o que precisar, e agora seu marido também. Não fuja dele.

— Isso mesmo, princesa. Ele é o único homem da sua vida que eu aprovo, não o largue. — meu pai disse brincando e me fazendo rir.

Ficamos mais um bom tempo ali conversando até que percebi estar escurecendo, era hora de ir embora para casa enfrentar meus problemas, por mais dolorido que sejam. Assim que cheguei em minha residência, percebi que tudo estava apagado, entrei e fui em direção ao quarto, que estava com a luz ligada, Christopher estava sentado em nossa cama, abraçado com meu travesseiro, ele levantou o rosto e nosso olhar se encontrou, pude notar que ele havia chorado e isso partiu meu coração, aquela conversa não seria fácil.

Te Daría TodoOnde histórias criam vida. Descubra agora