A lua resplandecia bela no mar Egeu. O céu claro deixava a noite mais vívida naquele pomar. Uma canoa se aproximava vinda do santuário de Atena, seu canoeiro era o cavaleiro de prata, Rígel de Orion. Sua armadura refletia palidamente a luz do luar. No pomar, a beira do mar, um vulto se movia por entre as árvores, estava encapuzado, andava depressa, com medo de ser notado. Chegou à beira do mar, procurou pela canoa de Orion, que estava parada mais a frente, o vulto correu, entrou na canoa e beijou Orion no rosto "Podemos ir" sussurrou a voz feminina. Rígel, então empurrou a areia com a pá e seguiu remando em direção ao famoso santuário de Atena.
A manhã seguinte corria tranquila no santuário da deusa. Saori que costumava passar seus dias na mansão da Fundação Graal no Japão, veio ao santuário assumir o posto como encarnação da deusa Atena, após a famosa batalha contra Poseidon. Como alguns postos ficaram desfalcados desde a última Batalha das Doze Casas e funções precisavam ser delegadas, Saori se ocupava disso integralmente.
Os quatro guerreiros, Seiya, Shiryu, Shun e Hyoga estavam em férias. Seiya e Shun estavam no Japão, Shiryu na China e Hyoga na Sibéria. Como era de se esperar, não havia notícias de Ikki. As duas amazonas, Marin e Shaina, ficaram responsáveis por acompanhar Saori, desde o Japão até a Grécia.
Saori, aos pés de seu trono, tratava com um senhor grego do vilarejo próximo ao templo, que pedia comida para cuidar de seus netos, quando sentiu um cosmos diferente entrar no templo.
— Senhor, eu mesma me encarregarei de que seus netos não passem fome. Hoje mesmo enviarei um dos meus cavaleiros ao senhor com mantimentos. - disse a jovem milionária japonesa, do alto do trono.
— Muito obrigado senhorita. Muito obrigado. - disse o senhor, não contendo as lágrimas de alegria. Saori sorriu e virou-se. Pegou seu cajado e chamou por Marin e Shaina, que ficavam a postos, ao lado do trono da deusa.
— Eu senti um cosmos estranho invadindo o santuário, fiquem alertas. - ordenou a jovem.
— Sim senhorita! - responderam as duas amazonas uníssono. No entanto nenhuma das duas podia sentir nenhum cosmos.
Saori então encaminhou para a parte externa do templo, aos pés da gigante estátua de Atena, as duas amazonas a seguiram. O sol brilhava, discretamente por trás das nuvens. O pátio estava tomado por pombas que arrulhavam, ciscavam e revoavam por todo canto.
— Senhorita Saori, o que é isso!? - indagou Shaina, nenhum animal havia pisado nesse pátio sagrado antes.
-—Quem está aí?! Revela-te!! - Gritou Saori, com este grito, Shaina e Marin assumiram pose de luta.
— Senhorita, o que está acontecendo? Não consigo sentir ninguém! - disse Marin. Ambas amazonas estavam confusas, não conseguiam sentir nenhum cosmos invasor.
Uma risada aguda ecoou, um vulto voou do teto do templo para os ombros da grande estátua, e olhou a jovem deusa e suas guardiãs lá de cima.
— Adorei a decoração desse lugar, digo... Atena, trouxe uma mensagem da rainha das amazonas! - falou a figura que agora estava de pé nos ombros da colossal Atena de pedra. A misteriosa mensageira então saltou do topo da estátua, mas sua queda foi suave, como se pudesse controlar a gravidade. - Permita-me apresentar, sou Ioná de Columba e trago uma mensagem de Elis!
— Como ousa invadir o templo? - Shaina partiu para o ataque.
Desferiu um golpe com suas garras, mas Iona escapa, saltando acima de Shaina. Enquanto estava no ar, Marin mirou uma voadora, mas Iona usando uma técnica ainda desconhecida deu usou a perna da Marin em riste para impulsionar um segundo salto. Ioná, a amazona de pomba, agora estava tão alta quanto a estátua da deusa. Antes que Shaina e Marin partissem para um segundo ataque, Saori ordenou:
— Shaina, Marin, parem! O que deseja essa Elis? - disse a jovem encarnação de Atena.
A amazona invasora, que agora pousava no chão, tinha uma armadura de brilho rosa, perolado. Seu rosto era andrógino, parecia ao mesmo tempo uma mulher com traços fortes, tal como um rapaz de traços delicados. Essa armadura perolada tinha um par de asas nas costas, proteção para os seios como as demais amazonas e um diadema com uma pomba no meio. Parecia uma armadura bem delicada e sutil. No entanto, não usava máscara como as duas guardas de Atena, ali presentes. Marin tentava entender, qual técnica esta mensageira usava para esconder seu cosmos e adentrar o santuário assim, sorrateiramente.
— Acalmem-se traidoras! - disse com risos de deboche - Entreguem Ami, a encarnação de Artémis, até amanhã ao anoitecer, ou então as amazonas, as verdadeiras amazonas - disse olhando para Marin a Shaina - irão invadir o mundo dos homens e aniquilarão qualquer um que ouse tocar na jovem Ami. Qualquer um que se opor, também será aniquilado. É isso, até mais! - Ao dizer isso saltou como se alçasse vôo e as suas pombas voaram juntas, deixando o pátio completamente vazio e silencioso. Shaina ainda conseguiu ouvir a mensageira esquisita dizer "não quero perder a hora da janta" enquanto voava no ar, sendo acompanhada pela revoada das pombas.
Saori agora estava compenetrada, olhou para suas duas guardas e disse:
— Do que ela estava falando? Vocês conhecem essa ilha?
— Senhora, sempre ouvi lendas da exitência de uma ilha de amazonas, mas nunca imaginei que pudesse ser real. - Disse Marin.
— Mas ela é real. - Disse uma voz feminina que se aproximava de Saori e suas guardiãs.
— June! - Disseram Marin e Shaina juntas.
A amazona de camaleão se aproximou e fez reverência à deusa.
— June, nos conte o que sabe sobre essa ilha e a rainha Elis. - Pediu Saori.
— Segundo a lenda, quando Atena fez as armaduras, amazonas e cavaleiros lutavam e treinavam juntos. Mas uma desavença entre amazonas e cavaleiros deflagrou uma batalha violenta, onde muitos homens e mulheres de Atena perderam suas vidas. Para resolver esse problema, Pallas de Noctua, a primeira mortal a usar uma armadura e também a primeira amazona, pediu então, que Atena lhe desse uma ilha para treinar. Então para lá foram Pallas e as demais amazonas, para treinar dia e noite até que Atena as chamasse para uma guerra.
— Você sabe onde fica essa ilha, June? - Perguntou Saori.
— Sim. As lendas dizem que basta seguir o pôr do sol, que a ilha aparecerá para as amazonas.
— Entendido! - respondeu Shaina.
— Preciso que essa tal de Lune retorne sem um arranhão para essa tal Elis, ordene que ela volte imediatamente, pois sua estadia aqui bota a vida de todos nós em risco.
— Convocarei os cavaleiros Jabu e os cavaleiros de bronze para buscarem a Lune pelo santuário.
— Obrigada Shaina. Vamos resolver isso da maneira mais rápida e segura possível. Nos encontramos no píer em uma hora, ok Shaina? Marin, acompanhe-me. - ordenou Saori.
A amazona de Ofiúco, acompanhada de June, disparou ao encontro dos cavaleiros de bronze. Saori adentrou seus aposentos para vestir um vestido mais fresco, apropriado para visitar uma ilha secreta.
Em posse do cetro de Atena, o jovem Saori acompanhada de Marin então desceu uma escadaria lateral ao templo que dava para uma longa trilha na mata, e terminava nesse píer, raramente usado, mas conhecido por todos no santuário, pois era uma local de encontros e confraternização nas noites de verão da Grécia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Saint Seiya - Amazonas Parte II: O Desvelar
FanficAs amazonas de Atena guardam um segredo: a existência de uma ilha, onde mulheres se preparam para a guerra dia e noite. A paixão de uma dessas moradoras por um cavaleiro de prata traz atona segredos até então nunca revelados. Uma história que mostra...