Saint Seiya - Amazonas Parte II: O Desvelar

O sexto véu

Quando o sol do primeiro dia se alinhava ao poente, o barquinho com as três jovens chegou em uma orla. A baía da ilha das amazonas era rodeada por morros altos e verdes. Naquela praia havia os pés de um colosso, as demais partes estavam espalhadas, a cabeça deitada com um dos lados do rosto já encoberto pela areia, que tinha o tamanho da mansão dos Kidos, encarava placidamente para o mar.

Marin avançou com a embarcação o tanto quanto pôde na areia e parou o barco. As três mulheres desceram, e caminharam em direção a cabeça, ao lado havia uma escadaria que deveria levar a algum lugar. Nenhuma alma viva foi vista até o momento, apesar do trio estar em estado de alerta com os cosmos ao redor.

Saori tinha intenção de pedir trégua à rainha das amazonas, lhe informando que Lune estava sendo bem cuidado no Santuário. Não era intenção de Saoria tratar Lune como refém. No entanto, a senhorita Kido, precisava respeitar o desejo de Lune de permanecer no Santuário com seu amado.

Shaina, que estava atrás de Saori, em um sorrateiramente se adiantou e fez movimentos rápidos com o braço que um humano normal não conseguiria acompanhar. O que aconteceu foi que elas receberam cinco ataques e Shaina os ricocheteou. Os golpes então foram desviados e explodiram no chão, como uma mina terrestre, levantando muita areia.

— Estamos cercadas. - informou Marin - por todos os lados.

Marin então olhou para o mar, não viu nada, mas sentiu que havia três cosmos submersos. Além de mais cosmos que queimavam por toda a baía, no topo dos morros, nas matas ao pé do morro e atrás das ruínas do colosso, formando um círculo. Por sorte eram cosmos fracos.

Saori subiu a barra de seu vestido e foi à frente de suas amazonas.

— Amazonas, escutem! - gritou Saori a plenos pulmões - Sou Saori Kido, encarnação da deusa Atena, venho aqui de mãos nuas, pedir que a Rainha Atalanta não invada o mundo dos homens! - De fato, Saori havia deixado o báculo dourado no santuário.

Um silêncio retumbante assolou aquela praia. O sol brilhava forte após a curta viagem feita de barco.

— Eu sou Hidelgarda de Delphinus, general guardiã da ilha das amazonas. Amazonas, em guarda! - bradou a voz que ainda não pode ser vista. Ao receberem a ordem, todas as soldados assumiram pose de combate. Um vulto então surgiu no topo do rosto do colosso.

Hidelgarda era uma amazona alta, loira, de cabelos trançados, que vestia uma armadura azul escura, com tema de golfinhos. Usava uma capa, na cor branca, que indicava seu posto de general.

Iona, a mensageira, aproximou-se pelo ar e posou ao lado da general.

— São elas, minha senhora, foram elas para quem dei o recado - cochichou, sem que as intrusas pudessem ouvir.

— Calada amazona. - Chiou a general, que então prosseguiu enchendo os pulmões para ser ouvida pelo trio que estava um pouco mais distante - Vocês não têm autorização para entrar aqui. Retornem imediatamente ou então enfrentam o exército amazônico.

— Bravas amazonas, eu lhes garanto que Lune está segura, mas por favor, eu imploro, me permitam falar com vossa rainha! - Saori disse se ajoelhando. Houve um barulho das amazonas se posicionando ao ver Saori se ajoelhar, inclusive, mais amazonas chegaram à praia. Hidelgarda preparava-se para dar uma ordem de ataque quando foi cutucada por Iona.

— Senhora, senhora, olhe quem está ali - e apontou para um ponto onde havia uma outra ruína do colosso.

Naquele pedaço gigante e disforme de pedra havia uma amazona, de armadura avermelhada, que por sua vez se assemelhava a armadura de Pégaso. A mulher olhava diretamente para a general e Iona, seu cabelo era curto, na altura do queixo e todo bagunçado. Era Sora, a considerada uma rebelde por ser a principal opositora das déspotas Atalanta e Elis.

Hidelgarda engoliu seco, sabia que Sora tinha capacidade para derrotar todas as amazonas que se encontravam naquela ilha e talvez se juntando as amazonas invasoras poderia derrotar ela própria, a general do exército. Por tanto pensou em outra solução.

— Amazonas, baixar guarda! - ordenou Elis. Então todas as soldadas presentes ali saíram da pose de luta. Todas usavam vestes de couro, denotando a classe inferior à qual pertenciam. - Iona, avise Elis que estamos indo. Senhorita Kido, por gentileza me acompanhe. - Ao dizer isso, saltou para a escadaria e aguardou o trio estrangeiro se aproximar. Olhou então para Sora, que bufou em desprezo.

Shaina não estava nada contente com o tratamento que Saori recebeu na recepção. Marin que notara a presença de Sora, ainda não entendeu por completo a dinâmica entre as duas.

As três então foram em direção a escadaria. O cosmo de Hidelgarda emitia uma hostilidade contida, um profundo anseio de guerra e o aparecimento de Saori ali poderia ser a frustração de seus desejos. As três se aproximaram da general, que não lhe dirigiu mais a palavra e começou a subir a escadaria.