O vigésimo oitavo véu.

17 0 1
                                    

As três guerreiras vencedoras alcançavam o último jardim, onde iriam encontrar Elis, Atalanta e Saori. Ao subirem os últimos degraus, avistaram no centro de um pátio, a grotesca cena de Saori em uma cruz de pedra crucificada e ensanguentada.

Shaina e Marin se adiantaram, mas foram detidas por golpes emitidos por Elis, que as fizeram estatelar no chão.

Elis, acompanhada de Atalanta e Safo estavam ao pé da cruz. O olhar da general Elis parecia mais ensandecido do que nunca. Atalanta por sua vez, parecia mais pálida e abatida, mas também com um olhar perdido - completamente cega, absorta em sua paixão pela amazona de Cruz. Sora notou que a escriba Safo vestia a armadura de Corona Australis, que emitia um brilho rosa pálido.

A armadura cobria o farto decote que Safo costumava usar e ostentava um elaborado elmo, que lhe guarnecia um ar de nobreza.

Sora estava confusa. Apesar de Safo estar sempre ao lado de Elis, sempre manteve uma postura neutra, pois abdicava da violência e dedicava somente a escrita. Por que então, Safo estaria a vestir armadura? A resposta veio logo a seguir.

Duas amazonas da mais baixa patente chegaram, carregando Iona, que parecia estar inconsciente. Jogaram na aos pés de Elis e saíram do pátio. A general apontando os dois dedos para Iona, como se tivesse uma arma em mãos, pronta para disparar. Logo, Sora entendeu o que ocorria. Com os labios comprimidos, Elis ameaçou Safo.

— Prove sua lealdade a mim, ou sua filha irá morrer diante dos seus olhos, Safo.

Aflita, Safo caminhou para frente de Sora, Shaina e Marin.

— Você não precisa fazer isso, Safo... - Sora ofereceu um consolo à escriba ao ver uma lágrima a escorrer do rosto da poetisa.

Mesmo exausta de tantas batalhas em um só dia, Shaina se levantou e preparou as garras para o ataque.

— Não importa quem você seja, ninguém irá me impedir de salvar Atena.

Ao desferir o golpe, Shaina foi detida por um cosmo potente e foi lançada escadaria abaixo.

Não havia hostilidade no cosmo de Safo, no entanto, havia um aspecto de divindade.

— Não se atreva a tocar-me, mortal! - A voz de Safo mudou, suas madeixas loiras tremulavam com seu cosmo. - Vocês vieram aqui para cumprir uma função apenas. A de acabar com o reinado de Elis de Cruzeiro do Sul!- A escriba, então virou-se para a general.

Elis agora tremia, afastou-se do corpo de Iona, sabia que estava diante de uma presença divina.

Caminhando em direção de Elis, Safo disse:

— O seu reinado de terror chegou ao fim, Elis. Renda-se!

— Quem você acha que é para me dar ordens!?

— Você não é nada, nem ninguém. Mas por causa de seu despotismo, tive de intervir.

— Do que ela está falando? - Atalanta parecia ter acordado para uma cena que a deixava confusa.

— Pedi que minha filha flechasse, sua filha Lune e Rígel, um cavaleiro de prata de forma que os dois se apaixonarem. Eu sabia que apaixonada, Lune teria de fugir da ilha e partiria para o Santuário. Como eu bem esperava, vocês de alguma foram atrás dela e chamaram a atenção de Atena. Movi minhas peças para que detessem seu plano megalomaníaco de invadir o mundo dos homens e deu certo.

— És uma traidora!

— Pelo contrário, você é a traidora desta ilha. Nós deveríamos viver em paz e não em guerra.

— Chega! - Elis disparou um golpe contra Iona, que ainda estava inconsciente, mas com apenas um gesto de mão Safo o repeliu e com outro gesto, fez o corpo da filha flutuar para perto de si. Ao receber a filha, lhe deu um abraço e sussurrou no ouvido da moça: "Obrigada por tudo, minha filha. Foste muito corajosa.".

— Quem és tu que domina o corpo de Safo?!

—Safo é apenas um disfarce. Eu estou nesta ilha desde os tempos de Pallas de Noctua. Sou Afrodite, a deusa do amor.

Uma grande exclamação percorreu aquela ilha.

— Eu não uso da violência, mas com as amazonas de Atena aqui, tenho certeza que logo voltaremos a ter uma ilha com muita paz.

Shaina que havia se levantado, parou ao lado de Sora e Marin. Viu a determinação no olhar de Safo e sentiu seu cosmo divino as abençoar.

— Sora, Marin, Shaina, só vocês podem nos livrar destas amazonas malignas. Libertem esta ilha em meu nome, em nome de Atena.

Elis tentou revidar, mas foi derrubada por um soco de Sora que lhe atacou mais rápido que qualquer reflexo.

— Levante-se Elis, nós temos um assunto para tratar. - bradou Sora.

Saint Seiya - Amazonas Parte II: O DesvelarOnde histórias criam vida. Descubra agora