O décimo véu

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As três entraram na oficina e lá estavam as duas armaduras, resplandecentes e cheias de vida. Renovadas e modificadas para preparar as amazonas para mais batalhas.

Imediatamente, Shaina e Marin vestiram as armaduras. Ambas estavam com novo desenho, botas maiores, peitorais mais completos, mas sem perderem as respectivas identidades.

— Eu dei meu próprio sangue para que essas armaduras pudessem renascer. Eu preciso confessar, já estou velha e este provavelmente é meu último trabalho. Fiz esses reparos, para que em troca, vocês ajudem a derrubar a rainha atual, para que possamos ser livres novamente. Marin, filha de Diotima, Shaina, filha de Olímpia, eu rogo, vão atrás de senhorita Saori e libertem essa ilha das mãos da terrível Elis.

— Deixe com a gente senhora Hipátia. - disse Shaina.

— Seremos eternamente gratas pelo o que fizeste com nossas armaduras. - Marin encerrou.

As duas seguiram o caminho indicado por Hipátia em direção ao templo de Ártemis, onde segundo foram informadas, encontrariam Elis e Atena.

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Saori desceu das costas da amazona em meio a um pátio. Este pátio era cercado por jardim florido. A senhorita japonesa, observou as três irmãs amazonas, que fizeram reverência a uma outra amazona que vestia uma capa de cor vermelha, que estava de costas, em silêncio, orando aos pés de uma alta cruz de pedra. Ajeitou seu vestido branco e se aproximou-se.

Elis, fez o sinal da cruz e virou-se para Saori.

— Seja bem vinda a minha ilha, senhorita Saori. Como é bom recebê-la em nosso templo.

— Estou muito honrada que possa me receber rainha Elis. - respondeu Saori - Se permitir, gostaria de poder conversar com a senhora sobre o que está acontecendo.

— Ah, claro, mas permita-me apresentar-lhe antes um pouco do templo. Este templo foi construído para receber a deusa Artemis, que encarnará na jovem Lune, filha da sacerdotisa Atalanta, segundo visões que ela própria teve. Eu sou Elis de Crux, a general da ilha. Ali está Safo de Corona Australis, nossa poetisa que registra todos os acontecimentos da ilha em poesia. -

Safo era uma bela senhora de longos cabelos loiros. Estava sentada em um canteiro, escrevia em um papiro usando tinta e uma pena, sem parar. Interrompeu brevemente apenas para acenar a dama estrangeira. Não vestia armadura como as outras, vestia apenas uma longa túnica com um profundo decote, ornado com colares e correntes dourados.

Saori direcionou seu olhar para um edifício bem próximo que se erguia em meio aquelas flores, um resquício de cosmos divino emanava daquele lugar.

— Lá dentro, naquele pavilhão, está a armadura de Pavo, da rainha desertora Hipólita. Assim como o trono que aguarda pela vinda da deusa Artemis. - apontou para o pavilhão bem próximo do jardim onde estavam.

— Desertora? - perguntou Saori.

— Sim, ela abandonou o cargo em uma noite, deixou apenas uma carta abdicando ao trono. Acreditamos que ele fugiu para o mundo dos homens. - disse Elis, de forma apressada.

Do pavilhão veio caminhando Atalanta. Usava um manto azul escuro por cima da armadura. Seus longa cabeleira desgrenhada e gris e pele branca, lhe conferiam uma aparência de quem não vai à luz do sol por muitos dias à fio.

— O trono onde hoje senta nossa general Elis, receberá minha filha Lune, Artemis encarnada, a mais bela das deusas - prosseguiu Atalanta - Perdoe-me, pela intromissão, sou Atalanta, a sacerdotisa suprema de Amastris. Ouvimos falar sobre ti, senhorita Saori, a encarnação da deusa Atena. Infelizmente, soubemos que Lune fugiu para o mundo dos homens, com um cavaleiro, Rigel de Órion, pelo que me disseram. Suponho que ele a deve ter enfeitiçado. Saori, minha cara, - nessa hora Atalanta mudou o tom de voz e franziu o rosto, como uma pessoa que pede piedade e ajoelhou-se diante da dama Kido. - peço que compreenda: o meu desejo não é guerrear. Esse nunca foi meu desejo. Mas nós não vemos outra saída! Se a pureza de Lune for violada, ela não estará mais apta a receber a encarnação da deusa virgem Ártemis, Compreende? Se não nos for devolvido Lune a tempo, temo que Rigel consuma o ato. Para que isso aconteça teremos que nós mesmas buscá-la.

— Perdoe-me, não sabia que um de nossos cavaleiros estava envolvido no desaparecimento de Lune. Soube apenas quando recebi a visita de sua mensageira Iona. posso lhes garantir que Lune está bem, e vocês a encontrarão em breve. Mas antes que isso aconteça, rogo por paz! General Elis, imploro que retire seus soldados do santuário e encerre de uma vez. Ficarei nesta ilha até que tudo seja resolvido, como garantia de um acordo de paz. Está bem? - encerrou Saori.

Um silêncio se instaurou. Elis e Atalanta trocaram olhares. Um cosmo sombrio surgiu naquele lugar, ele não vinha exatamente de Elis, mas mesmo assim Saori foi capaz de identificá-lo.

— Quem está aí? É este cosmos quem trás a guerra? - disse Atena encarnada.

— Veja bem, minha deusa - dizia uma voz diabólica vinda de Elis - Vivemos por muito anos aqui escondidas, isoladas do mundo, para que os homens pudessem prosperar sob seu comando. Mas estamos cansadas de ficar aqui, é chegada a hora das amazonas prosperarem!

— Não fale em prosperidade enquanto vidas de milhares de inocentes correm risco. Ambos podem prosperar, sem que um precise cair, se esse era realmente o desejo das amazonas. Eu sei quem tu és! És a própria Discórdia! Estás a usar o corpo dessas pobres soldadas para causar desentendimento e divisão. No entanto, seus jogos de guerra terminam aqui! - Atena queimou seu cosmos, mas foi subitamente atingida por golpes que a lançaram no ar.

A general havia disparado o golpe "Crucificação Cruel" contra o corpo da jovem japonesa. O golpe que consistia de quatro disparos atingiram Saori. o primeiro foi um soco que a jogou no contra a alta cruz de pedra naquele pátio, os outros três foram usando apenas os dedos, que perfuraram as mãos esquerda e direita e os dois pés, um por cima do outro, afixando o corpo da dama encarnada.

Safo tremeu em terror, Iona se escondeu. Saori estava crucificada acima no templo de Artemis. Com o sangue escorrendo e Saori desacordada com o impacto.

Ainda possuídas Atalanta e Elis fitavam como em uma hipnose, as madeixas lilás que pendiam da jovem, dançando ao vento. Sentiam um cálido e profundo cosmos emanar da deusa crucificada. 

Saint Seiya - Amazonas Parte II: O DesvelarOnde histórias criam vida. Descubra agora