Yoongi encerrava o dia em seu trabalho, terminava de testar o programa e revisar os últimos detalhes, estava concentrado em seu computador e nem percebeu quando sua supervisora bateu na porta e a abriu em seguida.
- Boa tarde senhor Yoongi.
- Senhorita Moon Byul-yi, boa tarde. - Yoongi tirou os olhos de seu computador para dar atenção para sua supervisora. - Não percebi quando chegou, me perdoe.
- Não se desculpe, senhor Yoongi, eu vi que você estava concentrado, não era minha intenção te assustar. - Ela falava calmamente.
- Não me assustou, senhorita Moon Byul-yi. Eu só estava terminando.
- Bom eu, notei que cometi uma falha com você.
- Uma falha? Perdão? - Yoongi fez uma careta, confuso.
- Eu só fui me dar conta hoje, quando vi seu namorado te esperando lá embaixo, que não conversamos sobre as políticas de relacionamentos.
- Me desculpe, senhorita Moon Byul-yi, que namorado? - Yoongi limpou a garganta, tentando disfarçar a vergonha tomar conta de seu rosto.
- Aquele moço alto, moreno, que vive conversando com o guarda da recepção, ele vem aqui há, pelo menos, um mês e fica te esperando. - Ela falava gesticulando - Ele veio aqui mais vezes em um mês, do que meu namorado em anos. Enfim! - respirou fundo - Saiba que, aqui nesta filial, nós não temos nenhum tipo de preconceito com a diversidade, como consta no nosso manual do colaborador que você recebeu...
Moon Byul-yi estava encostada no batente da porta, que por sua vez, estava entreaberta, ela falava sem olhar para Yoongi, tentando lembrar do que havia planejado para discutir.
- E como parte da nossa diversidade, - ela continuou - casais LGBTQIA+ são aceitos e respeitados, inclusive, se vocês decidirem ter um bebe ou se casarem... ou se casarem e terem um bebe, o que é mais lógico, enfim, não cabe a mim. - Ela respirou fundo - Avise que nós daremos um tempo extra para possam cuidar dos detalhes. Muitas empresas adotaram esses cuidados por causa da baixa taxa de natalidade no país, então casais que querem ter filhos, recebem uma atenção especial, pode-se assim dizer.
Yoongi sentiu seu rosto todo corar, sua supervisora estava ali, citando informações sobre ele pensar em ter filhos com Taehyung e o loiro nunca nem lhe deu um abraço, aquele assunto todo o deixava desconfortável, mas não de um jeito totalmente ruim, só eram coisas que Yoongi não tinha cogitado ou imaginado.
- Bom... Senhorita... É que... Ele... Bem... Ele não é meu namorado. Nós... - Yoongi limpou a garganta - Nós somos amigos e vizinhos.
- Amigos? E, por que ele vem te buscar? - Ela cruzou os braços, se esquecendo das formalidades.
- Ele, estranhamente, trabalha na escola em frente a praça. - Yoongi sentia seu rosto ruborizar - Então vamos embora juntos... E, ele me ajuda no japonês...
- Oh, por isso ouvi de seus colegas que sua pronúncia tem melhorado.
- Com todo respeito, senhorita Moon Byul-yi, eu estou me esforçando o máximo que posso para aprender a língua.
- Só por ter ouvido o que ouvi, eu acredito! - Ela ajeitou a postura - E... Como sua supervisora, é muito boa sua evolução, mas como uma colega... Você está esperando o que para chamar seu vizinho para sair?
- S-Senhorita?
- Vá bater seu cartão, senhor Yoongi. Te vejo segunda. - Moon Byul-yi sorriu e saiu da sala de Yoongi, fechando a porta em seguida.
Yoongi ficou estático olhando a porta se fechar, completamente confuso e sem acreditar na conversa que tinha acabado de ter com sua supervisora, nunca parou para pensar sobre Taehyung ir em seu trabalho o esperar, nem tão pouco em casamento e filhos.
Ele não tinha mais cabeça e nem concentração para terminar seu trabalho, salvou o programa e desligou tudo, sua cabeça estava aérea, cheia de pensamentos e ideias tentando se conectarem e fazerem sentido.
Yoongi pegou suas coisas e desceu para recepção, sabia que Taehyung estava lá, mas sempre era uma surpresa encontrar o moreno, às vezes sentado, conversando com o guarda ou apenas mexendo em seu celular.
- Taehyung? - Yoongi chegou na recepção - Estava dormindo?
- Yoonie... - Taehyung se espreguiçou - Quase... Aqui é tão quieto que, confesso que o sono veio forte.
- Vem, vamos embora. Podemos adiar a aula de hoje para amanhã, assim você descansa.
- Muito obrigado, Yoonie hyung.
- Vamos... - Yoongi sorriu.
- Yoonie, você se perdeu mais alguma vez? - Taehyung se levantou e andava ao lado de Yoongi.
- Quando tenho que fazer trajetos mais longos... Às vezes, mas os corriqueiros, não. - Eles saíram do prédio que Yoongi trabalhava.
- Logo vai conhecer Tóquio como a palma de sua mão. - Taehyung bocejou - Me perdoe, hyung.
- Taehyung, não se desculpe, você está cansado, é normal. Ainda mais você, que trabalha com crianças.
- Ah, eles são uns amores... Quando querem! - Taehyung sorriu e se virou para o loiro - Yoonie, ainda tem kimchi na sua casa? Eu estou com vontade de comer.
- Hum... Acho que não, mas posso fazer. - Yoongi abriu um sorriso gengival - Nunca imaginei que pagaria aulas de japonês com kimchi.
Taehyung deu uma gargalhada, exibindo um sorriso largo e quadrado, Yoongi o olhava quase sem folego, já tinha aceitado que achava o moreno lindo e parecia que a cada dia que passava, ele ficava ainda mais bonito.
- Eu acho uma ótima forma de pagamento. A menos, é claro, que você queira negociar outra forma. - Taehyung o olhava fixamente enquanto caminhavam até o metrô.
- Em momento algum eu reclamei! Longe de mim! - Yoongi falava com certo desespero em sua fala. - Foi só um comentário!
- Yoonie, não precisa se justificar. - Taehyung sorria - Mas você fica muito fofo nervoso.
- Taehyung, eu não sou fofo!
- Ah, é sim!
Yoongi negava com a cabeça, eles entraram no metrô, que estava lotado. Era sexta-feira, um dos dias mais difíceis de achar um lugar livre para ficar confortável, sempre tinha muita gente empurrando.
Taehyung como de costume, segurava nos apoios alto e Yoongi caçava algum, na lateral, mas sempre acabava se apoiando no moreno. Eles ficavam muito próximo um do outro devido ao pouco espaço, tão perto a ponto de Yoongi sentir o perfume de Taehyung com muita facilidade.
Na estação seguinte a que eles entraram, mais gente pegou a condução, fazendo com que as pessoas se empurrassem para se ajeitarem. Yoongi foi, consequentemente, empurrado, fazendo com que perdesse o equilíbrio e quase caísse.
Taehyung também foi empurrado, mas estava segurando firme, quando viu que Yoongi estava sem apoio e logo em seguida levou um empurrão, o segurou com força pela cintura, quase como um reflexo, trazendo-o para perto de si com seus corpos colados.
Yoongi sentiu corpo arder naquele momento, jamais havia ficado tão próximo de Taehyung. Sua respiração ficou descompassada, o coração acelerou e tudo em volta sumiu por um instante, era como se não houve mais ninguém ali.
- Está tudo bem Yoonie? - Taehyung o olhava fixamente enquanto o segurava.
- S-Sim... Está...
- Se segure em mim, - Taehyung deu um leve aperto em sua mão que apoiava Yoongi - pelo visto, hoje vai ser difícil.
Yoongi não teve forças para dizer mais nada, Taehyung o distraia com sua mão passeando entre sua cintura e lombar, um ato que ele executava a medida que o loiro corava.
O moreno gostava de ver como Yoongi reagia a seus toques, ainda que mínimos e contidos, provocavam comportamentos que deixava Taehyung com vontade de provocá-lo de verdade.
- Logo estaremos em casa... - Taehyung completou.
- Sim... E você vai poder descansar. - Yoongi estava vidrado no olhar do moreno.
- Na verdade, eu acabei de acordar...
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As flores não falam -- TaeGi
Hayran KurguYoongi acabou de se mudar para o Japão a trabalho, sua empresa o transferiu e do dia para noite vai ter que começar uma nova vida em um país novo, ele não conhece nada e nem ninguém, se enrola todo para pedir uma água, vive se perdendo entre as ruas...