Capítulo 9 : Sombria

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Cheiro de vários tipos de grãos diferentes de café sendo moídos, fazem mais do líquido marrom que está envolto no copo plástico que esquenta minhas mãos.

No processo exaltam seu cheiro pairando no ar do pequeno estabelecimento que carrega o mesmo nome da sua bebida mais concorrida do menu.

A mesma que aos poucos está se tornando meu novo vício.

O ruído de máquinas sendo ligas e o tilintar do choque de loiça ao ser arrumada se torna um barulho tão habitual em meus ouvidos que já poderia considerar aquilo uma melodia tão agradável como a de uma música.

E observando atentamente o ambiente em minha volta esse poderia ser até o meu novo lugar, meu novo lugar de paz!

Já que a nunca mais poderei encarar a biblioteca do mesmo jeito, justamente por saber que a tortura do TheN que me atormentou durante o ano letivo inteiro, literalmente veio de lá.

Aquele lugar nunca mais poderia ser o mesmo era como se estivesse manchado ou marcado, por Ryan e seus artigos difamadores.

Afundo meu corpo no sofá marrom e forço um sorriso para me convencer que que fiz a escolha certa, mesmo sendo tão difícil sorrir agora.

Isso é o melhor...

Quero me convencer disso, mas por mais que eu tente, fica cada vez mais difícil.

É difícil me convencer de que eu não devo ir ao hospital.

Mas depois de saber de tudo, depois de começar a entender ele, eu não sei mais o que pensar só me transformo em uma confusão a cada vez que o assunto sobe até minha mente.

É difícil me convencer de que não devo ir até ele, até Dylan.

Fecho os olhos sentindo o sorriso forçado morrer, por mais que eu tente mantê-lo não consigo, sinto que já não consigo sorrir de verdade.

O Dylan sorria de verdade quando estava com você

Levo o copo de café a boca aumentando mais a intensidade do sabor amargo, só não é tão amargo quanto os sentimentos reprimidos se acumulando em minha mente em caos.

Dou mais um gole tentando me manter acordada, já faz muito tempo que isso é somente o que eu quero.

Ficar acordada estar desperta, por que se eu fechar os olhos a única coisa que vejo é ele, nem que seja por pouco tempo.

Vejo ele sorrindo para mim...

E os olhos dele não gritavam, eles sorriam também.

Meu coração está a mil quando abro os olhos e percebo que algo está errado, eu também. Mas na verdade, nesse momento, sinto uma pitada do caos em minha mente se clareando um pouco.

Dylan se mostrava alguém cruel e devasso por fora a própria onda de caos.

Porém por dentro ele poderia ser apenas um oceano de águas calmas, tênues, uma calmaria, ou apenas um aceano violento repleto de várias ondas piores como aquela.

Eu poderia tentar navegar nele ou novamente afundar.

A segunda opção fazia minha mente encontrar mais da mesma confusão em que já está metida.

— Eu achei que você era somente a garota do café — Escuto minha nova companhia se aproximar exaltando o tom da sua voz.

Deslizando o pequeno copo com mais do meu líquido precioso na mesa.

Abro meus olhos e novamente vejo outro sorriso calmo e devolvo o gesto, mesmo esse não sendo o mesmo sorriso com pitada de ironia que eu mais desejo ver agora.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora