Capítulo 17 : Melancia

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Me sento direito na ponta macia da cama de Dylan, tirar os olhos do caderno num tom vermelho que contém o aroma de melancia é um desafio impossível,

Não é só minha forte atenção que estava ali. Muito longe disso.

Não é só mais um dos casos que apenas minha simples curiosidade me leva até aqueles pedaços de papel perfumados forrados por uma capa dura, que comprei em uma feira em Riverwood.

Minhas fortes emoções também estão ali formando um tornado intenso de sentimentos que vão se multiplicando até se tornarem mais fortes e perigosos.

Meu coração bate forte e de forma acelerada que surpreendentemente coincide de forma estúpida e impressionante com minha respiração.

É impossível tentar deixar a hesitação de lado quando o nervosismo insiste e emana em mim se abrigando no meu interior profundamente.

É ainda mais impossível ignorar a hesitação quando se olha directamente para a fonte de onde toda sua sentença provém, porquê o conteúdo daquele caderno é como se fosse um crime que eu e Dylan não nos importamos de cometer.

O mais estranho é pensar que foi ali que tudo começou o início de algo confuso que mais tarde se tornou uma colisão perfeita e mais tarde se revelou algo muito longe disso, muito longe do perfeito, aquele contrato foi um passe de entrada para um parque repleto de caos e eu assim como Dylan entramos nele saltando de mãos dadas.

Porque foi assim que aconteceu, nós dois fizemos acontecer, criamos o caos, foi ali...

— Foi ali que tudo começou — Murmuro para mim mesma no meio do nervosismo.

Dylan me olha com calma como se estivesse me dando tempo mas em simultâneo estivesse impaciente.

— Se você não se lembra ou não sabe direto o que é...

Dylan diz lentamente mas seu tom o denúncia pelo toque leve ainda de sua pouca paciência o que me deixa ainda mais confusa, é muito estranho as vezes perceber que ele não se lembra de nada e que tudo simplesmente foi apagado.

É como se nada do que vivemos existisse e minhas recordações perdessem certo valor, como se nossa história fosse escrita a lápis em forma de um livro, e logo em seguida o autor tenha passado uma borracha por cima da sua mesma história. Por cima da nossa história.

— Pode sei lá dar uma olhada primeiro.

— Você só pode estar brincando certo ? — Olho o caderno sem saber o que fazer — Onde você achou isso ? E quem deu isso para você?

— Acho que essa é uma das situações que irei responder uma pergunta com outra pergunta...

Franzo o cenho sentido uma ruga se formar no topo da minha testa, agora quem está começando a ficar com a pitada de impaciência sou eu.

— Acho que a verdadeira questão é... — Ele passa a mão no maxilar recheado de traços marcantes e leves pensativo — Porquê não haveria de achar isso aparentemente é algo que me envolve certo ?

— Se você quer uma resposta para as suas perguntas devia responder as minhas também.

Falo enquanto observo perplexa Dylan fazer uma careta emburrada e tomar o caderno de minhas mãos. Eu permaneço quieta mesmo com tudo dentro de mim girando.

Velo observar o caderno por um tempo e o tocando com mais cuidado despertou algo em mim que nunca saberia explicar, ele presta mais atenção como se quisesse se lembrar de algo, ou realmente pudesse.

Como será realmente quando ele se lembrar ?

— Nós realmente tivemos algo ? —  ele me encara com a expressão gelada — Isso tudo é muito confuso mas está claro aqui que foi isso.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora