Capítulo 49 : Monstro

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ALISSA

[...]

Parei meu carro no primeiro posto de gasolina e sai ainda sentido meu peito doer assim como meus olhos por todas as lágrimas que rolaram na madrugada.

O sol já tinha nascido e queima meus pés onde as All-stars curtas não conseguiam cobrir, assim como meus dedos são queimados ao tocarem na mangueira quente de gasolina a metendo na entrada para encher o tanque do carro.

Eu me reconto na porta do passageiro enquanto espero o indicador bater oito litros para eu prosseguir meu caminho, mas ainda estava tentando passar dos três.

Eu suspirei de raiva e impaciência e pegando uns óculos de sol de Luke que ele mesmo esqueceu enquanto corria comigo da primeira vez no porta luvas.

Eu os coloco e sigo para a pequena loja de conveniência do posto tirando meu celular do bolso, e olhando as horas.

Trinta minutos para o meio-dia, eu cogito ligar para Dylan, mas o Anônimo descobriria logo tudo, ele com certeza já deve estar rastreando o meu celular e sabe onde eu estou assim como para quem eu ligo ou falo.

E eu não posso simplesmente me livrar do meu celular séria óbvio demais.

— São oitenta e nove e noventa — O garoto do outro lado do balcão diz sem olhar para mim entretido demais em uma revista de BD antiga que cobre metade do rosto.

Eu o observo por longos instantes pondo os pés cheios de terra sobre o balcão e por fim ter seus fios dourados e enrolados caírem para o lado.

— Eu estou com pressa — Falo vendo meu carro do outro lado do vidro das paredes da loja fazendo os olhos dele seguirem não minha direção.

— Um Aston Martin! Impressionante — Ele dá um assobio como quem está admirado e empolgado gostando do que vê — Cara eu não sabia que garotas curtiam assim tanta velocidade, ou escolhiam esse tipo de carro.

— Eu também não sabia que em pleno século vinte um era possível haver tanta falta de senso... — Eu finco meus olhos em seus tênis que antes eram brancos, mas agora estão num cantinho por cima do balcão e sua cor não é mais tão branca assim — E falta de educação vinda de uma só pessoa.

O cara da revista rola os olhos e por fim olha para mim com cuidado.

— Sabe eu trabalho em uma loja de conveniência em um posto distante e desértico — Ele me olha com interesse, já vi muitas coisas e vários tipos de pessoas e tem vezes que eu estudo seu perfil através de três coisas...

— Você estuda seus clientes...

— A solidão faz coisas estranhas com a gente — O cara loiro sorri, noto pela covinha solitária no canto de seu rosto e por fim prossegue — Eu avalio o carro, o perfil e as compras... você me parece familiar. Mas mesmo assim não sei...

— Quais foram as pessoas mais diferentes que já passaram por aqui e você avaliou?

— Hmm... um Batman de bicicleta e um palhaço de ressaca que acabava de perder o emprego — Eu sorriso com a escolha dele, mas acima de tudo curiosa.

— Não sei de quem mais gostei do mistério do Batman ou do palhaço — Eu vejo os outros telefones pequenos da loja de conveniência verificando que escolhi a melhor opção.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora