Capítulo 2 : Nada

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ALISSA

Odeio tudo isso!

A cidade está mais que lotada, o que agora, no auge do verão tão esperado, é a última coisa que alguém com certeza deseja.

Visto daqui não é tão ruim assim, mas o fedor de fumaça negra dos automóveis e barulhos estridentes de buzinas logo pela manhã é forte o bastante para tornar o mais forte café ainda mais amargo.

Levo o líquido amargo a boca sentido forte o cheiro tornar minhas narinas ardentes e fecho os olhos a medida que o líquido quente percorre minha garganta, a queimando de maneira cruel e bruta, com tanta força me levando para longe, para outra maldita lembrança.

— Você deve meio que me odiar agora.

Jogo a cabeça para trás sentido minha cabeça explodindo e minha mente me levar até ele. Porquê isso continua acontecendo ?

Prendo o ar por alguns segundos assim que me vejo de volta ao momento enterrado.

Mas aparentemente não enterrado o suficiente para evitar que se forme o rosto bonito, do garoto problemático na minha mente.

Não enterrado o suficiente para evitar que se substitua o ar quente sufocante, pelo ar frio e calmo que cercava a maré da caverna naquela noite.


Subi meus olhos de seu corpo até seus olhos.

Eles estavam mais claros que antes. Agora sua coloração era mais clara, me lembrava o brilhante mel quase dourado, ao se misturarem com o reflexo da água de maré da caverna.

Analisei com cuidado sua pergunta ele acha que eu o odiava.

— O ódio é um sentimento traiçoeiro — Posso notar uma elevação de seus lábios no canto direito — Pode fazer mais mal a quem odeia do que a quem é odiado.

— Então você não me odeia?


— Isso tudo é um maldito inferno — Casey resmunga irritada pela milésima vez antes de se jogar ao meu lado bruscamente, chamando a minha atenção, quase enterrada também, de volta para ela e de volta para o pressente.

Seus olhos de cor diferente encaram o cenário intensamente tão focados mostrando fúria que se esconde por detrás deles.

— Eu só pensei que ele seria o tipo de cara que me apanharia se eu um dia estivesse prestes a cair — Abro os olhos lentamente com as palavras de Casey.

Dando de cara com o céu cinza que persiste em esconder o sol. Mas não o esconde o suficiente para impedir que alguns raios escapem e queimem levemente minha vista.

Todas as monótonas luzes e sons ao meu redor só servem para deixar os pensamentos que rodam minha mente turbulentos.

Ainda mais perdida em sentimentos como raiva e outros tão intensos demais para que eu possa mencionar o mais inofensivo da lista que seja, minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento.

— Você deve odiar muito ele agora — A garota ao meu lado me fita com seus olhos de cores diferentes.

Eu não quero odiar o Dylan, já o dei tantas coisas, menos o meu ódio, já o considerei em tantas coisas também ele ocupou lugares em minha vida que nunca sonhei que eu seria capaz de colocar alguém ali num pedestal tão alto.

Mas não mais, eu não quero que ele ocupe mais nenhum lugar na minha vida, nem mesmo o lugar de pessoa mais odiada.

Eu só quero que ele seja um nada, a porcaria de um nada que nunca devia ter acontecido.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora