Capítulo 8 : Oceano

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ALISSA

— Meu irmão se foi no mesmo dia que a gente nasceu. — Emily encara a paisagem ao nosso redor confusa.

Seus olhos encaram um ponto distante no meio do nada, quase tão distante igual está sua mente agora vagando nas memórias de seu passado e visitando suas memórias mais distantes com alguns sentimentos reprimidos e confusos dentro de suas lembranças mais antigas.

— Disseram que éramos tão parecidos — Continua com um sorriso curto — Mas eu ainda não sei como duas pessoas ligadas mas tão distantes ao mesmo tempo podem ser vir a ser parecidas.

Emily pigarreia e sua expressão é tão incógnita que não me permite reparar o que ela está transmitindo agora, queria puder vela tentar ver o que seus olhos estão refletindo se ela sente tristeza, se ela sente dor, ou se simplesmente reina algum vazio dentro de si.

— Minha mãe teve complicações no parto — Emily começa — Ela resistiu o máximo que pode assim como eu, mas infelizmente meu irmão não. Ele não aguentou e sem nem mesmo chegar ao mundo direito ele simplesmente se foi.

A brisa gelada do lugar quase deserto bate na minha pele quente na região do pescoço.

Meus olhos sobem para a noite que predomina no céu e as estrelas iluminam o fundo escuro o dando algum brilho, assim como as luzes da cidade por de baixo da planície fazem o mesmo trabalho que das estrelas.

Elas nos iluminam e exibem suas luzes brilhantes e diversas através do reflexo de nossos olhos.

— Meus país sempre esconderam a morte do meu irmão, nunca contaram a ninguém, nem a imprensa sobe disso, ninguém sabe.

Ela apoia as mãos na pequena beirada de metal que separa a estrada do precipício.

— Foi um momento complicado e eles não queriam tornar tudo ainda mais difícil, não que eu concorde muito com a decisão mas essa foi a justificação que eles me deram quando eu perguntei.

"Eu cresci sozinha, via pouco meus pais pelo trabalho deles, era rodeada de alguns empregados que só eram contratados para cuidar de mim, mas nunca me senti como se fizesse parte de uma família ou como se tivesse uma"

— Eu lamento muito — Sinto uma dor forte no meu peito e assim que me viro lá está Emily me olhando com um sorriso travesso bagunçando meus pensamentos agora.

— Você não precisa se preocupar tanto — Ela ri nervosa e pisa uma pedra com o sapato — Logo chegou seu príncipe encantado e problemático para por um fim na minha vida triste de menina rica solitária.

Olho para Emily mordendo o lábio, ela me encara também e noto o que queria ver, se ela carregava alguma tristeza ou não, alguma mágoa ou ressentimento, mas não.

Tudo que eu via era seu rosto sereno e um sorriso brincalhão. Como ela pode lidar tão bem com a situação?

— O Dylan chegou quando eu tinha uns oito anos — Ela alarga o sorriso tão cheio e repleto de nostalgia — Foi um dos momentos mais felizes e bizarros da minha vida.

— Dylan nasceu depois ou... — Tento completar a frase mas eu travo na hora ao me lembrar da foto que deixei em seu apartamento.

Eu travo ao me lembrar da imagem de Dylan mais novo, seu sorriso, seus traços marcantes e tão bonitos que chegam a dar raiva, eles eram os mesmos no rosto da mulher ao seu lado naquela foto emoldurada.

Talvez Dylan não seja mesmo filho da Chris...
É, ele pode mesmo não ser filho da Chris.

— Como eu não percebi isso antes ?! — Penso alto demais e Emily me encara surpresa agora.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora