Capítulo 37: Verdade

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ALISSA

Torço o nariz em reposta ao cheiro forte a medida que a fumaça inicia seu processo lento de tortura para meus olhos já embaçados.

Não tem coisa pior que o cheiro de cigarro barato!

Ainda mais se é proveniente da antiga fábrica de cigarros do drive in, reconheceria aquele produto em qualquer lado, ele é um dos motivos para a fama desse lugar ter tão má reputação para uns que odeiam drogas, e boa para os comerciantes ou compradores da mesma.

A tatuagem da serpente venenosa é o único ponto claro que posso enxergar agora, enquanto meus olhos não me permitem ver mais nada além do veneno que sai da mesma.

— Depois de dois anos seguidos você ainda consome o mesmo trampo. — Leroy bagunça os cabelos loiros nervoso assim que observa o mesmo homem a nossa frente.

Ele deita seu cigarro no asfalto com a expressão ainda dura, assim que o produto tóxico cai no chão do estacionamento do Drive-in ele cessa o fumo apagando-o pela sola gasta do seu sapato.

— Depois de dois anos seguidos você surpreendentemente ainda está vivo — Os olhos do cara se estreitam de Leroy para nós.

Nos encara com desconfiança erguendo uma sobrancelha que está sendo atravessada por um piercing na mesma área do sobreolho ao analisar Poppy e depois ergue as duas ao pausar em mim

— O que está rolando? Duvido que vocês tenham vindo para a sessão das oito, o filme já está acabando...

— Você me deve uma — O vento gélido da noite atravessa minha face assim que Leroy dita suas palavras carregadas de tensão que se dissipam no ambiente que reina sobre nós. O ambiente de outras vozes que se tornam totalmente o oposto da sua.

Elas são animadas, a maioria são grupo de adolescentes abandonando o lugar em seus veículos, outros comendo cachorros de milho acompanhados de copos altos listrados que portam todo o líquido açucarado e gasoso que eles consomem e nomeiam de refrigerante.

Eu os observo por mais um pouco sentindo uma pontada de inveja do sorriso que eles guardam no rosto.

Acredito que tem pessoas que sentem inveja de várias formas, eu sei tão bem do assunto mesmo nunca tendo discutido sobre o mesmo com alguém, porquê com o passar dos dias eu senti muito isso, muitas vezes na minha vida eu senti isso.

Inveja é um sentimento que muita gente de vergonha de admitir, e eu não sou diferente, tem gente que tem inveja dos bens dos outros, queria ter tanto quanto o outro tem, tem inveja das metas como algo que o outro alcançou primeiro, antes dele um bom exemplo é o sucesso.

E por último tenho eu que sinto inveja da felicidade e das poucas coisas que fazem alguém sorrir.

Tenho esse mesmo sentimento pela Alissa do passado que sorria facilmente sem saber que isso não voltaria a acontecer facilmente no futuro, daquela inocente que não sabia que precisaria de muita tinta para puder gastá-la pintando um sorriso falso no rosto todos dias.

— Se é mercadoria que você quer só a partir da meia noite — O cara fala impaciente e me analisa fixamente ainda incomodado com a minha presença, ele parece desconfiado ou pior incomodado com meus olhos o fitando na mesma intensidade.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora