Capítulo 45 : Três

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ALISSA

Não sei como cheguei aqui tão rápido.

Engulo em seco recostando minha cabeça no acento do meu carro, e encarando o espelho do centro refletindo a rua, olhos cansados e borrados com marcas das lágrimas negras do rímel, que antes estava nos meus olhos mas depois foi levado como todo o resto dentro de mim.

Não sei como cumpri com o que me foi pedido com tanta rapidez assim, não parece que faz menos de vinte quatro horas que recebi a ligação.

Olho meu celular deitado em meu colo ansiando pelo seu vibrar quando fecho meus olhos limpando as lágrimas empacadas neles, que vão também com a ajuda do vento gélido que entra pela porta do carro quando a abro.

Exatamente como no cenário da noite anterior quando cheguei sem aviso algum ao encontro da mansão já conhecida bem por mim.

[...]

Corri rápido nem esperando os portões de ferro abrirem completamente, eu sabia que estava demorando, quanto mais eu demorasse mais consequências avassaladoras viriam pela minha frente e cairiam sobre todo mundo.

Nem li direito a placa a base de pedra com letras reluzentes, mas sabia exatamente o que estava escrito nela, mesmo sem ter tido tempo de ler pela pressa.

Residência Parker

Era o nome da mansão no topo da colina, como um castelo no topo de um reino, como é exatamente a lei da vida, o maior, o mais poderoso ou mais forte no topo, típica forma de organização social comum.

Fiz o círculo na entrada e parei na lateral da fonte de água elegante vendo apreciando a mesma água correr ainda com a vista embaçada pelos olhos marejados.

Sai do carro sentido todo o vento bater meu pescoço quando amarrei meu cabelo em um coque muito apertado, e o escondi no capuz do meu moletom preto que combina devidamente com tudo que sinto.

Preto, vazio, solidão dor.

— Senhora Beas... quer dizer Alissa, não esperava lhe ver aqui hoje.

Dan surgiu assim que entrei no hall da mansão, ainda confusa mas muito determinada e disposta a usar meu lado intuitivo e não o racional, senão jamais seria capaz de fazer o que estava prestes a fazer usando por completo minha cabeça incluindo meu lado racional.

— Também não esperava te ver hoje Dan — Eu caminhei o contornado — Onde está o Aiden?

— Se está tentando o convencer a ir ao baile eu recomendo que desista o meu senhor está muito ocupado essa noite. — Dan tenta me impedir mas sem chances, nada poderia me impedir nem mesmo eu mesma...

— Acredite ele irá adorar me ver — Eu passo por baixo de seus braços fortes que formavam uma barreira e corro até as escadas principais pegando um atalho alternativo pelo qual nunca fui.

Vou até a ala oeste onde está situado o escritório dele.

Passo pelo corredor de paredes altas chegando até quatro vezes o meu tamanho, passo pelos retratos de família grandes que cobrem as paredes altas, os retratos em tons escuros, todos os Parker neles com o rosto sério sem um único vestígio de sorriso assim como suas vestes pretas parecem combinar perfeitamente com as emoções.

Preto, vazio, solidão e dor.

Vejo Aiden e Chris com Emily sozinhos ao longo de alguns anos, de quadros que se sucedem, ainda de expressão nula e a medida que os anos de passam e novos retratos são feitos.

Eu me deparo com um em especial agora, quando surgiu um pequeno garoto com um diferencial ali, Dylan que supostamente seria o gêmeo de Emily permanece ao seu lado pelo restante dos anos.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora