Capítulo 29: Parker

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Passo a ponta do meu dedo a volta da lente circular da câmera em minhas mãos, sinto minha pele deslizar sobre o vidro gelado, encostando minha cabeça na parede atrás de mim e fecho os olhos ainda sentindo o objecto um tanto robusto nos meus dedos.

Minhas pernas estão cruzadas como um pretzel por cima da cama e a minhas mãos contendo o objecto repousam sobre elas.

Explorar minha mente para fugir da realidade se tornou a minha ocupação favorita nesses dias sóbrios, tem sido a coisa que mais gosto de fazer principalmente quando a realidade é um tremendo pesadelo.

Um pesadelo sem fim e que não acaba, e impede as pessoas de realmente querer viver ou continuar andando sobre ele. É um pesadelo repetitivo, que nos tortura de forma dura, sem piedade, de forma cruel e nos deixa com medo do momento em que precisaremos abrir os olhos e voltar para a realidade que ele se tornou outra vez.

Respiro fundo e solto o ar com cuidado sentindo o peito subir rápido e descer lentamente. Nesse momento a coisa que menos quero fazer é abrir os olhos novamente.

Me limito somente a isso, em todos sons próximos e distantes desse quarto e em meu corpo. Me limito também em tocar na única coisa que também roubei de Dylan e não tive coragem de devolver ainda, na única coisa que me sobrou dele.

Uma lembrança é desencadeada ao sentir o objecto em minhas mãos, eu me lembro de como ele era nas não quando estava em minhas mãos, mas sim nas do seu verdadeira dono, Dylan.

Como ele segurava isso com firmeza e congelava cada momento nosso com cada fotografia que saia daqui.

Na caverna quando apontávamos mais regras para nos separar em frente ao por do sol que ambos assistíamos, quando ele mirava o cenário a nossa frente ou decidia desviar e apontar para mim enquanto sorria diabolicamente como se gostasse de tudo que visse a sua frente.

Ele gostava de fazer aquilo, aquilo era sua paixão e o seu desejo mais oculto, uma das muitas coisas que ele se dava a importância de esconder.

O mais engraçado de tudo isso é que por mais que impussemos regras ou nos distanciássemos ficávamos cada vez mais perto e ambos sabíamos disso, não só sabíamos. Nos queríamos que aquilo acontecesse pós no fundo nós dois tinhamos algo a mais que também era ocultado.

O facto de que ambos gostávamos daquilo. Compartilhamos várias emoções e uma delas foi essa.

Ele gostava de congelar os momentos, pará-los no tempo e guarda-los para si... e comigo também pois ele compartilhou isso comigo, ele queria congelar os momentos para nós.

— Alissa — Casey bate a porta com cuidado e entra logo em seguida me forçando a abrir os olhos — Eu acho que o carro chegou.

Casey vem até mim com um sorriso tímido e me foco em como seus olhos reluzentes e diferentes me encaram, com preocupação.

— Você está bonita — Casey alarga o sorriso e olha para minhas mãos.

— A ocasião pede certo? — Eu sorrio de volta e olho para baixo pensativa no facto de que Casey pode realmente estar só sendo simpática ou pode estar mesmo falando sério.

Porquê cá entre nós eu sou péssima quando o assunto é escolher roupa, e Casey é simpática demais para me falar isso.

Olho para mim mesma no reflexo do espelho que fica atrás da porta uma calça escura e um pouco larga foi minha escolha por hoje, minha camisola gola alta é branca e eu acho que combina com a minha jaqueta de couro flamejante.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora