Capítulo 22 : Voar

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— Mais alto! — Grito em plena euforia, sinto a adrenalina me invadir.

O sentimento era tão forte a flor da pele que fazia meu coração estar a mil, quando ela me penetra.

Emoção, euforia, entusiasmo, todos os sinônimos possíveis de adrenalina me invadem e percorrem tudo que existe dentro de mim.

Tudo parece ficar mais lento, até o barulho das correntes do balanço, o balanço onde me acomodo e me sustento se move causando um ruído de ferro chocando contra outro ferro.

As correntes vão para baixo como meu acento e eu que me sento nele, e logo em seguida escuto o ruído do ferro e logo já estou em cima novamente, assim que ela me dá mais impulso.

— Mais alto mãe! — Sorrio, sentido a brisa invadir minha face, como alguns raios de sol que  também me dão sua energia quente.

Eu estou onde quero, nunca cheguei tão alto, estou tão alto que o ruído do ferro cessa, o canto dos pássaros soa no meu ambiente exterior e em seguida faz eco lentamente em minha mente.

Tudo congela eu estou flutuando nem o banco de madeira nem as correntes e seu ruído me prendem, estou livre eu sinto a sensação da liberdade e não resisto, eu me solto também, me solto porquê quero sentir mais.

Porquê nos prendemos em nossas próprias correntes quando pudemos simplesmente as largar e estar livres ? É isso que penso quando me jogo no balanço assim que estou muito acima do chão.

— Dylan! — Sinto suas mãos me envolverem no ar e logo seus braços me prenderem como as correntes.

Mas eles não são como elas, eles não são frios e sim quentes são confortáveis e eu gosto deles.

— Porquê você largou o balanço ?! — Seus olhos se arregalam e a preocupação a invade sei disso porquê me aperta mais contra ela.

— Eu só queria ir mais alto mãe — Me aconchego em seus braços e ela sorri a medida que afunda sua mão nos meus cabelos.

— Você ainda pode ir mais alto meu pequeno — Ela me faz cócegas, e se aproxima de meu ouvido esquerdo — Você pode ir muito mais alto do que imagina.

— Só vê se não te matas primeiro...— Escuto uma voz mais rouca se aproximar assim que mamãe me pousa no chão.

O cantil metálico vai até sua boca exaltando o cheiro do álcool, no ambiente do pequeno parquê.

— Mas que porcaria quando vamos embora, eu estou começando a ficar com dor de cabeça — Ele mete as mãos nos bolsos da grande jaqueta que usa e olha directamente para os meus olhos — E além de mais este dia está horrível.

— Você está bebendo outra vez ?! Você sabe que não pode beber aqui! — Minha mãe se altera por um momento mas parece se acalmar assim que seguro sua mão — Por favor Seth vamos nos acalmar um pouco hoje é o aniversário do Dylan

Mamãe força um sorriso e retira a câmera que está envolta no seu pescoço, e dá para ele.

— Pega leve com ele hoje — Ela alarga mais o sorriso forçado e a olha ao redor — Por favor!

Ele apenas a encara, ele a encara e por cima de seu ombro olha para mim seu olhar me assusta, a cicatriz que passa por seu olho esquerdo me dá arrepios.

Ele apenas me encara, me encara quando acende o fogo do seu isqueiro para conceber pouco ao seu cigarro, ele ainda me encara enquanto tem aquilo entre seus lábios e arranca a câmera violentamente das mãos de minha mãe.

Dangerous collisionOnde histórias criam vida. Descubra agora