𝑳𝑿𝑽𝑰𝑰𝑰 . 𝑨 𝑳𝒊𝒈𝒉𝒕 𝒄𝒂𝒎𝒆 𝒐𝒏

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ALEX


Azriel era um sádico.

A cada passo pelo corredor escuro meu corpo gritava de uma maneira diferente.

Decidi treinar com o Mestre-Espião, na fraca esperança de que aquele rosto calmo não fosse me jogar de cima de um penhasco, ele não me jogou, eu me joguei. Mas o treinamento pesado que ele passava...

Durante uma semana eu consegui sair do chão, sozinha e sobrevoar a floresta que cerca Velaris, sobrevoar, planar, aprendi sobre as correntes de vento, mas a aterrisagem... esse era o grande problema.

Diminuir a velocidade, não muito para não cair do céu, mas o suficiente para não quebrar os ossos dos joelhos com o impacto dos pés sob o solo no momento da aterrisagem.

Os arranhões pelos meus braços e rosto já falava muito sobre como estava a minha situação nessa parte do treinamento. Vamos dizer que dá de cara com uma árvore não era a minha parte favorita do dia.

Continuei andando pelo corredor, e devido ao cansaço, ao corpo dolorido e as asas pesando como chumbo atrás das costas, me arrastei com passos lentos, sem me importar com a membrana das asas sendo arrastada pelo chão.

Passei pelo relógio que marcava as três horas da manhã, suspirei fundo. Abaixo do relógio tinha um espelho enorme, e por algum motivo parei em frente a ele, as marcas abaixo dos olhos estavam fundas, os olhos cansados, minha postura não era a das melhores. Mas fora isso... minha pele antes flácida e sem cor, estava agora com um toque de rosado, e devido aos treinos e a grande quantidade de comida que eu empurrava para dentro de mim ganhei alguns músculos a mais, o que era novidade já que antes eu não passava de um saco de ossos.

Considerei que essas mudanças deveriam ser devido ao tempo que estava passando em Velaris, não com o povo da cidade, ainda não criei coragem de andar por entre eles apenas pelo porto e foi uma única vez, sendo filha de quem eu sou, não seria bem vista. Mas o tempo com o trio... alguma parte maluca dentro de mim pensava que tudo isso já estava predeterminado, que desde o início, tudo que eles passaram e que eu passei... Amarantha dizia que essa era minha fraqueza, sonhar.

Mas agora... isso me assustava, de uma certa forma. A Alex que cresceu e viveu em uma realidade diferente, onde o amor, a compaixão e a fraternidade era fraqueza e a crueldade, a razão e a obediência cega a alguém era o único meio de se viver.

Velaris não era para mim.

Arrastei com cuidado a cadeira da mesa e me senti, com o prato de torta na minha frente, a minha barriga roncou de forme, principalmente porque estava tão cansada que dormi na hora do jantar.

[✔] 𝑪𝒐𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒆 𝑴𝒆𝒅𝒐 𝒆 𝑬𝒔𝒑𝒆𝒓𝒂𝒏ç𝒂 • acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora