Ela havia acordado não com os raios de sol que costumavam entrar por sua janela, mas sim com os ratos barulhentos daquele quarto úmido e fedido. Sua perna estava dolorida, e ela queria se enterrar em um buraco ao se lembrar do que dissera na noite anterior. O que foi que Elise havia feito com ela?
— Nikolás, acorda. A gente tem que ir embora.
— O que?
— Vamos, se fomos rápidos conseguiremos chegar no chalé ainda hoje.
Alguém bateu na porta.
— Já vai! Vem, levanta logo.
Nikolás levantou um pouco relutante e sonolento. Cassandra abriu a porta, a moça da recepção estava a sua frente junto com um homem alto e barbudo.
— São eles, pode levar.
— O que?
Antes que ela pudesse dizer algo, a mulher a agarrou e o homem foi até Nikolás.
— O que está acontecendo?
Eles os empurraram para fora do estabelecimento e depois até uma pequena vila, vizinha a pousada, cheia de moradores raivosos. A mulher a soltou e ela correu para o lado de Nikolás. Eles estavam cercados.
— Podemos saber o que está acontecendo?
— Claro, vossa alteza. — Respondeu a mulher. — Faz anos que nossa vila está pedindo ajuda ao rei, nossas fontes de renda têm se esgotado cada vez mais, e os impostos continuam aumentando. Quem sabe se matarmos um dos filhos dele, ele não volta sua atenção para nosso problema.
— Seria uma boa tentativa, se o rei se importasse com seus filhos. Ele quer nos ver mortos tanto quanto vocês.
— Boa tentativa, princesa. Mas vocês não vão escapar.
— Olha, estamos tentando resolver o problema da negligencia do rei com seu povo, mas eu te garanto que se nos matar, nada será feito.
— Ótimo, quem vai morrer? — A mulher os encarou por um instante. — Príncipe Nikolás, pode ser você.
O homem começou a arrastar Nikolás até um poste com palha ao redor. Uma fogueira. O homem o amarrou ao poste e sinalizou para que um dos moradores com uma tocha na mão queimasse a palha. O Morador estava quase ateando fogo, quando Cassandra gritou:
— Pare!
— O que foi princesinha? Quer morrer no lugar dele?
— Quero.
Os moradores se entreolharam.
— Cassandra, o que você está fazendo?
— Você tem muito o que viver. — Disse ela enquanto caminhava até o irmão. — Fuja daqui, ache a Ariela, se torne rei e transforme esse reino.
— Cass...
— Enquanto isso, eu vou estar bem ao seu lado para ver isso acontecer.
Os moradores ficaram tão entretidos na conversa que demoraram um bom tempo para querer os prender. Tempo o suficiente para que ela cortasse as cordas com a faca que carregava.
— Corre!
Os dois saindo correndo dali, com dezenas de pessoas revoltadas atrás deles.
— Podia ter usado essa faca antes. — Disse Nikolás enquanto corriam.
— E você poderia ter tentado se defender antes. Eu havia me esquecido totalmente dela.
— Achei que você fosse mesmo se entregar.
— Eu até poderia, mas eu te fiz uma promessa, se lembra?
Eu ficarei viva, mas apenas para ver você se tornar um rei melhor do que aquele homem.
— Lembro, é claro.
— Sabe o que eu percebi?
— O que?
— Vivemos em um reino cheio de fofoqueiros que querem nos matar.
— De fato.
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Reino de Asas e Redenção - Livro 2
FantasyA coisa mais importante para os flyers não é o poder, mas sim suas asas, a capacidade de ser levado por e através do vento. As asas é o que os leva de volta ao lar. Um flyer sem suas asas é um flyer morto. Mas ela está viva, e lutará por seu povo. ...