Era fim de tarde quando chegaram à pequena cidade, o endereço escrito no papel levava a uma casinha de madeira, haviam outras casas ao redor, mas a maioria estava desabitada, nas outras, portas e janelas estavam muito bem fechadas, como se estivessem se escondendo de algo. Ariela bateu na porta algumas vezes antes que uma voz gritasse "Já vai" de dentro da casa. A porta se abriu, e uma garota saiu de dentro, com uma faca na mão.
— Eu não vou sair daqui, e se tentar invadir a casa eu... — A garota parou de repente e abaixou a faca. E então se curvou.
— Vossa alteza, me desculpe. Achei que fosse mais um daqueles abutres batendo na minha porta.
Ela não estava falando com Nikolás ou Cassandra, mas com Ariela. Ela a reconhecia como princesa? A garota se levantou e eles puderam ver seu rosto com mais clareza, Parecia ser um pouco mais nova do que eles, tinha os cabelos negros presos em um coque no alto da cabeça, e seus olhos, o direito era azul e o esquerdo violeta. Ela era muito bonita, pensou Cassandra.
— Você. — Disse Laís.
— Nós nos conhecemos? Ah, é claro! Você é a assassina.
— Do que vocês estão falando? — Perguntou Ariela.
— Foi ela que contratou a mim e Lucca para matar os duques.
— Você é a Zarah? — A garota acenou com a cabeça em confirmação. — Será que podemos entrar?
— Podem, com exceção daqueles dois. — Disse ela apontando para Cassandra e Nikolás.
— Por que não podemos entrar? — Perguntou Nikolás.
— Me perdoem, mas não sou uma grande fã da família real de Cortlend.
— Eu não sei o que o nosso pai te fez, mas posso garantir que não somos igual a ele. — Disse Nikolás.
— "Nós não vamos machucar ninguém, são só perguntas" disseram os guardas do seu pai antes de invadirem minha casa.
— Eles estão comigo, ninguém vai te machucar, só queremos conversar. — Falou Ariela.
Zarah abriu a porta e deixou que todos entrassem, ainda que mantivesse um olhar atento sobre os gêmeos. Haviam várias plantas espalhadas pela casa, e vidros escuros com líquidos dentro.
— Perdoem a bagunça, estava fazendo alguns remédios. Podem se sentar se encontrarem algum lugar que não esteja coberto por folhas.
— Eu gostaria de perguntar, por que me chama de alteza, mas não faz isso com Nikolás e Cassandra?
— Não gosto deles, e não parece, mas sou metade flyer, então você também é minha princesa. Antes que pergunte, minha mãe era uma curandeira flyer, ela estava em uma missão para resgatar um soldado, mas foi atingida por uma flecha enquanto voava e caiu aqui, meu pai a encontrou e cuidou dela até que ela pudesse voar de novo, mas ela decidiu que não queria voltar para as montanhas e ficou aqui com ele. Eles se casaram, e eu nasci, sem asas e com um pouquíssimo poder de curandeira.
— E onde eles estão agora?
— Foram mortos pelo rei há um ano e meio.
— Nós sentimos muito. — Disse Cassandra. — Estamos trabalhando para que isso não aconteça novamente.
Zarah deu de ombros, ela certamente não gostava deles.
— Mas o que vieram fazer aqui? Tenho certeza de que não foi só para me dar os pêsames.
— Não, não foi. Meu pai pediu que te levássemos para as montanhas conosco. Se você concordar.
— É claro! Sem pensar duas vezes.
— Que bom. Isso foi bem mais fácil do que achei que seria. Mas terá que vir conosco para Olria antes.
— Tudo bem. Tudo tem um preço, não é mesmo?
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Reino de Asas e Redenção - Livro 2
FantasyA coisa mais importante para os flyers não é o poder, mas sim suas asas, a capacidade de ser levado por e através do vento. As asas é o que os leva de volta ao lar. Um flyer sem suas asas é um flyer morto. Mas ela está viva, e lutará por seu povo. ...