Capitulo 14

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Talvez Dália estivesse certa. Ninguém ali realmente gostava delas, talvez só o que impedisse aqueles soldados de mata-las era a proximidade com Ariela, pois nem Holand estava se importava com o que elas faziam ou deixavam de fazer contanto que sua filha estivesse bem.

Aquele povo não era nenhum pouco diferente dos humanos, com a exceção das asas é claro, mas o comportamento era igual. Vários homens ficando bêbados em comemoração ao aniversário do príncipe que estava escondido em algum lugar.

— Eu aposto meus últimos cinco caramelos que aqueles dois vão começar a brigar primeiro. — Disse Dália.

— Eu acho que aquele cara e aquela garota vão brigar primeiro. — Disse Leo.

— O que eu ganho se você perder?

— Eu te dou minhas batatas no almoço.

— Por que estão apostando em pessoas brigando?

— Porque é a única coisa que tem para fazer aqui, e é uma chance de ganhar comida boa.

Considerando que a comida daquele lugar era horrível ao ponto de faze-las vomitar, e a única coisa boa, que eram as batatas, era escassa, era uma bom motivo, e Laís adoraria saber aonde Dália tinha arrumado caramelos.

Ela ficou atenta as duplas que as duas haviam indicado, e não demorou muito para que Dália começasse a pular quando um dos homens deu um soco no rosto do outro e os dois começaram a lutar.

— Alguém vai ter batatas extras para o almoço e caramelos para a sobremesa! — Comemorou Dália.

— Ah, droga. Eu não deveria ter apostado.

— Relaxa, Leo. Pode ficar com o meu mingau.

— Como alguém tem coragem de chamar aquilo de mingau? Tem gosto de... Ah, sei lá do que aquilo tem gosto, só sei que não é de mingau.

— Peço perdão por estar ouvindo a conversa de vocês, mas quem está dando comida para vocês? — Perguntou Conan surgindo a frente delas. — A comida daqui não tem nada de muito especial mas não é assim tão ruim.

— A Luna levou comida pra gente ontem, mas era tão ruim que nós preferimos não comer hoje. — Respondeu Dália.

— Aquela pestinha. Foi por isso que me pediu um frasco de Mistilia.

— O que é isso?

— É um veneno que deixa o gosto das coisas podre, mas fique tranquilas porque ele não mata, apenas deixa as comidas com gosto ruim. Eu só não sei porque ela não colocou nas batatas.

— Bom saber.

— Tigre! — Alguém gritou ao longe e vários gritos começaram a soar pelo acampamento.

— O que está acontecendo?

— Ataque de tigres cinzentos.

— ♦ —

Em um momento estava tudo tranquilo, e no outro eles estavam sendo atacados por tigres com fome.

— Arqueiros, em formação! Soldados da Tempestade, vão em frente! Soldados da Elíptia, protejam mulheres e crianças e façam um escudo! — Gritou Kion, enquanto atirava flechas nos tigres.

Eram muitos deles, mais do que ela vira em toda a sua vida. O acampamento estava em polvorosa, com pessoas correndo por todos os lados. Ariela não estava com armas e duvidava que conseguiria chegar a sua tenda. Ela tentara invocar o gelo, mas não conseguia. Mas ela não podia ficar ali sem fazer nada.

Ela olhou para todos os lados em busca de algo, então pegou uma tocha e seguiu em frente para onde os tigres estavam lutando contra os soldados.

— Princesa, o que está fazendo?! Fique longe deles! — Gritou um soldado.

Bem na hora em que uma das feras veio correndo em sua direção. Ariela apontou a tocha para o rosto do animal que começou a rugir sem parar e tentar ataca-la. O fogo não havia conseguido o impedir. Ela começou a correr da criatura.

— Use o gelo! — Gritou uma garota do céu. — Crie um escudo!

— Eu não sei como fazer isso!

— Quebrando escudo á oeste! — Gritou a garota antes de voar para baixo e pega-la.

— Obrigada!

— Meu dever é protege-la, vossa alteza.

— Não, o seu dever é proteger nosso povo. Obrigada.

— Não tem de quê.

— Qual é o seu nome?

— Melina, tenente da Elíptia.

A garota pousou com ela para dentro do escudo que ela sustentava junto com outros flyers.

— É melhor você ficar aqui dentro. Seus amigos estão logo ali.

Ela encostou o rosto nas paredes invisíveis daquele escudo, apenas observando enquanto seus soldados lutavam com os tigres até que todos estivessem mortos. Quando tudo se resolveu o escudo foi desfeito e ela quase caiu com a cara no chão.

Felizmente haviam poucos feridos e ninguém havia morrido. Ataques dos tigres cinzentos aconteciam uma ou duas vezes no ano, mas sempre em números pequenos, nunca tantos quanto dessa vez. 

Reino de Asas e Redenção - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora