Eles não haviam se arriscado a entrar em algum outro lugar novamente, depois de correrem daquelas pessoas por algum tempo, eles continuaram a andar pela estrada, fazendo algumas paradas para descansar. Nikolás não sabia como haviam conseguido andar tanto não tendo comido nada e parado apenas uma vez para beber água em um lago, que ele torcia para que não os fizesse mal. Agora, estavam deitados debaixo de uma arvore, não era confortável, mas era melhor do que colocar a vida em risco novamente. Depois de um dia inteiro andando, ele só queria dormir.
E ele conseguiu. Estava tudo escuro, e então uma luz se ascendeu no espaço. Ela era brilhante, e fria, e tão familiar. Ele havia lutado contra aquela luz, a luz de Ariela. O clarão parecia sussurrar seu nome, e o puxar para perto. Ele atravessou o clarão como se fosse um portal, e agora estava em algum lugar, parecia uma tenda, Ariela estava a sua frente.
Lágrimas escorriam por seu rosto, ele conseguia sentir a dor que estava em seu coração, um misto de tristeza e remorso, a vontade de gritar, de parar o tempo, ela estava cansada de tudo aquilo, queria cair em um sono profundo e acordar em um novo mundo, onde ela não teria todas aquelas preocupações.
— Por que você está chorando? — Ele perguntou, mas ela não respondeu.
Ela não conseguia ouvi-lo. Ele tentou tocar seu rosto, limpar suas lagrimas, mas era como se ela não estivesse realmente ali, não passasse de uma névoa.
— Por que você não está aqui? Por que você me deixou? — Ela perguntou para o nada, mas Nikolás sabia que ela havia feito a pergunta a ele.
— Eu não te deixei, eu estou aqui. Eu te amo, eu estou aqui.
A expressão em seu olhar mudou, como se ela tivesse escutado.
— Eu te amo, Ariela, eu sempre vou estar aqui. — Ele repetiu.
Mas então a luz se apagou, e ele voltou para a escuridão. Horas depois ele acordou, o sol estava alto no céu. Havia apenas uma coisa que passava em sua cabeça, Ariela, Ariela, Ariela. O nome era como um alarme incansável soando em sua mente. Ele precisava chegar até ela, ela achava que Nikolás estava morto.
Cassandra já estava acordada, de pé na beira da estrada. Faltava pouco para chegar até o chalé, se eles corressem, talvez conseguissem chegar ainda naquele dia.
— Cassandra, nós precisamos ir.
— Não podemos descansar só mais um pouco? Minha perna está doendo.
— Sinto muito, maninha. Mas temos que... Me espere aqui.
— O que é que você vai aprontar dessa vez?
— Pode ficar tranquila.
Nikolás saiu e Cassandra ficou ali o esperando. Que ele não os metesse em mais problemas. Um tempo depois ele voltou, montado em um cavalo preto. Ela não queria nem saber o que ele tinha feito.
— Sobe.
— Da onde você tirou esse cavalo?
— Não é um cavalo, é um égua. Diga oi para a Constelação.
— Sério? Esse é o nome dela?
— Não olhe assim para mim, é o nome que estava na plaquinha do estabulo.
Eles seguiram pela estrada, e em menos de uma hora estavam no bosque que cercava o chalé, havia uma pequena entrada. Uma estradinha de cascalho entre as árvores. Eles entraram, não havia ninguém.
— Eu acho que elas não estão aqui. — Disse Cassandra.
— Será que elas foram para as montanhas?
Constelação começou a relinchar e se afastar da casa.
— O que deu nela?
— Ei, quem são vocês?! — Bradou um flyer saindo de dentro do chalé, com outro logo atrás.
— Eu sou o Nikolás, e essa é a Cassandra, nós estamos procurando a princesa Ariela.
— Não é possível, nós recebemos a informação de que vocês estavam mortos, ontem de manhã.
— De quem?
— O rei Oliver declarou que vocês estavam mortos.
— Bom, nós estamos bem vivos.
— Não podemos levar vocês até a princesa, contataremos o rei primeiro.
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Reino de Asas e Redenção - Livro 2
FantasyA coisa mais importante para os flyers não é o poder, mas sim suas asas, a capacidade de ser levado por e através do vento. As asas é o que os leva de volta ao lar. Um flyer sem suas asas é um flyer morto. Mas ela está viva, e lutará por seu povo. ...