Sem um lugar no mundo. Era como ela costumava se sentir desde pequena. As vezes ela sentia que as coisas poderiam ter sido muito mais fáceis se os pais a tivessem deixado ir naquela viagem com eles. Se a Laís de cinco anos tivesse ido parar nas profundezas de um rio e ficado por lá. Certamente um afogamento de cinco minutos teria sido melhor do que os quinze anos que ela vivera depois da morte dos pais.
Na casa dos tios, era considerada uma intrusa. "Uma boca a mais para alimentar, ainda por cima é inútil" dizia sua tia. O que ela sempre achara irônico, já que a família era rica e ela nem se quer podia comer a mesma comida que eles. Sua sorte era que Leo sempre levava as coisas gostosas para ela escondida.
Quando se juntou ao grupo de assassinos de Lucca, ela mentia para si mesma que aquelas pessoas a entendiam, que ela tinha um lar, por mais estranho e errado que aquele lar fosse. Mas ela sabia que só estava tentando melhorar a situação. Aquelas pessoas não a entendiam, e não ligavam para ela. Eram pessoas que tinham tido oportunidades e as deixado passar, depois foram manipuladas por Lucca e faziam tudo o que ele queria. Assim como ela fizera um dia.
Mas quando encontrou aquele grupo, pela primeira vez ela se sentiu em casa, com uma família. Aqueles haviam sido os meses mais felizes de toda a sua vida. Ela havia criado esperança, esperança de um mundo melhor, de uma vida melhor. Que ela já não tinha tanta certeza de que teria. Ela não sabia se os outros haviam percebido, mas aquele grupo, aquela família que eles haviam construído estava se desfazendo tão rápido quanto havia se formado.
Ariela estava em casa, com pessoas que ela conhecia e confiava, e Nikolás estava feliz por estar com ela, assim como Cassandra que estava feliz pelo irmão estar feliz. Ela conseguia ver o lado distante de Dália, e a entendia. Afinal ela teria um filho para cuidar, todos os seus planos de vida estavam indo por água a baixo, o homem que ela amava havia mentido para ela, e a única pessoa que sempre estivera ao seu lado, sua mãe, podia estar em perigo. Leo permanecia neutra como sempre. Ela já havia lhe dito isso uma vez, ela estava bem se Laís estivesse bem.
Todos os dias, as três ficavam em um canto do refeitório, escondidas dos flyers e parecia que nenhum dos outros três estavam se importando muito com isso. Em parte ela os entendia, coisas importante estavam acontecendo em suas vidas, mas uma pequena parte dela, que estava quebrada demais, sempre dizia que era porque eles eram da realeza. Os três eram príncipes, haviam crescido com tudo o que desejavam. Nunca ligariam de verdade para simples humanas que estavam tentando fazer a vida valer a pena.
Mas então ela calava aquela parte antes que ela envenenasse toda a sua mente. Nikolás e Cassandra matariam o próprio pai pelo povo, e quanto Ariela, ela acreditara que era uma assassina que merecera ser presa, e parecia se importar com seu povo. Mas ela não podia ignorar o fato de que se sentia sem um lar novamente, estando no meio daqueles guerreiros que preferiam que elas estivessem em outro lugar ou até mesmo mortas.
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Reino de Asas e Redenção - Livro 2
FantasyA coisa mais importante para os flyers não é o poder, mas sim suas asas, a capacidade de ser levado por e através do vento. As asas é o que os leva de volta ao lar. Um flyer sem suas asas é um flyer morto. Mas ela está viva, e lutará por seu povo. ...