Capitulo 10

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Ariela havia acordado com uma baita dor de cabeça naquela manhã, afinal, na noite anterior tudo o que ela havia feito era chorado, bebido muito vinho e vomitado, depois ela havia chorado de novo e bebido mais vinho...

Ela se levantou da cama, onde Laís ainda dormia. Ela conseguia se lembrar de um momento, quando ainda não estava bêbada, quando mais uma vez não conseguiu controlar aquela luz, ela havia escutado uma voz, como se Nikolás estivesse ali ao seu lado. E a voz continuava em sua mente, dizendo a todo momento "Eu estou indo", "Eu estou chegando, meu amor" "Por favor, continue aqui até eu chegar". Na noite anterior ela pensou que poderia ser mesmo ele, mas agora ela já não tinha tanta certeza de que estava mesmo sóbria naquele momento.

Ela caminhou pelo acampamento e a voz continuava, ela estava fazendo perguntas do tipo, "Você está acordada?", mas aquilo a estava deixando estressada, quando teve certeza de que estava sozinha, gritou para o nada:

— Me deixe em paz! Se você não está aqui, então pare de fazer com que eu sinta a sua falta!

E então a voz se calou, e ela se sentiu vazia novamente. Talvez ela não estivesse achando aquilo tão ruim, era como ter um pedacinho de Nikolás com ela.

— Por que você tem que ser um ser humano tão ruim?! — Ela gritou com sigo mesma. — E eu nem sou um ser humano. Ótimo, agora eu falo sozinha.

— Eu atrapalho a sua conversa? — Perguntou Kion aparecendo ao seu lado.

— Sim, atrapalha. Eu quero ficar sozinha.

— Seu pai quer ver você. Ele tem uma... Boa notícia.

— O que é dessa vez? Ele já arranjou as flores para o nosso casamento. Ou melhor, Luna morreu. — Disse ela com ironia.

— Por Silya, Ariela. Credo. É uma notícia boa de verdade.

— Então fale logo.

— Eu não sou a melhor pessoa para te contar.

Ela saiu revirando os olhos e batendo os pés como uma criança birrenta, nada podia definir melhor como ela se sentia naquele momento. Quando chegou a tenda de seu pai, ele estava com mais dois flyers, seu rosto estava sério, e muito surpreso.

— Por favor, não desmaie dessa vez. — Pediu ele.

— O que foi?

— Eles estavam guardando o chalé, — Disse ele apontando para os dois flyers. — quando Cassandra e Nikolás apareceram. Eles estão vivos.

— Eu acho que eu não entendi direito.

— Você entendeu direito, sim.

Agora ela não tinha muita certeza se conseguiria ficar e pé. Na manhã anterior ela havia acordado com a notícia de que eles haviam morrido, e agora eles estavam vivos. Ela não tinha mais certeza de nada, não sabia nem mesmo ao certo se ela ainda estava viva.

— Ariela! — Chamou seu pai passando a mão na frente de seus olhos. — Você está bem?

— Estou sim. Com licença, eu já volto.

Ela saiu correndo de volta para sua tenda.

— Vivos! Eles estão vivos! — Gritou ela. Todos aqueles gritos estavam piorando sua dor de cabeça, mas ela não podia conter sua empolgação.

— Quem estão vivos? — Perguntou Leo esfregando os olhos.

— Nikolás e Cassandra.

— Ah tá. Espera, o quê?

— Como? — Perguntou Dália se levantando.

— Eu não faço a menor ideia. Isso não é maravilhoso?!

— Gente, eu acho que ela está tendo um colapso nervoso. É melhor você se deitar um pouco. Foram muitas emoções de um dia para o outro... — Disse Laís.

— Eu não estou ficando louca, Laís. Eles estão mesmo vivos.

E então ela parou para pensar que podiam ser apenas dois jovens aleatórios mandados pelo rei — afinal os flyers nunca haviam os visto antes — E na verdade eles estavam mesmo mortos, ou talvez ela tenha escutado errado. Ela não podia ter certeza de nada, a não ser que os visse.

E então, com muito esforço, ela convenceu seu pai a deixa-la descer a montanha. Agora ela estava nos ares, mas não era agradável e nostálgico como da última vez. Agora ela estava lutando contra a expectativa, mesmo já tendo a nutrido uma vez, mas ela estava tentando se conformar de que não eram realmente eles, assim, ela sofreria menos se estivesse mesmo certa, e teria um motivo para comemorar se realmente fossem eles.

O flyer que a levava pousou, estava tudo normal, como sempre estivera, exceto pela presença de um cavalo.

— Onde eles estão? — Ela perguntou.

— Pedimos para que eles esperassem lá dentro.

Ela deu um passo na direção do chalé, mas foi parada por um dos soldados.

— E se for uma armadilha, vossa alteza? Não podemos deixa-la entrar sozinha.

— Me empreste sua espada. Se for uma armadilha vou saber como me defender.

Ela seguiu em frente e entrou no chalé, ele ainda estava um caos de moveis quebrados e poeira, e ainda lhe causava um sentimento ruim, agora mais do que antes, talvez por se lembrar do que havia acontecido e de quem era o sangue que manchava os lençóis de uma das camas.

Da porta de entrada, ela não conseguia ver ninguém, mas então ao fecha-la e olhar para ao lado, pode ver Cassandra sentada no canto com Nikolás ao seu lado, sorrindo. Imagens se misturaram em sua cabeça. O sorriso que sua mãe lhe deu ao entrar por aquela porta depois de um ano sem vê-los, o sorriso de Nikolás no baile de máscaras. Todas as vezes que ele sorrira para ela, todas as vezes que sua mãe sorrira para ela. E ela pensou em como sua mãe teria o adorado, e em como estava feliz por ele estar vivo. Era como se uma parte dela tivesse morrido com cada perda, mas agora, uma delas acabara de ressuscitar.

Reino de Asas e Redenção - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora