Capitulo 34

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Dois meses haviam se passado e todo dia era a mesma coisa. Suas mãos e pés eram presos a algemas e dois guardas a vigiavam noite e dia, Kion levava comida pra ela duas vezes ao dia e ela ouvia, pelo buraco na parede, soldados que passavam por ali murmurar sobre ataques de nebulosos aos flyers. Ela passava a maior parte do tempo envolta em um escudo de sombras, era a única coisa que ela ainda tinha.

— Toc toc. — disse Kion.

— Quem é?

— O almoço. E ele está sem paciência hoje.

— E quando o almoço está com paciência?

— Você vai querer comer ou não?

— Vou. — respondeu Ravena, dispersando as sombras.

Kion soltou seus pulsos das correntes e se sentou ao seu lado. Os guardas não estavam ali.

— Deixa eu te perguntar, a comida daqui é ruim, ou ela é feita especialmente pra mim?

— Você não é tão importante assim, tá. Ela é ruim mesmo.

Ravena o encarou por um momento.

— Tem alguma coisa na minha cara por acaso?

— Não, mas é que você é muito parecido com o Karayan.

— De novo isso, que inferno!

— Mas é sério. Tem uma pintura no palácio de quando ele era mais novo e é idêntico a você. Será que vocês são parentes?

— É claro que não. Agora será que dá pra comer e calar a boca?

— Tá, não tá mais aqui quem falou.

— O conselho finalmente tomou uma decisão. Sobre o que vão fazer com você.

— Legal. Mas eu não quero saber.

— Qual é o seu poder? Além de manipular as sombras.

— Você não quer saber.

— Eu quero sim.

— É um poder idiota.

— Fala logo.

— Eu posso sentir o desejo mais profundo de uma pessoa quando toco nela.

— Uau, que inútil.

— Nem sempre, é bem útil quando se quer manipular alguém. E o seu?

— Fogo. Mas eu não consigo usá-lo.

— Ah, é claro. Toda aquela baboseira de ativos e inativos. Nebulosos não tem isso, ninguém compara o seu nível de magia.

— Você fala como se fossem os melhores seres do mundo.

— É porque somos, mas você ainda não está pronto pra essa conversa. Como vai o casamento dos seus pais?

— Minha mãe não traiu o meu pai se é isso que você quer dizer. Ela morreu quando eu era criança, e além do mais, eu sou adotado.

— Eu sinto muito pela sua perda. E isso não muda minhas suspeitas de que você tenha algum grau de parentesco com o Karayan, só aumenta.

— Eu sou flyer, ele é um nebuloso! Está ai o motivo de não termos nada a ver um com o outro.

— Está bem, continue acreditando nisso.

— Onde estão os seus pais, afinal?

— Mortos. Eu já terminei e comer, pode me prender de novo e ir embora.

— Com todo o prazer. Ah, você vai se juntar aos seus pais logo, o conselho decidiu te executar.

— Vai sonhando. Eu não sobrevivi a flecha da minha irmã pra morrer pelas suas mãos.

— Ok, só não vá cometer os mesmos erros da outra vez. 

Reino de Asas e Redenção - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora