Um de seus passatempos preferidos era jugar as roupas que a nobreza usava nos bailes, na maior parte das vezes eram muito bonitas, muitos tons de preto, prata e dourado e um pouco mais de preto. Uma das poucas coisas divertidas naquelas festas. Também poderia dizer que ouvir as conversas sussurradas em cantos escuros era interessante, isso se não tivesse que revela-las mais tarde para sua rainha, o que normalmente acabava levando alguém a ser jugado, preso e as vezes até morto.
Ela nunca imaginara quantos crimes aquelas pessoas podiam cometer, mas as vezes ela se perguntava se o que ela fazia não era um crime ainda maior, mas àquela altura, eles eram os culpados por serem descuidados. Todos sabiam da existência das gêmeas-sombras, que Ravena e Hadria estavam sempre escondidas em algum canto. As pessoas mais habilidosas sempre tentavam manipular as sombras para saírem de seus lugares e revela-las, porque criminosos ou não, ninguém queria que suas conversas fossem ouvidas.
Já havia dado seu tempo, Ravena estava parada contra uma parede a duas horas, estava na hora de aproveitar um pouco aquele baile, mesmo que não houvesse muito para aproveitar. Ela andou até o trono, fez uma reverencia ao rei e a rainha e estava quase saindo quando Valkiria a chamou.
— Ravena, o que acha de nos prestigiar esta noite com suas habilidades?
— Arco e flecha ou facas?
— Facas. Hoje faremos diferente, o que acha de ficar em frente ao alvo, Lorde Owen?
— É claro, Majestade.
Dois empregados trouxeram um painel de madeira e as facas que ela normalmente usava para atirar. O homem estava morrendo de medo, a regra era que alguém ficasse em frente ao alvo com as asas abertas, e ela tentaria não prender a pessoa a madeira. A questão era que normalmente a pessoa era avisada antes e normalmente concordava com aquilo, sem a pressão da rainha. A iluminação do salão foi diminuída e todos fizeram silencio. Ela pegou uma das facas e apontou.
— Fiquei parado.
O homem estava tremendo, mas ela atirou a faca mesmo assim. O homem soltou o ar que estava prendendo quando a faca passou longe de seu corpo, ela atirou outra, dessa vez mais perto, atirou uma após outra até só sobrar uma faca na bandeja. Ela olhou para a rainha que parecia estar entediada, Valkiria queria que Ravena errasse, muito provavelmente. Então ela mirou a faca o mais próximo possível da asa do homem, o suficiente para acertar uma pena e Lorde Owen ser liberado. E foi o que aconteceu. O Lorde olhou para ela assustado, saiu da frente do alvo o mais rápido possível enquanto o restante da corte aplaudia.
— Bom trabalho, maninha. O homem está tentando convencer o concelho a se voltar contra Karayan. — disse Hadria aparecendo ao seu lado. — Ele não acha boa ideia entrarmos nessa guerra para conquistar o que nosso povo merece.
— Nem eu acho. — Ela murmurou.
— O que disse?
— Nada.
A verdade é que ela achava errado o que os reis estavam fazendo com os flyers, e lutar em mais uma guerra contra eles era idiotice, por maior que fosse seu rancor.
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Reino de Asas e Redenção - Livro 2
FantasíaA coisa mais importante para os flyers não é o poder, mas sim suas asas, a capacidade de ser levado por e através do vento. As asas é o que os leva de volta ao lar. Um flyer sem suas asas é um flyer morto. Mas ela está viva, e lutará por seu povo. ...