💫tell me your deepest wish💫

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                  october 9,2020

- Parabéns pra você... nessa data querida..- ouvi minha família cantar enquanto adentrava meu espaço sagrado, ou meu quarto como normalmente chamam. Era 9 de outubro e era meu incrível aniversário de 17 anos, e seria o pior de todos, o motivo? tem uma pandemia lá fora, tem meses desde que eu fui pra escola pela última vez e minha vida não tem sido nada fácil durante esse período, as palavras "álcool" "restrição" "máscara" "proteção" e "quarentena" rodeiam minha cabeça dia e noite. Por mais que pareça extremamente assustador ja se tornou normal.

Voltando a minha família interrompendo meu sono com suas belíssimas vozes, não foi tão ruim assim. Meu irmão mais novo, Peter trazia um pacote azul em mãos. Logo atrás meus pais com um bolo com 17 velinhas coloridas e como sempre uma câmera digital em mãos, eles insistem em tirar foto desse momento todos os anos, sempre são fotos péssimas, mas é como tradição.

Recebi meus parabéns e o pacote azul foi meu presente, uma jaqueta de couro preta fez meus olhos brilharem, por mais que seja um presente simples eu adorei.

O dia passou bem rápido na verdade, mas eu ainda tinha algo a fazer, algo muito importante por sinal! Cantar parabéns novamente, não pra mim dessa vez, mas é 9 de outubro, nunca deixo passar em branco, até porque adoro me gabar de dividir aniversário com meu beatle favorito...

Por mais que seja uma situação feliz sempre choro, sinto falta dele, não que tenha sido meu um dia, mas é importante para mim como se tivesse.

Decidi pegar a jaqueta de couro que tinha ganho mais cedo, não tinha experimentado ainda e não sabia como ia ficar. Vesti e comecei a abrir os bolsos, eu tenho essa mania...

Pra minha surpresa dessa vez tinha algo em um deles, mais precisamente uma carta de baralho, aparentemente bem velha por sinal. Não me interessou em nada e em menos de minuto a carta estava caída no chão, quando imediatamente emanou uma luz rosada. Levei um susto tão grande que acabei caindo no tapete fofinho. Em um passe de mágica uma mulher alta e loira vestindo botas até os joelhos e vestido preto apareceu em minha frente.

-Enfim fora da carta!- disse ela abrindo os braços e rodopiando
-a propósito querida, feliz aniversário!- completou olhando para mim

- Como apareceu aqui e como sabe que é meu aniversário?- perguntei confusa

- 1 eu estava dentro dessa carta velha que você encontrou, e 2 eu sei muito mais sobre você do que imagina..- respondeu simples

-Então você é uma bruxa?

-Bruxa não querida, gênio. Me chamo Jenny, prazer.- disse enquanto me estendia a mão

-Prazer...- respondi ainda desconfiada.

Por mais que isso pareça esquisito não desacreditei dela, eu a vi saindo de dentro da carta! Como ja duvidar?

-Você faz alguma coisa especial ou só saí de cartas assustando os outros?- perguntei me sentando na cama

-Claro que sim bobinha. Realizar desejos é a minha missão aqui hoje. Então me conte meu bem: qual seu desejo mais profundo?- me disse a loira com seus olhos verdes encarando os meus.

Qual meu desejo mais profundo? Sempre pensei nisso mais nunca imaginei que tivesse de responder.

Eu podia dizer muitas coisas, podia pedir pra ficar milionária... ou alguma coisa idiota como uma girafa de estimação que nunca cresça, mas dessa vez parei pra pensar bem.

Olhando de um lado para o outro pensando no que dizer enfim encontrei algo que me tinha uma resposta bem clara: minha prateleira de vinis.

Eu podia pedir qualquer coisa agora, por que não voltar no tempo?

-Viajar no tempo!- respondi firme

-Para quando específicamente meu amor?- ela me perguntou

-umh... 1960 e alguma coisa, na Inglaterra para ser mais precisa...- respondi ainda com dúvidas

- Pedido dito é pedido feito! E se precisar de mim é só chamar!- disse Jenny dando pulinhos e girando os dedos em frente ao meu rosto.

- Me leva pra liver...- PUFT! Uma luz forte praticamente me cegou e eu apaguei sem completar a frase.

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-Ei moça... acorda...- ouvi alguém dizer

Eu estava caída no chão frio enquanto tentava abrir meus olhos com dificuldade por conta da claridade.

-Que lugar é esse?- perguntei com a voz fraca

-Ripley.. não importa agora, está tudo bem?- me perguntou o moço ajoelhado ao meu lado

Esse garoto me parece familiar... e Rip- o quê?

-Tudo bem... obrigado pela ajuda..- disse ainda estranhando a situação. -Pode me responder mais uma coisa? Que ano é esse?- perguntei provavelmente vermelha como um tomate

-Deve ter batido a cabeça com força... 1963 se realmente precisa saber...- respondeu ele. Provavelmente me achando louca, mas quem não acharia?

-Obrigado denovo... e devo ter batido bem forte com a cabeça...

-Vem comigo, te pago um café e explico o que aconteceu- disse ele me ajudando a levantar.

Ainda acho que conheço ele de algum lugar, acho não, tenho quase certeza absoluta.

- A propósito, Eric, prazer- disse o mais alto me estendendo a mão

-Elisabeth..- respondi.

Mas calma, Eric o quê? Só isso? Nada mais? Sem sobrenome?

Juntar as peças não foi muito complicado. Isso foi um engano!




It's going wrongOnde histórias criam vida. Descubra agora