4 - Castelo de Areia

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Eu havia dormido melhor naquela noite, sem pesadelos, pela primeira vez em muito tempo. No dia seguinte acordo cedo, e as cenas da noite passada com Eric vagueiam na minha mente. "Talvez seja uma boa hora para tentar sair" Penso comigo mesma. Eu devia aproveitar que me sinto um pouco melhor hoje e recomeçar o treinamento junto com os outros, afinal meu pai deu a vida dele para que eu continuasse a minha. Eu devia essa melhora a ele. Quanto mais cedo eu voltasse, mais rápido eu poderia vingar a sua morte.

Depois de tomar café da manhã, eu paro na frente do espelho e penteio o cabelo. Passo um creme para disfarçar as olheiras e vestígios dos últimos dias. Depois de trocar de roupa, decido me juntar aos outros nos treinos.

Caminho até um lugar um pouco afastado da casa, onde os novatos treinavam. Como não havia mais arena, e nem as coisas que usávamos para treinar, os antigos membros da liga ajudavam os novatos com os treinos.

Aproximo-me de Mark e percebo que ele está praticando o soco de um modo falho.

– Você tem que socar reto. Assim! – Digo, mostrando a ele como se faz. – Viu?

Ele sorri, provavelmente por me ver fora da casa, e repete o movimento.

– Assim? – Ele pergunta.

– Hum... Você está curvando o braço. – Comento.

– Oi? Será que eu posso ajudar? – Diz Ally se aproximando.

– Claro. – Sorrio, vendo que ela parecia animada para ensiná-lo. – Eu estava explicando ao meu irmão como direcionar o soco.

– Ah, então você é o irmão da Elle. – Ela sorri de forma maliciosa. – Você precisa focar! – Ela se aproxima dele e segura o seu braço direito. – Para frente! Bem assim! – Ela toca as suas mãos de leve.

Sinto vontade de rir vendo-a flertar desse jeito.

– Agora olhe para o alvo em frente a você. Respire, e solte antes de dar o golpe. Gire seus quadris para dar mais força. – Ela diz tocando os quadris dele. Vejo Mark dar uma estremecida. – Agora vai! – Ela diz quase que ao pé do ouvido dele.

Ele acerta bem no pescoço do boneco. Bato palmas para ele.

– Nada mal! – Digo sorrindo.

– É, você até que foi bem, mas acho que precisa melhorar. – Ally diz com um tom de desdém.

– Seria uma honra que fosse minha professora.

– Não costumo dar aulas particulares. – Ela rebate com um olhar de desafio.

– Eu prometo ser um aluno aplicado. – Ele se aproxima dela.

Eles se encaram por alguns segundos. O clima de investidas estava explicito no ar.

– Ok. – Ela diz com um sorriso malicioso. – Elle, pode ir... Eu coloco esse aqui na linha.

– Tudo bem. – Digo levantando as sobrancelhas.

Quando saio de perto deles, vejo Tony treinando o tiro sozinho. Penso se eu deveria ir até lá. Ouvi das meninas que por causa de suas habilidades, Tony havia se tornado quase uma arma secreta da liga. Agora ele parecia estar tentando se aperfeiçoar para ser mais eficiente.

Como não havia mais alvos tecnológicos, estávamos treinando de forma simples com alvos pintados em tábuas. Dos utensílios de treino, apenas as armas da liga e os uniformes do exército foram trazidos para cá. Tony acertava algumas vezes e errava outras. Percebo alguns erros de postura e técnica.

O RegressoOnde histórias criam vida. Descubra agora