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ELLE
Depois de abraçá-lo eu o solto novamente.
– Tenho tantas perguntas! – Digo enquanto seco meu rosto. A luz do sol que passeava pelas frestas entre os galhos das árvores iluminavam o meu rosto e alguns fios de cabelo do meu pai. – Como nunca nos contou sobre Aser? Como a mamãe reagiu a isso? Ela sabe? A primeira dama sempre soube que o filho era seu e não de Matthew? – As perguntas pareciam estar saindo por conta própria.
– Certo. Certo. – Ele ri da velocidade em que eu falava.
Nós caminhamos pelo campo e só aí notei que eu estava descalça. Toda a surpresa e a adrenalina de vê-lo fizeram com que minha atenção se fixasse apenas nele. Mas agora eu podia sentir o pinicar da grama nos meus pés e o calor acolhedor do sol preenchendo o meu corpo. Podia ouvir o canto dos pássaros e o correr das águas quanto passávamos pela ponte de madeira, que agora parecia mais nova, como na primeira vez em que passamos um tempo juntos. Parecíamos ser parte de uma pintura a óleo sobre tela perfeitamente pensada e executada. Eu não ousava pensar em mais nada a não ser no presente, no que acontecia aqui e agora.
– Bem. Pra começar, eu não traí a sua mãe.
– Apesar de ter quase certeza disso é um alívio constatar. – Sorrio.
– Mas, sim eu tive um curto caso com a Karol. – Ele se apoia na ponte. – Acho que apesar de amá-la, Matthew não era um esposo atencioso. Ele sempre me mandava para levar presentes para ela e perguntar se estava tudo bem quando ele mesmo deveria ter feito tudo isso. Acho que minhas visitas constantes à mando de Matthew fizeram com que ela se apaixonasse...
– Mas e você? – Pergunto. – Gostava dela?
– Não era amor como eu achei fosse, na época, mas eu estava definitivamente apaixonado por ela. Foi então que numa noite em que Matthew trabalhou até tarde eu cheguei ao quarto da Karol para avisá-la e acabou... Acontecendo. – Ele dá um sorriso sem graça. – Aquela noite foi a única em que fizemos isso, mas foi suficiente para que Aser fosse concebido. Acho que Karol tinha intenções de engravidar, já que Matthew não podia dar filhos a ela.
– Então... Você sempre soube que Aser era seu filho? – Pergunto.
– Confesso que a possibilidade sempre passou pela minha cabeça. Ainda mais com as semelhanças surgindo ao longo do tempo. – Ele sorri. – E quando ele chegou à ilha... Bem eu esperava alguma resposta. Mas ele pareceu tão surpreso em me ver vivo quanto eu fiquei surpreso em vê-lo ali. No fim ele nunca comentou nada sobre o assunto, então respeitei o silencio dele imaginando que poderia se sentir desconfortável com a história toda.
– Ele construiu um esconderijo incrível em Dreva, e ainda um exército maior que o da liga...
– Isso não me surpreende. – Ele semicerra os olhos e sorri orgulhoso. – Ele é um homem inteligente e bondoso, com senso de responsabilidade, honra e ainda é um ótimo violonista... – Arregalo os olhos surpresa com o ultimo adjetivo. – Teria sido incrível fazer parte da vida dele.
– Acho que ele pensa o mesmo e relação a você. – Digo. – Falando em líderes eficientes, a Mia tem sido uma ótima líder. A liga passou por tantos contratempos nesses últimos dias e ela driblou todos eles da maneira mais sabia possível. Ela foi incrível em cada decisão.
Ele sorri, com o olhar igualmente brilhante.
– Eu tinha certeza que a liga estaria em boas mãos. Não há ninguém melhor do que ela para fazer isso. – Ele se vira para mim, de repente pensativo. Uma ruga surge em sua testa franzida. – Mas se está aqui suponho que algo tenha dado errado...
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O Regresso
Fiksi Ilmiah(Continuação do livro "Os Exilados") Após os conflitos dentro do Palácio, Ellena retorna à Ilha com a ajuda de Mia e outros membros do exército dos Exilados. Sem um disfarce e no centro dos holofotes do mundo inteiro, a Liga dos Exilados precisa dar...