9
Pela manhã, eu saio pela porta da casa da fazenda esperando sentir o ar puro diferente do da Ilha. Vejo o sol brilhar por trás das nuvens enquanto me sentia aquecida pelo seu calor. A brisa balançava os meus cabelos e uma sensação de paz invade o meu peito.
Solto um suspiro.
De repente uma explosão. Sinto meu corpo se chocar contra alguma coisa, uma árvore talvez, e tudo fica cinza pela fumaça. Ouço gritos que pareciam vir de longe, mas não consigo ver nada. Não consigo me mexer. Olho para as minhas mãos, enquanto eu tossia por causa da fumaça e percebo que estavam acorrentadas.
– Achou mesmo que poderia fugir para sempre? – Ouço uma voz conhecida, e irritante. Os olhos opacos de Matthew surgem dentre as cinzas. – Quanto mais você lutar, mais pessoas irão morrer. Qualquer esconderijo que encontre e qualquer um que te acobertar será apenas mais vidas que estará colocando em risco!
– Você é um homem morto! – Digo entredentes.
– Estou surpreso que meu próprio filho tenha sido tão burro para tentar se esconder de mim todo esse tempo. Mas agora, ele viu pessoalmente o seu Império ruir.
O desespero começa a queimar como fogo no meu peito.
– A liga. Onde eles... – Balbucio.
Matthew me lança um olhar psicopata e sorri.
– Estão queimando. – Ele sai da frente, e a fumaça se dissipa.
A casa da fazenda havia sumido e tudo que restou foi um imenso buraco em chamas, como o interior de um vulcão. Centenas de corpos espalhados e carbonizados. O formigueiro em ruinas.
Ah não.
– Ah não se preocupe, Ellena. Eu guardei o melhor para o final! – Ele sorri.
Em seguida aparecem dois agentes arrastando duas pessoas com as roupas sujas de terra e sangue. Eram Tony e Eric. Eles os colocam ajoelhados a minha frente, e Matthew toma a arma da mão do agente a sua direita. Ele para trás deles, exatamente no meio entre os dois e destrava a arma.
– Escolhe! – Ele me encarava.
Não. Não era real.
– Por quê?! – Pergunto chorando. As lágrimas embaçam a minha visão. Tento me soltar das correntes, mas quanto mais eu lutava mais elas pareciam apertadas.
Ele aponta a arma para a cabeça de Tony.
– Um... Dois...
– NÃO! Por favor, não! – Imploro. Mas ele não olhar para mim.
Ao invés disso, ele lentamente move o braço para a esquerda, deixando a arma apontada para Eric.
– Matthew, NÃO! – Uma explosão...
Tudo fica escuro.
Abro os olhos, sufocando um soluço. Sinto o meu rosto molhado de lágrimas e meu coração acelerado. A primeira coisa que eu vejo é o rosto sereno e adormecido de Eric ao meu lado. Aos poucos meus batimentos cardíacos diminuem.
Se eu tivesse deixado o programa de marcação cardíaca da Rita ligado, ele apitaria várias vezes durante a noite.
Pego a mão de Eric e a seguro firme. Beijo-a, sentindo o seu cheiro, permitindo que eu seja sugada para a realidade onde ele esta aqui perto de mim... Seguro. Permito-me ficar ali o observando por algum tempo. Vivo.
O que tinha acabado de acontecer?
Depois de um tempo olho no meu relógio, que estava marcando 05h47min AM. Decido me levantar e fazer alguma coisa enquanto o resto ainda dormia.
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O Regresso
Bilim Kurgu(Continuação do livro "Os Exilados") Após os conflitos dentro do Palácio, Ellena retorna à Ilha com a ajuda de Mia e outros membros do exército dos Exilados. Sem um disfarce e no centro dos holofotes do mundo inteiro, a Liga dos Exilados precisa dar...