27
ELLE
Já haviam se passado cerca de um dia e meio desde que me pegaram na sala do Matthew. Desde então eu não pude mais sair do quarto. As minhas aulas particulares com a Srta. Leger foram suspensas e a comida era levada para mim no quarto. Eu não conseguia parar de pensar naqueles documentos e que, se eles fossem reais, muitas das minhas perguntas estavam respondidas, mas muitas outras surgiam. Eu não sabia a idade exata de Aser, mas duvido que sua concepção tenha ocorrido durante o tempo em que meu pai era casado com a minha mãe. Ele não a trairia, e essa verdade se tornou ainda mais forte no meu coração depois que a minha mãe me contou sobre o seu passado. Isso deve ter ocorrido pouco tempo antes deles ficarem juntos. A página do diário onde meu pai falava sobre um erro... Estaria ele se referindo a esse?
Somado a esses questionamentos, eu ainda não sabia o que me aguardava quando Matthew retornasse, mas independente de qual seja a punição, a descoberta que eu havia feito tinha valido o risco. Eu não sabia se Matthew pretendia me contar isso algum dia então foi bom descobrir. Será que Aser sabe disso? E os meus pais? Queria que tivesse um jeito de avisar isso a Mia, ela provavelmente acharia uma utilidade nessa informação.
Ouço batidas na porta e um agente entra no quarto.
– O governador Sanz solicita a sua presença na sala dele. – Diz. Aceno um sim, e o acompanho.
Ele voltou. Agora eu saberia o que me aguardava.
Nós andamos pelos corredores e chegamos à escadaria. Subo os degraus, e ao chegar à porta da sala de Matthew, um dos dois agentes que me acompanhavam abre a porta para mim.
Ele estava sentado em sua cadeira, mas mesmo com as vestes de governador cobrindo todo o seu corpo, pude ver estranhas marcas de queimadura no lado direito do seu rosto. Aproximo-me de sua mesa, mas não ouso perguntar o motivo. Seu rosto aparentava irritabilidade, o que significava que algo pode ter dado errado em sua viagem. Em cima da mesa, os documentos que eu havia achado estavam à mostra como provas do meu crime. Os agentes param em suas posições eu fico cara a cara com o governador.
– Eu fico fora por dois dias, e você invade a minha sala... – Começa. Em seguida ele pega o documento do exame DNA e o encara. – Suponho que Thomas Volant não pareça tão herói agora não é? – O tom de voz dele era de provocação e irritabilidade ao mesmo tempo. – Se deitar com a primeira dama não parece algo honroso, não concorda? – Agora ele olhava para mim.
Desde que descobri que Aser era o meu meio irmão, eu pensava sobre como isso poderia explicar as ações de Matthew em relação a minha família. Mas confesso não ter pensado muito sobre o que isso mostrava sobre o caráter do meu pai.
– Confuso não é? Esse choque de ações? – Dizia ele me encarando. – Posso ver nos seus olhos o quanto você esta desesperada para defendê-lo. Mas não pode! – Matthew parecia se divertir com a situação. – EU! O assassino corrupto foi vitima de traição... E o traidor? O líder honroso de um exército de perdedores que sob sua liderança se reergueu e se auto intitulou a "liga dos exilados"... O SEU PAI! – Gritou e bateu na mesa ao dizer a última frase. Estremeço com o estrondo.
Ele se levanta da cadeira, e se aproxima de mim.
– Não é frustrante? Alguém que você considerava perfeito e imaculado de repente ser o causador do erro? De repente ser o que fere e não o que salva? – Ele me encara. – Se nunca pensou sobre isso eu sugiro que pense agora, porque A VERDADE é que antes que eu fosse o assassino que dizem que eu sou, o seu pai tirou tudo de mim! – Ele diz entredentes. – A minha esposa, e anos depois soube que eu não tinha mais um herdeiro! Descobri que eu não podia ter filhos, e que aquele que eu criei para que se assentasse no trono NÃO É MEU FILHO! – Ele se afasta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Regresso
Fantascienza(Continuação do livro "Os Exilados") Após os conflitos dentro do Palácio, Ellena retorna à Ilha com a ajuda de Mia e outros membros do exército dos Exilados. Sem um disfarce e no centro dos holofotes do mundo inteiro, a Liga dos Exilados precisa dar...