33 - Pique-Pega

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MIA

Aser e eu vamos à frente enquanto o resto nos seguia. Quando paramos antes da porta, eu sentia que aquela era o fim da linha. O fim da minha linha. Aconteceria do mesmo jeito que eu havia idealizado na conversa com o Thomas. Eu morreria durante a invasão e eles homenageariam o meu nome e se lembrariam de mim como alguém que lutou bravamente pela liberdade dos exilados. Eu estava tranquila com isso. Parecia perfeito para a situação. Eu estava como uma líder deve estar. Eu estava preparada para ser o escudo que estaria na primeira linha, protegendo os meus irmãos. Eu estava ali servindo a um bem maior, e para mim, não havia forma mais honrosa de partir.

– Ao meu sinal. – Digo no microfone. – Três, dois, um... – Suspiro. Faço um movimento com as mãos indicando para Aser que ele deveria abrir.

Ele dá um chute e depois outro e a porta cede. Nós entramos e eu tomo um susto de surpresa. Ironicamente Sanz permanecia sentado em sua cadeira com três agentes ao seu lado. Olho para Aser que também me olhou confuso.

– Ora se não é o bastardo e sua amiguinha vindo brincar de pique pega no palácio. – Ele diz sorrindo. – Senhoria Hayash, vejo que se recuperou do nosso ultimo encontro... – Diz ele com desdém.

– Acho que posso dizer o mesmo de você. – Retruco ainda na defensiva.

Aquela situação me parecia incomum.

– Bem, isso é uma das vantagens de um ser evoluído. – Ele levanta as mãos. – Receio que não saiba a sensação. – Provoca.

– Ah eu sei bem... Seres evoluídos não promovem assassinato em massa.

– Assassinato, impulsionar a evolução... Como tudo na vida, essa é uma questão de perspectiva. – Ele diz como se fosse um pensamento casual.

– O algemem! – Dou ordem.

Tony rapidamente se dirige a ele, prendendo seus pulsos atrás das costas e retorna ao seu lugar antes que os agentes percebam. Acho que eles não esperavam por isso. Os agentes apontam suas armas para nós e nossas já estavam apontadas para eles, mas temos muito mais soldados, eles não teriam a menor chance.

Com toda a certeza havia algo errado.

O frio na minha espinha era como um sexto sentido me avisando que algo estava prestes a acontecer e eu pretendia sair de lá rápido antes que esse algo acontecesse.

– Carlos, terminamos aqui. Tudo limpo para saímos? – Pergunto no microfone. Depois de alguns segundos ainda não obtenho resposta. – Carlos?

Ouço a risada do governador no fundo, e finalmente perco a paciência. Vou até ele, mas antes que eu pudesse chegar, mais agentes entram na sala as pressas como se tivessem surgido do nada. Uma barreira que parecia ser feita de ferro se fecha perto das escadas, nos isolando do resto do palácio, mantendo a luta na sala. Os rostos dos soldados que estavam conosco tomavam um ar de impotência.

– Você é boa em matemática? – Pergunta Sanz para mim.- Qual a probabilidade, você diria, de vocês saírem vitorioso daqui? – Desafia.

Olho ao redor e calculo que havia pelo menos três agentes para cada um de nós. Eu precisava pensar numa solução. Olho para Aser esperando uma dica, mas ele parecia fazer o mesmo olhando para mim, seus olhos por trás dos óculos de visão noturna desligados carregavam ansiedade.

Viro-me para o Sanz.

– Como disse... Viemos brincar de pique-pega. – Digo com um leve sorriso. – Tá com você!

O RegressoOnde histórias criam vida. Descubra agora