5 - Aliado Inesperado

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Um silêncio paira no ar, os olhares surpresos e desacreditados dos soldados revelavam exatamente o que todos estavam pensando naquele momento: Que era inacreditável que alguém próximo ao Matthew pudesse ter ajudado a liga. Ainda mais se esse alguém fosse o próprio filho do governador.

– Esse cara não esta morto? – Pergunta um dos soldados.

– Isso era só uma teoria que se espalhou. Alguns diziam que ele desertou que fugiu e até que tinha sido assassinado. – Mia responde ainda encarando o papel. – Mas o fato é que ele desapareceu misteriosamente há cerca de dez anos atrás. A data do desaparecimento bate com a data em que o chefe escreveu isso. Este código é o nome dele e coordenadas locais. – Ela ainda mantinha uma expressão perplexa.

– Isso é loucura! – Diz um dos soldados. – Vamos mesmo confiar nesse cara?

– Mas ele ajudou a liga.

– Sim. Há dez anos! – Rebate o soldado. – Quem garante dizer em qual lado ele está agora?

– Me parece que você está o julgando apenas pelo parentesco dele com o governador. – Diz uma dos soldados, uma mulher. – Não é só porque o pai dele é um psicopata que isso significa que ele também seja... Você deveria saber disso muito bem, Marcos.

Ele a encara após ela dizer essas palavras, olha para baixo e cruza os braços.

– Isso não se resume apenas ao meu julgamento, Hena! – Ele diz a mulher. – A liga está em risco e acho que não devemos confiar nesse cara. – Ele suspira.

Lembro-me do código no anel de presente de aniversário que o meu pai me deu. Ele não teria deixado as coordenadas de Aser comigo se achasse que eu corria algum risco por isso. Ele nunca dava um passo sem calcular as consequências.

– Na noite de homenagem aos mortos, eu notei uma coisa escrita no anel que o meu pai me deu no meu aniversário. – Retiro o anel do dedo. – As letras finais do código, que agora sabemos que são as coordenadas de algum lugar, estão gravadas aqui. – Mostro o anel para Mia, que o observa. – Quando ele me deu isto, disse que significava a minha aliança com a liga. E que se um dia eu precisasse de ajuda, eu a encontraria aqui. – Em seguida me viro para os soldados na sala. – Naquele dia eu achava que ele estava se referindo a própria liga, mas e se ele estivesse falando literalmente? Isso significaria que Aser é o nosso bote salva-vidas.

Os soldados se entreolham. Hena, que havia falado antes dá um passo a frente. Ela tinha os cabelos castanhos e a pele bronzeada. Não parecia ser tão jovem, mas considerando a expectativa de vida global de cento e sessenta anos, ela não era velha.

– Eu digo que deveríamos dar ao menos uma chance. Parece a melhor opção, já que não houve mais nenhuma até agora. O que acha chefe?

Mia parecia confusa, era uma decisão grande a se tomar, e a decisão teria que vir dela. Se Mia decidisse confiar em Aser a liga toda poderia estar em risco se ele não quisesse ajudar. Talvez o principal risco de ser um líder seja carregar a responsabilidade das consequências das decisões tomadas.

– O chefe nunca fez nada precipitado. Todos esses sinais mostram que ele confiava o suficiente em Aser para nos deixar essas pistas sobre ele. Posso não saber muito sobre o filho do governador, mas o fato de Thomas ter confiado nele diz muito sobre quem ele é. – Mia falava com a mesma diplomacia e firmeza que o meu pai. – Mas não farei isso sozinha, preciso da ajuda de todos. Vocês são dez, se ao menos seis concordarem em ir, partiremos amanhã de manhã.

Ouço alguns cochichos, e troca de olhares.

– Eu estou dentro! – Diz Hena levantando a mão direita.

O RegressoOnde histórias criam vida. Descubra agora