O farfalhar das árvores soavam como um aviso segundos antes de uma brisa gélida me alcançar, e mesmo com todo a ar puro eu ainda preciava interromper meus passos diversas vezes para estabilizar minha respiração. Recostando-me uma árvore, não me importando muito com sua umidade, pude erguer meus olhos em direção ao céu, não havia sinais de nuvens e mesmo assim o sol continuava fraco, sem realmente alcançar as plantas, isso não parecia evitar que diferentes flores brotassem da terra, seu processo de fotosintese deveria ser demasiadamente complicado por ali.
— Você está bem? — Alice retornou seus passos, me alcançando em segundos.
Seus grandes olhos dourados me analisaram com preocupação, eu já conseguia destinguir tal olhar nas pessoas, elas sempre acreditavam ser as primeiras a me dar aquele olhar, mas sempre parecia ser o mesmo. Isso não me chateava, não pelos motivos que imaginavam, eu apenas não queria ser motivo de preocupação dos outros, era por isso que minha resposta continuava a mesma.
— Claro. — Sorri, indo em sua direção. — Apenas apreciando a vista.
— Bem, Forks tem algo de atrativo. — Seu rosto voltara a se iluminar.
Na minha cidade não havia uma floresta grande como em Forks, apenas pequenos parques, a qual eu não frequentava tanto desde a morte de minha avó, ela quem sempre gostava de sentar em um banco em frente ao lago e alimentar os patos, ignorando as placas sobre não o fazer. Já eu sempre fui mais de ficar em casa, tentando criar melodias no piano ou lendo livros, porém essa rotina não parecia satisfazer Alice, e agora estavamos em uma trilha.
Era engraçado analisar como a garota a minha frente parecia adepta a viver na floresta, mesmo que seu estilo não condizia nada com isso. O sonho que eu tive nos primeiros dias que a conheci me viera em mente, a floresta não era como a de Forks, não poderia ser. Afinal, meu sonho não poderia projetar algo que eu nunca vi, apesar se terem captado a essência de Alice perfeitamente, tirando seus olhos que surgiram vermelhos.
— Mesmo assim, não considero Forks o melhor lugar para se passar as férias. — Comentou astutamente, como se já houvesse toda uma conversa na ponta da língua.
— Nada como o seu lar, não é? — A questionei retoricamente, já que era ela quem vivia aqui.
Lar, era uma palavra engraçada. Acredito que se é pensado em quatro paredes e um teto para se viver, mas o sentimento era onde vivia sua família, e quanto a mim, que havia perdido minha família.
Isso me tornava uma pessoa sem lar?
— Sim, claro. — Seus olhos piscaram rapidamente, como em um desenho. — Mas todos temos lugares que desejamos ir.
De fato, eu me imagivana em diversos lugares durante a minha vida, mas não é como se eu pudesse ir a todos eles. Eu guardava minhas economias, assim como minha mãe guardava parte do seu lucro para quando eu fosse a uma faculdade. Até eu decidir que eu não teria tempo para fazer isso, quando eu decidi parar com a maioria dos tratamentos.
— Eu já fui a Disney, acho que todo mundo quer ir para lá um dia. — Lembrei momentaneamente.
— Ora, eu consigo pensar, no mínimo, em dez lugares para se ir antes de um parque de diversões. — Ela parecia surpresa, ao mesmo tempo que impaciente.
Eu só pude rir, com sua família Alice claramente deveria ter ido a Disney em sua infância até se tornar algo monótono, isso imaginando que ela estivesse com os Cullen desde pequena, pela forma como eles agiam parecia haver anos de familiaridade. Enquanto Alice saltitava a minha frente começando a citar os melhores lugares para qual já viajou, passei a prestar atenção onde meus pés pisavam, não querendo pisar em uma possa, já estava frio o suficiente e me molhar apenas pioraria a situação.
— É isso!
— O que? — Questionei voltando minha atenção a ela, perdendo alguma parte da conversa.
— Uma lista de desejos, é isso o que você deve fazer. — Ela parou em minha frente, colocando as mãos na cintura.
Dando enfase a frase, Alice balançou a cabeça afirmativamente como se já estivesse tudo certo, então não esperava por uma resposta minha. Fazendo-me apenas acenar negativamente mesmo que ela já não olhasse mais para mim, isso começava a ser parecer com alguns filmes que eu assisti em algum momento da minha vida, o que era trágico considerando o final. Poderia não ser de todo ruim, isso deveria deixar Alice animada e era o mínimo que eu poderia fazer por ela.
Alice começara a cantarolar uma música, qual eu não fazia ideia de que língua era, pareceria a própria cena de Branca de Neve se houvessem pássaros por perto. Para falar a verdade, não havia visto se quer nenhum animal por perto, talvez por isso Alice era tão confiante em andar livremente pela trilha, provavelmente os animais estavam escondidos do clima, mesmo que esse não fosse o dia mais frio desde que eu cheguei na cidade.
— Eu não ando desejando muitas coisas, Alice. — Comentei após sua canção terminar. — O pouco que tenho já me basta, tudo o que você faz por mim já é muito.
Talvez não houvesse motivo para tal declaração no momento, mas eu não fazia ideia de como começar pensar em uma lista de desejo, isso me fazia pensar que o fim estava mais próximo ainda e talvez Alice pensasse da mesma forma, por isso esforçava-se tanto. Mas eu não queria coisas luxuosas ou viagens longas, eu sequer deveria ter tempo para isso e bens materiais não seriam as coisas das quais eu levaria comigo.
— Então, porque não me diz do que precisa? — Ela questionou como se realmente procurasse a resposta.
— Que tal, apenas momentos como esse? — Sorri melacolicamente. — Enquanto durar.
— Para sempre. — Ela frisou e então ergueu o dedo mindinho, fazedo-me rir.
Alice Cullen, não era apenas uma parente distante, era minha amiga e como uma irmã. E eu precisei passar por tudo o que passei para encontra-la, era como minha recompensa por tudo perdido e isso com certeza já me bastava. Ergui minha mão coberta por uma luva, e entrelacei meu mindinho ao dela, prometendo algo que sequer imaginava poder cumprir.
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Redline | Twilight
Hayran KurguAlice Cullen sempre achou que seu passado nunca seria desvendado e apesar de ter conseguido a família que tanto procurou, ela sentia como se algo faltasse, mas talvez ainda houvesse esperança. Após descobrir que ainda tem uma parente viva, ela deci...