25 | life is truth

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Todo meu corpo formigava contra o chão que já não parecia incômodo ou de uma temperatura diferente da minha, era quase como se ele estivesse se moldando a mim, sentindo meu desespero para não estar ali e ao mesmo tempo não tendo vontade de partir

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Todo meu corpo formigava contra o chão que já não parecia incômodo ou de uma temperatura diferente da minha, era quase como se ele estivesse se moldando a mim, sentindo meu desespero para não estar ali e ao mesmo tempo não tendo vontade de partir.

O silêncio havia retornado em algum momento, com minha garganta dolorida o suficiente para não conseguir emitir qualquer som. Havia encarado todos os móveis da sala como se fosse uma resposta fosse surgir magicamente de algum deles, da parede branca até a paisagem clara do outro lado da janela.

Já estava amanhecendo, a percepção caiu em mim rapidamente. Quanto tempo eu havia ficado parada ali? Os minutos haviam se tornado horas e de nada o tempo resolveu. Tempo que eu havia apenas desperdiçado e logo teria de encarar meus medos novamente, a sensação de perigo brilhou em minha mente, lembrando meu corpo de voltar a funcionar.

Levantei tão rapidamente que minha visão escureceu e meu corpo cedeu por segundos fazendo-me tropeçar até os primeiros degraus da escada. Agarrei fortemente ao corrimão e comecei a subir o mais rápido que conseguia até o quarto onde todo meu pesadelo começou.

Parei na soleira da porta esperando ver um cenário diferente, mas apenas encontrei o mesmo quarto de meses. Então fui até o banheiro e não encontrei nada, talvez eu estivesse por fim enlouquecendo.

Talvez o câncer estivesse finalmente afetando o tecido do meu cérebro e indo mais a fundo, isso explicaria os pesadelos e visões que tenho há anos. Seriam apenas alucinações, como tudo o que eu estava vivendo nas últimas horas.

Seria tão mais simples para mim, significaria que eu poderia viver meus últimos dias em paz, de pensar que havia encontrado um outro lugar seguro antes de partir.

Sem perceber eu estava no closet, puxando a pequena mala que havia trazido de casa, com poucas roupas que eu nem me recordava, estas que eu procurava agora e as jogava dentro da bolsa. Fugir parecia o certo a se fazer no momento, mesmo sem saber para onde.

Minha mente apenas trabalhava em fugir para longe do perigo, para longe da morte. Seria cômico, se não trágico o quanto eu fingi por tanto tempo que estava lidando bem com minha própria partida, que ficaria em paz reencontrando minha família onde quer que estivessem.

A morte me cercava a tanto tempo que eu nem percebi quando ela havia tomado formas físicas ao meu redor. No fim das contas, alguma entidade parecia ter ouvido minhas preces quando eu estava prestes a mudar de ideia.

Puxei o zíper com certa brutalidade tentando fazê-lo correr após ter se engajado em alguma roupa, ele escapou de meus dedos beliscando a palma de minha outra mão que ainda segurava a mala, deixando a pele avermelhada instantaneamente onde um pequeno arranhão ganhava forma.

Não parei para analisar, a adrenalina trabalhando em minhas veias e me impedindo de sentir qualquer dor. Em segundos já estava de pé, puxando a bolsa junto ao meu corpo e indo em direção a porta do quarto.

Redline | TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora