03 | life is a proposed

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Esfreguei a mão em frente aos meu olhos pela quarta vez, apesar de já ter passado das oito da manhã, eu ainda estava com sono

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Esfreguei a mão em frente aos meu olhos pela quarta vez, apesar de já ter passado das oito da manhã, eu ainda estava com sono. Fazia algum tempo desde que eu não acordava cedo as segundas.

Não sabia exatamente a quantos minutos o silencio predominava no cômodo da sala, enquanto eu apenas contentava-me em observar Kelly fazendo anotações em sua prancheta.

Ela já havia medido minha temperatura e pressão, entre outros exames rotineiros a quais eu preferia que fossem feitos em minha casa, apenas indo para o hospital quando realmente necessário, e ela parecia não se importar em vim para cá quando não desviava seu caminho.

Seu uniforme verde-água chamava minha atenção, sendo que ela em maioria vinha com um uniforme azul, curiosamente estás sendo minhas cores favoritas. Suas feições não eram muito amigáveis, mas sua personalidade a contradizia, já que eu sempre vi a enfermeira sendo cuidadosa e amigável com todos.

— Aqui está. — Uma voz cantarolou a pouco metros de mim, me fazendo olhar sobre meu ombro.

Alice surgira em frente ao balcão enquanto se aproximava a passos leves, com uma caneca em mãos, pouco ciente de como ela se assemelhava a Branca de Neve naquele exato momento. Ao sentar-se ao meu lado, logo me entregando o achocolatado que eu se quer havia pedido, acabei por encarar seus olhos, desta vez extremamente dourados.

Momentaneamente lembrei de meu sonho estranho a noite passada, que fora ligeiramente interrompido com as mãos de Kelly me balançando, uma vez que Alice abrira a porta para ela quando eu ainda estava dormindo.

A Cullen acabara por passar a noite aqui, quando eu simplesmente dormi no sofá entre um dos filmes que estávamos assistindo a noite passada. Ela optara por me deixar dormir, vasculhando os quartos atrás de uma coberta, o que fora muita gentileza da sua parte.

— Obrigada. — Sorri em agradecimento enquanto levava a caneca até meus lábios, voltando minha atenção para enfermeira que terminava de guardar sua caneta.

— Aparentemente, está tudo normal. — Ela exclamou enquanto soltava uma risada, se havia alguém de bom humor uma hora dessas, essa pessoa era Kelly.

— Normal para uma pessoa na minha situação. — Zombei de mim mesma, não querendo afetar seu humor.

— Não seja reclamona, eu deveria estar te arrastando para um hospital... — Ela começou, antes de ser interrompida por Alice.

— Você não disse que estava tudo bem? — Um pequeno vinco se formou entre sua sobrancelhas, e mesmo assim ela não podia aparentar mais perfeição.

— Aparentemente sim, mas ela precisa fazer outros exames rotineiros, saber se há diminuição de eritrócitos, mas como ela não apresentou nenhum sintoma que denunciaria isso, então acreditamos na melhor teoria.

Crispei meus lábios, evitando que quaisquer palavras fugissem dali. Kelly era uma boa pessoa, inclusive para mim, já que sempre fora muito paciente comigo, principalmente após a morte de minha mãe, quando ela praticamente me criou.

Ainda assim, eu sempre tinha a vontade de responde-la sobre não haver necessidade de eu ir fazer mais exames. Eu não queria fantasiar um mundo perfeito a qual eu fingia não estar doente, pelo contrário, estava sendo realista, não havia necessidade de exames quando nenhum deles poderia me curar.

Alice apenas assentia silenciosamente enquanto ouvia a explicação da mais velha, parecendo entender tudo sem dificuldade nenhuma. Fazendo com que minha curiosidade se atiçasse novamente.

Não demorou muito mais para que ela se despedisse, dizendo que logo seu turno começaria, sendo acompanhada até a porta por Alice que aparentava não ter qualquer receio ao encher-lhe de perguntas sobre os sintomas.

Voltei minha atenção para a caneca em minhas mãos, terminando de beber o conteúdo que residia ali ainda quente. Quando terminei, depositei a porcelana sobre a mesinha de centro, assim podendo dobrar a coberta que ainda estava comigo.

— Acho que ela gostou de mim. — A baixinha se pronunciou logo após se aproximar.

— Eu tenho certeza que sim. — Afirmei balançando a cabeça. Kelly gostava de todos e Alice Cullen com toda sua extrovertividade não seria uma exceção.

Horas depois uma melodia pouco agitava soava pelos cômodos, vinda do rádio em cima do balcão, enquanto eu preparava um almoço decente. Geralmente eu comeria alguma coisa que minha mãe intitulava ser uma besteira não saudável.

Porém com uma visita em casa eu me sentia na obrigação de preparar algo, mesmo que Alice sempre se recusasse a comer, talvez ela duvidasse de minha experiencia culinária.

— Eu estive pensando em uma coisa. — Se pronunciou por cima da música, mesmo que esta não estivesse alta.

Girei sobre os calcanhares após abaixar o fogo de uma das panelas, temendo que o molho acabasse por queimar com minha distração. Peguei o pano que estava sobre meu ombro, limpando minhas mãos e arqueando as sobrancelhas esperando que ela continuasse.

— Sei que nos conhecemos a poucos dias e que ainda temos muito para conversarmos, mas eu acabei me familiarizando muito com você. — Começou lentamente enquanto entrelaçava seus dedos por cima do balcão. — E nos tornamos amigas, não é?

— Claro que sim, Alice. — Sorri em sua direção tentando lhe dar confiança para que continuasse.

— Eu não vou poder ficar aqui por muito tempo, não posso faltar muito na escola. — Ela revirou os olhos com a última parte, como se sua aprendizagem fosse algo que pudesse esperar. — Realmente não gostaria que você ficasse sozinha, não agora que não é mais necessário, você tem a mim e agora pode voltar a ter uma família... Você pode vir morar comigo.

— Nossa, isso é... Nossa. — Murmurei, piscando algumas vezes, sem saber o que falar.

Ela havia me pego de surpresa, já que eu realmente não esperava por algo assim. Alice surgira em minha vida milagrosamente, em um momento que eu sem perceber, precisava. Talvez fosse o destino querendo ganhar alguns pontos comigo.

Fiz uma pequena careta, pensando em como lhe responder. Não queria passar a impressão errada, como se eu estivesse rejeitando sua proposta, afinal eu não estava. Era apenas uma grande surpresa. A proposta e minha suposta prima.

— Eu entendo se você quiser rejeitar ou pensar um pouco. — Ela tombou a cabeça me olhando meticulosamente, como se tentasse me ler.

Apesar de que antigamente eu criava milhares planos futuros, sobre ir para uma faculdade, achar uma profissão a qual eu me encaixasse e viajar para vários lugares, eu nunca havia me imaginando saindo definitivamente da minha cidade.

Sempre me imaginei vivendo nessa casa com minha avó, mãe e possivelmente em algum futuro distante marido e filhos, pois eu sabia que ninguém poderia ser eternizado, apenas em nossas memórias, e essa casa um dia seria passada de mãe ou pai para filhos, como já ocorrera mais de uma vez.

Mas agora isso seria apenas um desejo vago, não demoraria para que a casa ficasse sozinha e abandonada, não havia mais alguém com o sobrenome Brandon que continuaria a morar ali, nem mesmo Alice que já tinha sua vida feita em outra lugar.

Com um tempo a casa se tornaria solitária, igualmente a mim.

— Eu... Eu aceito. — Tornei a falar minutos depois.

Redline | TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora