08 | life is dear

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Morte

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Morte. Pensei nessa palavra muitas vezes, mais vezes do que uma pessoa da minha idade talvez precisasse pensar. É algo difícil de dizer em voz alta, pois sabemos como ela tem um poder forte sobre nossa vida ou das pessoas a nossa volta.

No fim das contas estamos sempre fadados a essa palavra, seja pela irreversível lei da natureza ou por motivos desconhecidos para nós, ficando apenas na consciência daquele que foi culpado.

Podemos morrer como podemos matar, seja por quaisquer motivos, mesmo sabendo que o ato é repudiado, assim como o fim da vida. Se matamos somos julgados, se morremos caímos no esquecimento após o sofrimento de entes queridos.

Eu nunca havia me imaginado tirando a vida de alguém, sabendo que não conseguiria fazer isso sequer com um inseto. Desde que eu descobrira sobre minha não tão nova condição, toda vida pareceu ser significante para mim, já que a minha própria parecia não ser mais, conforme se esvaia. O estranho sonho me fizera vivenciar tais cenas, obrigando ao meu corpo atacar a si próprio.

— Era como se houvesse algo me bloqueando. — Um sussurro rouco se fez presente, puxando-me aos poucos da inconsciência. — Carlisle, não era um sonho comum...

— Ela está acordando. — Uma segunda voz, desta vez feminina, se pronunciou silenciando a primeira.

Respirei ruidosamente, sentindo meu peito dolorido e percebendo com alivio que o ar agora chegava em meus pulmões facilmente. Os feixes de luz direcionados ao meu rosto me cegaram momentaneamente obrigando-me a piscar diversas vezes.

Um calafrio passou por meu corpo, arrepiando os pequenos pelos em meu braço de forma quase imperceptível, fazendo-me lembrar que eu não vestia nada mais que uma camisola que não me protegia do clima como a grossa coberta de outrora.

— Como você está, querida? — Esme carregava um olhar preocupado e um sorriso confortador.

— Eu... Por quanto tempo estive inconsciente? — Perguntei passando as mãos por meu rosto, em uma tentativa de tirar os requisitos de torpor que sobraram.

— Não muito mais que duas horas. — Desta vez Carlisle se pronunciara como se o ocorrido tivesse passado a poucos segundos.

Tombei a cabeça para o lado, notando por cima de seu ombro a presença dos outros Cullen que me encaravam com expectativa em seus olhos dourados. Automaticamente cruzei os braços, abraçando a mim mesma em uma tentativa de me cobrir, conforme sentia meu rosto esquentando e acarretando em expressões desagradáveis.

Jasper saiu da sala segundos depois de sussurrar algo para Alice, sendo acompanhado por Emmett, que antes me mostrou um grande sorriso, exibindo suas covinhas e caninos extremamente afiados.

— Acredito que você teve um pesadelo, o que acarretou em um ataque de pânico noturno. — Carlisle tornou a falar, me explicando sobre o meu turbulento despertar. — Isso já ocorreu alguma vez?

Neguei com um aceno, encolhendo os ombros e mantendo meus lábios cerrados, meus olhos descaíram em minhas mãos sobre meu colo. Eu sentia elas tremerem freneticamente, mesmo que fosse quase imperceptível enxergar quaisquer movimentos.

Não conseguir controlar minha respiração a ponto de me sufocar, mesmo tendo oxigênio o suficiente a minha volta, não seria algo que eu poderia esquecer, fora uma experiencia horrível. Assim como provavelmente não me esqueceria do sonho que acarretou tudo isso.

— Acho melhor deixarmos com que ela descanse um pouco. — Finalmente Alice se pronunciou, nunca havia visto ela quieta por tanto tempo.

Em silencio todos concordaram e se dissiparam rapidamente para fora do quarto, exceto por Alice que continuava a me observar com expressões tristonhas, seu olhar lembrava-me o de minha avó quando estava decepcionada com algo.

Esfreguei minhas mãos nos meus braços em uma tentativa de aquece-los e desviar minha atenção dela, que continuou em silencio por longos minutos. Certa angustia começava a se instalar em mim, assim como a curiosidade sobre a repentina decepção nos olhos dourados.

— Você está bem? — Quebrei o silencio gritante que me incomodava apenas com um sussurro.

— Eu que deveria perguntar isso. — Ela respondeu tão rapidamente que pareceu um robô programado. — Eu apenas não esperava por isso.

Talvez depois de presenciar minha primeira crise, a ficha finalmente tenha caído para ela. Alice era uma boa pessoa, mas acabava por fantasiar o seu mundo, talvez esse seja o motivo de parecer uma pequena fada. Ela sabia sobre eu estar doente e claramente se importou a ponto de me trazer junto dela, mas talvez apenas agora a realidade a atingiu.

— Não temos como prever isso, Alice. — Comentei tentando expressar tranquilidade.

Minha resposta apenas pareceu emburra-la ainda mais, o que eu não entendia. Ela cruzou os braços conforme um pequeno bico surgia em seus lábios e se sentou ao meu lado, seu olhar preso na parede. Abri e fechei a boca diversas vezes, procurando por qualquer coisa que pudesse amenizar o clima.

— Estávamos cientes do que poderia acontecer, talvez não tenha sido uma boa ideia ter me trazido junto com você. — Mal terminei de falar e suas mãos já estavam em meus ombros, sua cabeça virando em minha direção como um raio.

— Não fale asneiras! — Exclamou de olhos arregalados e logo em seguida colocando um sorriso em seu rosto. Eu não conseguia acompanhar sua mudança de humor. — Sim, eu estou completamente ciente de que você precisa de cuidados e que eu preciso de você na minha vida, por isso eu te trouxe e não me arrependo.

Meus lábios se ergueram em um sorriso pela maneira ultrapassa de Alice falar, assim como os gestos de Jasper. Mas eu também sorri pelo o que ela disse em seguida sobre sua necessidade de precisar de mim assim como eu de remédios, no meu caso inevitável e mesmo assim comparados.

Alice Cullen poderia ser apenas uma garota acostumada a ter o que quisesse e quando se cansasse deixaria as coisas de lado, mas no momento eu não me importava com essa teoria, pois ela ter chances de se cansar de mim em algum momento significava que, ao menos agora, ela me queria por perto.

Envolvi meus braços sobre seus ombros, ignorando sua temperatura fria e a puxando para um abraço que foi prontamente correspondido, assim como a necessidade de ser estimada por alguém. Algo que eu não sentia a muito tempo.

Redline | TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora